Problema

Paradas de ônibus seguem sendo alvo de reclamação de usuários do transporte coletivo

Calor, chuva, falta de bancos ou de qualquer estrutura: população relata os problemas de quem espera o ônibus em Pelotas

Foto: Volmer Perez - DP - Em muitos casos, estruturas são danificadas pelo vandalismo ou falta de manutenção

Por Heitor Araujo
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As condições das paradas de ônibus em Pelotas são alvo de descontentamento da população. Em sua maioria, as estruturas de metal e vidro - que, segundo a Prefeitura municipal, foram inspiradas em modelos de Nova Yok, Londres, Tóquio, São Paulo e Porto Alegre - apresentam ao menos uma parte danificada, enquanto no interior dos bairros a reclamação é pela falta de qualquer instalação de abrigo ou assento.

As paradas de vidro foram uma novidade na cidade em 2018, parte do processo de reformulação do transporte coletivo no Município. Cada unidade tem o custo de instalação de R$ 20 mil, e tão logo passaram a fazer parte da paisagem urbana, elas tornaram-se símbolos de deterioração, seja por depredação, furto ou acidente.

O que era para seguir um conceito moderno em sintonia com grandes metrópoles do mundo virou motivo de reclamações dos moradores. Em dias de sol escaldante os usuários passam calor. Com a ausência dos vidros, depredados ou furtados, nas laterais, no fundo ou até no teto, a água torna-se a inimiga em dias de chuva.

A reportagem rodou as principais avenidas do Município, além das ruas centrais que servem para embarque e desembarque de grande parte dos trabalhadores e estudantes da região. Em praticamente todas as paradas há alguma placa de vidro faltante. Em algumas, todo o vidro está danificado. Em outras, inclusive, não há nem banco.

A estudante Nicole Maruel, 24 anos, improvisou uma pedra em cima de uma raiz de árvore para esperar o ônibus na avenida Domingos de Almeida, no Areal. Segundo ela, os principais problemas, além da falta do assento, dão-se em relação ao calor e à insegurança. "Sempre tem alguma parte destruída. Dentro das vilas, a maior parte não tem cobertura e nem nada", afirma.

A pouco mais de um quilômetro dali, na mesma avenida, a aposentada Maria Joaquina, 83, estava sentada no banco, sob o teto de vidro ausente da parada de ônibus, em direção ao Centro. Para ela, a estrutura é positiva. "Não sou de reclamar das coisas. Pra mim está bom. Tenho um banco para sentar e tenho um teto, que protege se vem chuva. Mas o mais importante é o banco", comenta.

Grande parte dos usuários reclama da ausência de estruturas nas ruas internas dos bairros. Juliana Castro, 29, fisioterapeuta, diz que no Py Crespo, onde trabalha, há paradas que sequer têm a placa de sinalização. "Quem não conhece a região, tem que adivinhar que ali para o ônibus", pondera.

"Não há dignidade humana, no interior do bairro não tem estrutura nenhuma. As pessoas esperam e descem do ônibus no meio do barro. Às vezes descem senhoras com o sapato bonito e embarra todo", diz o aposentado Alfredo Duarte, 72, que aguarda o ônibus na avenida Pinheiro Machado, Fragata, sob um abrigo antigo de latão instalado sobre a terra.

Segundo o secretário de Trânsito e Transporte, Flávio Al Alam, a pasta, atualmente, não tem estrutura para efetuar os consertos nas paradas de vidro, mas trabalha em um processo de licitação para poder realizar a manutenção. Ele admite que há um déficit de abrigos nas ruas dos bairros, mas que, em locais de embarque, há um grande índice de cobertura.

Os reparos são feitos apenas nas paradas de latão laranja, que apresentam bancos e cobertura no teto. São paradas encontradas em alguns bairros, como no Simões Lopes e no Dunas, e opções mais econômicas: o preço de instalação é de R$ 8 mil (ante R$ 20 mil das de vidro).

Para este ano, devem ser instalados cerca de 30 novos abrigos, segundo Al Alam. "Nos últimos dois anos foram colocados mais de cem abrigos novos", sustenta o secretário. Ele acrescenta que alternativas estão sendo buscados para amenizar o calor enfrentado pelos usuários em dias de sol muito forte.

"Entendemos que realmente o teto em dias de muito sol, pois aquece demais. Estamos analisando a mudança apenas da cobertura, conforme formos substituindo por uma telha que já foi utilizada em abrigos no Campus II, em parceria com a UFPel (Universidade Federal de Pelotas)", afirma o secretário.

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