Investigação

MP recolhe 17 mil amostras de exames

Laboratório entregou material retirado em postos de saúde nos anos de 2017 e 2018

Gabriel Huth -

O Ministério Público (MP) recolheu na manhã desta sexta-feira (20) lâminas e laudos com resultados de análises citopatológicas que estavam armazenadas no laboratório Serviço Especializado em Ginecologia (SEG), em Pelotas. Dezenove caixas com 17 mil amostras de pré-câncer de todo o período entre janeiro de 2017 e julho de 2018 ficarão sob a custódia do Instituto Geral de Perícias (IGP) em Porto Alegre.

A operação para a retirada do material da sede da empresa foi feita a pedido do próprio SEG e iniciou às 8h44min com o acompanhamento dos promotores José Olavo Passos e Rosely de Azevedo Lopes, da delegada Lisiane Mattarredona, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), e com apoio da Brigada Militar (BM).

O trabalho de conferência das caixas, vistoria das instalações e de questionamentos à proprietária e funcionários do laboratório levou 2h21min. Às 11h05min as amostras foram retiradas e colocadas em um veículo do IGP para envio à capital, onde parte delas deverá ser encaminhada a um laboratório especializado em reavaliação de exames. O local que fará este procedimento ainda não foi definido pela prefeitura, que aguarda o recebimento de orçamentos.

Logo após o recolhimento, a delegada e representantes do MP saíram sem falar com a imprensa. De acordo com a promotora Rosely, uma entrevista coletiva será marcada para a próxima semana para falar sobre as investigações.

“Todas as análises são detalhadas"
Encerrado o trabalho do MP, a proprietária do laboratório, Claudete Corrêa, falou sobre as acusações de que a empresa estaria emitindo laudos incorretos e de que nem todos os exames passariam por testes, sendo feitas análises por amostragem. 

Ao lado da advogada Christiane Fonseca, a citopatologista assegurou que nenhuma lâmina recebida das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) de Pelotas ou municípios vizinhos deixa de passar por suas mãos. “Recebo em média 100 exames por dia e vejo um por um. As análises são detalhadas, de toda a lâmina”, afirmou Claudete. Conforme ela e a advogada, o laboratório faz até 1,5 mil avaliações de pré-câncer por mês para as prefeituras de Pelotas e cidades vizinhas.

Questionada sobre os motivos que levaram a UBS Bom Jesus a alertar sobre queda drástica no número de exames ginecológicos apresentando anormalidade - sendo que desde 2014 nenhum teve indicativo de suspeita de câncer -, a advogada disse desconhecer um motivo específico, mas reafirmou que não há ligação com os procedimentos técnicos adotados pelo SEG ou que haja testes por amostragem.

“Houve uma troca de sistema de informação por parte do Ministério da Saúde. Até 2014 os dados eram cadastrados no Siscolo, mas a partir desse ano se transformou no Siscam”, diz Christiane. Segundo ela e a citopatologista, a discrepância nos dados poderia estar ocorrendo pelas diferenças nos sistemas ou por eventuais falhas no acesso e cadastramento.

“O que posso garantir é que os laudos são emitidos corretamente. Mesmo quando não há indicativo de possível câncer, mas existência de alguma outra bactéria, o documento que vai para os médicos da UBS indica isso e recomenda o tratamento desse mal e nova coleta em 30 dias. Se isso não ocorre, não é responsabilidade do laboratório”, indica a advogada.

 

-134079

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Mercado Central adota medidas  para reduzir ruídos Anterior

Mercado Central adota medidas para reduzir ruídos

A bênção de São Cristóvão Próximo

A bênção de São Cristóvão

Deixe seu comentário