Cores

Para eliminar o cinza, muita cor

A ideia começou a se tornar realidade aos poucos, em um misto de iniciativa própria e suporte da direção da escola

Carlos Queiroz -

As portas e marcos já não guardam os velhos riscos, rabiscos e assinaturas de errorex. Aos poucos, a sujeira desaparece, ganha cheiro de tinta e espalha mais do que colorido pela Escola Municipal Mário Meneghetti, no loteamento Getúlio Vargas. Ao assumir o cargo de professora de Arte, em junho do ano passado, Erika Romaniuk, tinha uma intenção: levar alegria à instituição. E tem conseguido. Quem garante são os próprios estudantes que, embora não estejam envolvidos diretamente na pintura, devolvem com um sorriso a oportunidade de realizar tarefas simples, como a lavagem de pincéis.

“Tô achando legal o projeto. É divertido. Antes, era tudo riscado e sujo”, conta o aluno do 5º Ano, Erick Duarte Nunes, 11, um dos curiosos que, sempre que pode, passa pela Sala de Artes para oferecer ajuda. Afinal, o projeto - ainda sem nome oficial - promete embelezar portas, corredores e ambientes. Tudo. Biblioteca, pré-escola, refeitório, auditório... Os murais artísticos deverão imprimir vida à escola. “Era tudo tão cinza. Desde que cheguei, pensei que precisávamos de cor. De alegria”, resume a professora. E não esconde: Surpreende-se com a falta de árvores, de flores, de cores também nas ruas, do lado de fora da Mário Meneghetti. O passo inicial, entretanto, era começar com a transformação do lado de dentro, com o envolvimento da gurizada.

Iniciativa e retaguarda
A ideia começou a se tornar realidade aos poucos, em um misto de iniciativa própria e suporte da direção da escola. Rápido, o laboratório de Química - que ainda depende de melhorias para ser reativado - virou ateliê. A bacharel em Artes comprou torneiras e instalou; recolheu portas velhas da rua, pintou e transformou em mesas e tratou de comprar tintas, do próprio bolso, para poder soltar a imaginação. E é o que tem feito.

No semestre passado, cumpria 15 horas semanais em sala de aula e cinco dedicadas ao projeto. Com o resultado positivo e a vontade de estender as criações a diferentes ambientes, a diretora Raquel Veiras obteve aval da Secretaria de Educação e Desporto (Smed) e inverteu a escala. Hoje, Erika envolve-se 15 horas no projeto e cinco em atividades dirigidas ao 5º Ano. Nada que a impeça de disseminar lições, mesmo que pelos corredores: “A arte ajuda no desenvolvimento. Não é local só de brincadeira, como muitos pensam”, enfatiza e torce que o projeto sirva de inspiração não apenas a crianças e adolescentes do loteamento Getúlio Vargas.

E detalhe: se o talento não é dos maiores com o lápis em mãos, não é preciso desistir do processo de criação, ainda que o trabalho vá se transformar em pinturas - resume a artista. O ator e diretor Charlie Chaplin que decora uma das portas, por exemplo, foi pego em um banco de imagens na Internet e projetado com o recurso de Datashow. Só, então, ganhou o traço da professora e virou convite a entrar no auditório, que também receberá elementos de uma banda de jazz. São recantos que se tornam mais convidativos a todos os públicos: professores, funcionários, alunos e pais. E o fundamental: onde há pertencimento, existe também preservação. Satisfação em estar ali.

“Entendo que estar aqui nesta escola é oferecer uma contrapartida e passar o que aprendi em uma universidade pública (UFPel) a uma comunidade que tem a realidade tão diferente da minha”, destaca Erika. E prepara-se aos murais que estão por vir.

Crescimento veloz
A Escola de Ensino Fundamental Mário Meneghetti é uma das maiores da rede municipal. Em 2009, eram 387 alunos. Hoje, depois de o vespertino - que começou como turno provisório - ter se tornado permanente, são 1.027 estudantes. E não são poucos os desafios. A cada três meses, a direção recebe cerca de R$ 15 mil para gerenciar a instituição, em que espaço nunca foi problema. Situações como a drenagem do terreno, entretanto, ainda precisam ser corrigidas. A cada período longo de chuvas, ou pancadas intensas, aulas de Educação Física têm de ser ministradas dentro das salas porque o pátio vira um lameiro. Por vezes, os alagamentos não permitem nem transitar até as salas de contêineres.

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