Saúde
Numero de médicos aumentou 665% em cinco décadas
Crescimento é bem superior ao aumento da população e as mulheres têm ganhado mais espaço no mercado
Paulo Rossi -
A Universidade de São Paulo (USP), divulgou nesta semana uma pesquisa na qual aponta o crescimento de 665% do número de médicos no país nas últimas cinco décadas. No mesmo período, a população brasileira cresceu apenas 119%.
No entanto, os números também revelam a presença massiva de profissionais em grandes centros, em detrimento de cidades do interior. No Rio Grande do Sul, a taxa é de 1,58 médicos para cada mil habitantes no interior, enquanto na capital o índice sobe para 5,2 para cada mil.
O diretor da faculdade de medicina da Universidade Federal de Pelotas, Marcelo Capilheira, comenta que, embora a diferença em números seja grande, alguns programas já auxiliam a manter o médico no interior e também em áreas rurais, citando o Mais Médicos.
Apesar disso, ele menciona a baixa atratividade cidades menores devido à falta de um plano de carreira. "As cidades precisam valorizar o profissional", comentou.
A visão de Capilheira assemelha-se à de Rosana van der Laan, diretora geral do Pronto Socorro Municipal de Pelotas. Ela destaca que o hospital atende quase um milhão de pessoas, por ser regional, assemelhando-se com os de grandes capitais. Ainda assim, vê o interior prejudicado por uma falta de um plano salarial do SUS para deixar tanto médicos de centros maiores como do interior em um mesmo patamar, facilitando a estadia em cidades menores.
Outro ponto levantado por Rosana é a falta de recursos tecnológicos e estruturais em cidades menores. Assim, ela vê os médicos preferindo centros maiores pela qualidade encontrada para exercer a profissão, mesmo com uma maior concorrência por estas vagas. "A falta de estrutura gera riscos", conclui.
Entrando para o mercado
O aluno de residência da UFPel, Maurício Castro Pilger, é natural Estância Velha, região metropolitana de Porto Alegre, e excluiu inicialmente as grandes capitais das suas opções para realizar o curso. A preferência por cidades de médio porte se deu para buscar a área de cirurgia geral. Na visão dele, mesmo com menor gama de áreas para escolher, ele pode ter maior direcionamento. "Tu te torna mais completo", explica.
Porém, Pilger também busca uma subespecialização em centros maiores, tendo São Paulo como foco. A ideia é ir para a área da cirurgia oncológica. Para o mercado de trabalho, embora tenha suas preferências, ele vê sua área como bastante específica para trabalhar em hospitais. Por este motivo, pretende avaliar bastante antes de definir pelo interior ou capitais.
Outros levantamentos
A pesquisa apontou também uma crescente no número de mulheres no mercado, além de médicos cada vez mais jovens.
Embora ainda sejam minoria entre os profissionais, entre os recém-formados já figuram como a maior parcela. Na divisão por idade, as médicas com até 29 anos representam 57,4% da parcela nacional. Dos 30 aos 34 anos, são 53,7%. Acima dos 70 anos de idade, por exemplo, elas representam 20,5% dos médicos.
O diretor Marcelo Capilheira vê esta crescente relacionada à luta pela igualdade de gênero. "Demonstra uma vitória", aponta. Maurício Pilger diz ser nítido, na sala de aula, a presença massiva de mulheres. "É 60, 70% das turmas", garante.
Dados no Rio Grande do Sul:
28,931 médicos
Média de 2,56 médicos para cada mil habitantes
Interior - 15,538 médicos (53,7%) ou 1,58 para cada mil habitantes
8.424 generalistas (29,1% deles)
20.507 especialistas (70,9%)
Carregando matéria
Conteúdo exclusivo!
Somente assinantes podem visualizar este conteúdo
clique aqui para verificar os planos disponíveis
Já sou assinante
Deixe seu comentário