Educação

O que sobrou da greve da rede estadual

Paralisação de 94 dias em 2017 ainda afeta os estudantes e os calendários da rede

Jô Folha -

Os resquícios das mobilizações dos professores em 2017 ainda marcam presença dentro dos educandários da rede. No primeiro dia do mês, alunos da Escola Estadual de Ensino Médio Coronel Pedro Osório realizaram passeata até a 5ª Coordenadora Regional de Educação (5ª CRE) preocupados com a falta de professores, problema que culmina nos aprendizados que são levados ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ao Programa de Avaliação da Vida Escola (Pave/UFPel). A resposta da coordenadoria ainda é a mesma: sem o retorno de todas as escolas que estão em férias - devido aos calendários desencontrados - a demanda de educadores persiste desprovida nas salas de aula.

Conforme a vice-diretora do Pedro Osório, Raquel de Moraes, na semana seguinte à mobilização dos mais de 70 alunos, junto aos responsáveis e professores, alguns profissionais foram encaminhados à escola. Contudo, o problema continua, principalmente devido à dificuldade de preencher as horas que não completam a carga horária semanal comum. "Precisamos de professores que não vão cumprir as 20 horas de carga horária, são alguns períodos em turmas diferentes", explica Raquel. A escola comporta 1,1 mil estudantes, entre o ensino fundamental e médio. No total, faltam seis educadores. Nas turmas do médio, a saída escolhida para driblar a carência dos profissionais é a liberação das turmas antes do horário determinado para o final do dia de estudos. Já no fundamental, a equipe diretiva e pedagógica ministram atividades para que os alunos se mantenham dentro da sala de aula. Além disso, a escola conta com uma merendeira para servir as refeições, trabalho que deveria ser dividido entre outros três funcionários.

Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dom Joaquim Ferreira De Mello a situação se assemelha às demais da rede. Lá, a falta é de um professor da área das Ciências Humanas que deveria cumprir 40 horas semanas, dando as aulas de história e geografia. Entre os 190 alunos matriculados, apenas cerca de 20 não foram afetados com a falta. Por ter uma carga horária elevada, as sete turmas que têm no currículo as disciplinas precisam ser remanejadas entre os demais profissionais do corpo docente, que se dividem entre as salas da aula. "É uma solução paliativa", lamenta a vice-diretora Lisandra Wacholz. Assim como ela descreve, em dias que os alunos são liberados mais cedo, assim como no Pedro Osório, a solução escolhida "está muito longe do ideal". Ainda segundo a vice-diretora, a situação é melhor do que nas últimas semanas. Um das disciplinas que estava com falta de educador foi suprida pela coordenadoria regional.

Demanda

O coordenador da 5ª CRE, Carlos Humberto Vieira, afirma que a situação em alguns colégios mudou, mas ainda não foi possível uma alocação total dos professores. Devido a greve de 2017 - motivo dos calendários da rede não terem se mantido unificados -, as escolas estaduais entraram em férias em períodos diferentes. Assim, os professores que ainda não retornaram às salas de aula não podem ser encaminhados aos educandários. A última escola retornará do recesso das atividades nesta sexta-feira (22). "À medida que conseguirmos mandar os professores, a demanda vai se suprindo", pontua Vieira. Uma das justificativas que impede a movimentação dos trabalhadores é o dinamismo característico da área da educação. O movimento constante de professores que entra em licença saúde ou maternidade é um dos fatores.


Em relação às vagas dos funcionários de outros setores, como monitores e merendeiras, o coordenador explica que a prioridade da 5ªCRE está em compor os corpos docentes. Ou seja, o remanejo dessas categorias serão realizados após a resolução do impasse.

Relembre
A greve dos professores da rede estadual começou em setembro de 2017 e se estendeu por 94 dias. As reinvindicações eram por conta do parcelamento dos salários no governo Sartori e a manutenção de triênios e licenças-prêmio. O pontapé inicial da paralisação foi o depósito referente à menor parcela já recebida pelos trabalhadores, R$ 350,00 haviam entrado nas contas bancárias. Revoltados, os educadores iniciaram a maior greve na rede estadual de ensino em 30 anos. Também estava na pauta a reinvindicação do cumprimento da Constituição Estadual por parte do governo estadual. As normativas estabeleciam o pagamento dos salários até o último dia útil do mês trabalhado - regra descumprida pelo governo.

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