É impossível entrar no Grande Hotel e não pensar no que já foi e o que poderia ser o prédio, localizado no coração do Centro Histórico de Pelotas. Construído na década de 1920, o edifício foi doado à Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em 2011, através de uma lei aprovada pelo Legislativo municipal. Só em 2019 a universidade teve sinalização favorável do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para licitar o restauro completo do imóvel, tombado como patrimônio histórico desde a década de 1980.

Do átrio central iluminado por uma claraboia de vidro, ainda é possível ver o restauro, iniciado em 2008 pela prefeitura e com as obras paralisadas. Com o hall de entrada bloqueado por tapumes, a entrada alternativa é pela lateral de frente para a praça Coronel Pedro Osório.

A medida foi tomada em função da queda de parte do forro da entrada principal. Nos dias de chuva, comentam trabalhadores terceirizados da UFPel, em alguns lugares parece que não há teto de tantas goteiras. Nas escadas que dão acesso aos pavimentos superiores, cones e uma fita interditam a passagem de visitantes e alunos que frequentam o prédio.

O andamento do projeto
A licitação, já iniciada, encontra-se em fase de recursos. Seis empresas disputaram a execução da obra, orçada em R$ 9 milhões para a restauração tanto da área interna como da fachada do prédio histórico. "Uma das empresas indicou que entrará com recurso contra a vencedora, que já está pré-habilitada", informou Otávio Peres, pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento (Proplan).

Assinado o Termo de Execução Descentralizado (TED) pelo reitor Pedro Curi Hallal, em junho deste ano, o documento formalizou a iniciativa conjunta realizada pela UFPel com recursos do Iphan. A restauração terá como fim, transformar o espaço num hotel-escola para estudantes dos cursos de Hotelaria e Turismo oferecidos pela Universidade Federal.

Esta licitação, destaca o pró-reitor, é diferente justamente pelo recurso não partir dos cofres da universidade, que está no seu limite financeiro, devido aos cortes do Ministério da Educação. Como o recurso vem de outro ministério, o da Cidadania, a administração da UFPel tem convicção da garantia do recurso, assinalada pelo diretor de projetos do Iphan, Robson Almeida.

Conforme o edital 03/2019, lançado pela UFPel, o período de recursos se encerra neste mês. O início das obras a partir disso depende do lançamento da ordem de serviço por parte da universidade. O prazo para o término é de dois anos.

O restauro
Medindo aproximadamente 4.300 metros quadrados, as obras de restauro contemplam todo o prédio, do subsolo ao teto. No projeto disposto no edital lançado neste ano, estão previstas a instalação de um restaurante de 190 metros quadrados, além de uma livraria/café. O segundo e o terceiro pavimentos serão destinados para quartos de hóspedes, distribuídos em 28 cômodos com banheiros individuais e camas de casal. No segundo pavimento também está prevista a instalação de um memorial contando a história do Grande Hotel. Os quartos medem, em média, 20 metros quadrados.

O quarto pavimento será direcionado aos cursos de Hotelaria e Turismo. No andar estão previstas instalações três salas de aula, diretório acadêmico, laboratórios de informática e de gastronomia. Também é projetado um auditório para 84 pessoas.

Linha do tempo
- Construído entre 1925 e 1927, o prédio foi projetado por Theóphilo Borges de Barros, concorrendo com outros engenheiros e arquitetos.

- Um primeiro restauro foi iniciado em 2008, através do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. A prefeitura chegou a iniciar o restauro da fachada e da cobertura do edifício, porém as obras foram interrompidas.

- Em 2011, a Câmara de Vereadores de Pelotas aprovou a doação do prédio para a UFPel.

- Em 2016, o projeto do restauro foi enviado ao Iphan. Em 2017 e 2018, a proposta passou por adaptações técnicas.

- Em junho de 2019, a UFPel teve a confirmação do Iphan do recurso de R$ 9 milhões para restauro completo do prédio.