Uma pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas irá traçar o perfil de saúde dos cidadãos pelotenses com mais de 18 anos. Ao todo, o estudo Saúde em Casa recolherá dados de 3,4 mil pessoas, residentes em 1,7 mil domicílios da zona urbana do município, até junho de 2020. Os dados obtidos serão divulgados no final do próximo ano e utilizados para a elaboração de produções científicas de mestrandos do curso, que envolvem 13 temas, como discriminação em serviços públicos e insegurança alimentar, assim como para a elaboração de políticas públicas para as áreas.

A professora do Programa, Elaine Tomasi, explica que a atividade é realizada desde 1999,, a cada dois anos, na modalidade de consórcio. Com isso, um único questionário é efetuado, contemplando múltiplas áreas, cujas respostas são utilizadas pelos mestrandos. “Cada um investiga e elabora a produção científica de acordo com o seu tema”, afirma.

Os temas dos estudos variam a cada edição, com modificações no público-alvo. Nesta, o foco é a saúde da população adulta de Pelotas. Participam da pesquisa 12 mestrandos de sete áreas diferentes, como Enfermagem, Medicina e Nutrição. O grupo conta também com o suporte de outros 13 auxiliares, contratados e treinados para a função. O questionário conta com 256 questões ao todo, com um tempo de duração que pode variar de 40 minutos a uma hora e 20 minutos, dependendo das respostas dos entrevistados. Por utilizar o mesmo público-alvo, e manter elementos que garantem a comparabilidade, os dados obtidos na edição do estudo realizada em 2012 poderão ser comparados com resultados da pesquisa atual, que começou esta semana pelo Fragata. “Isso permite acompanhar a evolução de indicadores e políticas desenvolvidas durante o período”, destaca Tomasi, lembrando de temas como o tabagismo e a atividade física.

Amostra de toda a população
Para o estudo, a região urbana de Pelotas foi dividida em cem setores censitários, que foram sorteados. Em cada setor, 17 domicílios com no mínimo duas pessoas maiores de 18 anos serão visitados. Na região do Fragata seis setores estão definidos, totalizando 102 residências. Conforme a mestranda Gabriela Marques, este processo garante a representatividade da população na amostra do estudo. Antes da visita com o questionário, há o processo chamado de “bateção”, quando os integrantes da pesquisa passam previamente pelas residências de cada setor, realizando a coleta de dados das primeiras informações e explicando o intuito do processo. Em seguida, um novo procedimento de escolha aleatória dos domicílios define os locais que serão visitados.

“A gente costuma enfrentar barreiras, porque as pessoas ficam desconfiadas”, afirma Marques. No entanto, os integrantes da pesquisa são uniformizados e possuem crachá como formas de identificação. Em caso de dúvida, o morador também pode obter a confirmação pelo número (53) 3284-1332. Todo o processo é voluntário para quem responder ao questionário, e há, também, a assinatura de um termo de consentimento para a utilização dos dados.

Dados contribuem com a população
A idosa Ana Elisabete, de 73 anos, foi uma das que participaram do primeiro dia de pesquisa, realizado na segunda-feira. Moradora há quatro anos do Fragata, ela conta que sempre residiu em Pelotas, mas ainda não havia participado de nenhum questionário semelhante. Ao ser procurada pelos estudantes, decidiu participar, pois acredita que os resultados podem gerar benefícios. “É importante para eles e para a população”, afirma.

Seleção para auxiliares
Também participam do processo 13 auxiliares de pesquisa, que são responsáveis pela captação dos dados, por meio eletrônico, e passam por um processo de seleção, envolvendo análise de currículo, entrevista, treinamento e prova. Para janeiro, está previsto um novo processo para o preenchimento de dez novas vagas para a função, com o requisito de conclusão do Ensino Médio. Mais informações podem ser obtidas pelo site do Programa http://www.epidemio-ufpel.org.br/site/content/home/index.php.