Estiagem
Os rastros da estiagem
Próxima semana deve ser de chuvas na região; em Pelotas, prejuízos nas lavouras ultrapassam os R$ 93 milhões
Divulgação -
Um documento formulado pelo escritório municipal da Emater, junto com a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), aponta para um prejuízo de R$ 93,5 milhões nas lavouras de Pelotas, em função da seca. A falta de chuva, que preocupa dezenas de municípios de toda a região, pode ser aliviada com uma semana de chuva, conforme previsão do Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas (CPPMet) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Ainda não há racionamento nos municípios ouvidos pela reportagem. Em Canguçu, mais de 700 famílias são abastecidas por caminhão pipa. Na Zona Sul, são oito os municípios com a situação de emergência já homologada pelo Estado e outros nove aguardando a confirmação.
Nos municípios, o pedido é por celeridade nos processos burocráticos de reconhecimento e homologação no Estado e na União das situações de emergência já decretadas. Amaral Ferrador lidou com a demora de 66 dias para ter a situação homologada na tarde desta sexta-feira. Apenas Herval foi reconhecida em menos de 30 dias. No Capão do Leão, as aulas foram suspensas por falta de água.
Além de famílias sem água abastecidas por caminhões pipa, as perdas nas lavouras chegam a 50% no caso de plantações de milho grão e 40% na soja e nas olerícolas, respectivamente. Em termos de valores, a perda na soja representa R$ 34,7 milhões, seguida do tabaco com R$ 28,8 milhões e o milho grão, com R$ 22 milhões. Os dados são da Emater.
Neste sábado, quando as temperaturas devem alcançar os 37ºC, já há possibilidade de chuva no final do dia. "No domingo, o tempo deve ficar nublado, com pancadas de chuva, que se intensificam durante a noite", indica Vladair Oliveira, meteorologista. Pela previsão realizada pelo CPPMet, a semana deve ser de chuva até a quinta-feira (19), o que pode equilibrar um pouco a situação de estiagem na região. Com a chuva, as temperaturas devem baixar e, se no domingo a máxima será de 30ºC, na segunda-feira despenca para 22ºC.
Chuvas e produção abaixo da média
Fazendo uma análise histórica, as chuvas estão muito abaixo da média de anos anteriores. A média histórica entre dezembro e março é de 473 milímetros. Neste verão, foram apenas 109 milímetros, conforme dados da Embrapa Clima Temperado.
"Se continuar sem chuva, os prejuízos com certeza vão aumentar ainda mais", atenta o chefe do escritório municipal da Emater, Francisco Arruda. Em Pelotas, dados apresentados pela SDR dão conta que 326 famílias da Zona Rural estão sendo abastecidas com caminhões pipas do Sanep.
"O nosso foco, neste momento, é o consumo humano. Mas a situação é preocupante, porque mais de 300 propriedades estão sem água para consumo também dos animais", relata Jair Seidel, da SDR. Conforme técnicos da Emater, uma vaca que produz 20 litros de leite por dia consome cem litros de água diariamente. Como auxílio, estão sendo construídos, neste momento, quatro açudes em quatro propriedades.
Na última medição realizada na Barragem Santa Bárbara, em Pelotas, o nível indicava 2,56 metros abaixo do vertedouro.
Na região sul
Cerrito (*) - O município está abastecendo, com um caminhão pipa, em torno de 150 famílias. Uma escola da zona rural também é abastecida desta forma.
São Lourenço do Sul (*) - Já com a situação de emergência reconhecida pelo governo federal, são cerca de 50 famílias sendo abastecidas por caminhão pipa. A barragem do município está 54 centímetros abaixo do nível e não está descartado o racionamento nos próximos dias.
Canguçu (*) - O município informa que investiu R$ 150 mil para realizar o serviço que atende 702 famílias que estão sem água potável.
Rio Grande - A segunda maior cidade da região ainda não decretou a situação de emergência, mas já contabiliza perdas no milho, na soja e no leite. A Secretaria de Desenvolvimento Primário avalia a situação.
Turuçu - O arroio responsável por abastecer o município está com o nível abaixo do normal e 20 famílias recebem água através do caminhão.
Capão do Leão (*) - As aulas na cidade foram suspensas por enfrentar escassez de água. Os postos de saúde também estão com atendimento reduzido e a prefeitura tenta uma solução com a Corsan.
Herval - São em torno de 50 produtores auxiliados pela Defesa Civil Municipal e pela Emater entre abastecimentos e abertura de açudes e bebedouros.
Pedras Altas - Situação é preocupante no interior do município. O prefeito da cidade teme caos no abastecimento, caso não chova.
Pedro Osório - O município não sofre perigo de racionamento e residências da zona rural são abastecidas pela prefeitura.
Santana da Boa Vista - A prefeitura criou um cronograma para abastecer as 170 famílias sem água. De quatro em quatro dias o caminhão passa e abastece. Entre os dez maiores produtores de soja do Estado, as perdas chegam a 60% de toda a produção.
(*) Com situação homologada pelo Estado
(A reportagem não conseguiu contato com os municípios de Amaral Ferrador, Morro Redondo, Piratini e Pinheiro Machado. Todos estão com situação de emergência homologada pelo Estado.)
Perdas em Pelotas
Milho grão - 50%
Soja - 40%
Olerícolas - 40%
Milho silagem - 34%
Tabaco - 30%
Figo e caqui - 30%
Pecuária de leite - 20%
Pecuária de corte - 10%
Pêssego - 5%
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