Insegurança

Última moradora da Estrada do Engenho teme ficar sem residência

Sem ter sido beneficiada com o novo loteamento, Andressa vê a retroescavadeira demolir tudo ao seu redor e vive com sensação de abandono

Foto: Volmer Perez - DP - Moradora pede uma solução rápida do Município

Sem energia elétrica, água e enfrentando os furtos constantes. Essas são as condições em que se encontram uma mãe e três filhos pequenos que residem na última casa que restou no dique sobre o canal São Gonçalo. Sem terem sido contemplados com uma moradia no loteamento Estrada do Engenho, a família assiste da porta de casa a retroescavadeira avançar no serviço de demolição das antigas residências sem alternativa de realocação. Temendo pelas crianças, a moradora de apenas 24 anos pede uma solução rápida do Município.

A sensação de abandono é vivida pela Andressa Alves desde que os vizinhos começaram a se mudar para o residencial e só restou ela morando na rua, que agora é cercada somente por entulhos. No entanto, a situação ficou ainda pior há três dias, quando a máquina que trabalha no local retirou a fiação elétrica e a moradora ficou sozinha com os filhos no escuro. As consequências da falta de luz é visível na pele das crianças coberta por marcas de picadas de mosquitos. Outro problema a ser enfrentado são os furtos que iniciaram desde que as casas foram desocupadas e do pátio do local vários itens já desapareceram.

Ativa no movimento por habitação social a ex-moradora da Estrada do Engenho, Michele Silva, tem cobrado da Secretaria de Habitação do Município uma solução para Andressa. "Como ela vai ficar com três crianças pequenas sem luz, já faz duas noites que eles estão nos escuro. Eles teriam que arrumar um lugar provisório para colocar ela, como que Pelotas não vai ter um aluguel social?", questiona. Conforme Michele, a Prefeitura teria argumentado que a família não foi beneficiada com uma casa no novo Loteamento em razão deles estarem habitando o local há apenas quatro meses. Porém, um terreno na Vila Farroupilha teria sido prometido para a realocação daqui a três meses. "Lá na Farroupilha tem casa sobrando sim. Por que não colocam ela? Se ela tivesse onde morar, ela não estaria assim com as crianças".

Com dificuldades na fala, Andressa fica nervosa ao tentar explicar que não crê que o Município irá beneficiá-la com uma moradia adequada e sem perspectiva ela vê a retroescavadeira retirando tudo que resta na estrada. "Acho que a Prefeitura não vai dar nada e que é só mais uma enrolação. Estou pensando nas crianças e do vai ser de nós sem um lugar. E a máquina demolindo tudo", declara.

Já Michele ressalta que ao questionar o operador da retroescavadeira sobre a retirada da fiação da casa obteve como resposta que eles estavam apenas cumprindo ordens. "Eles disseram que a única coisa que está atrapalhando é ela aqui para limpar a área e começar a construção, mas então já era para terem arrumado uma solução para ela". Preocupada com a segurança da família, Michele pretende abrigar eles em sua casa a noite e guardar alguns móveis da residência. "Ela não pode ficar com essas crianças sozinhas, estão roubando tudo".

No total serão 12 pessoas em uma residência de dois quartos. "Pelo menos eles não ficam tão abandonados", ressalta.

Acompanhamento da Secretaria de Habitação

Conforme o diretor-executivo da secretaria municipal de Habitação e Regularização Fundiária (SHRF), Dino César Souza, a moradora em questão foi notificada e está recebendo acompanhamento do Serviço Social da pasta. Diante da situação de vulnerabilidade, o Município teria assegurado uma área no loteamento Farroupilha para a mulher. Ainda conforme Souza, o problema dela acelerou devido ao desligamento da energia elétrica do pontos irregulares daquele local, por medida de segurança, pela CEEE Equatorial.

Na segunda-feira, ficou definido entre a moradora e o Serviço Social da SHRF que o chalé dela será transportado hoje e armazenado pelo Município, para ser instalado no novo lote. O prazo para a liberação do espaço é de até 45 dias, período para efetivação da infraestrutura, no loteamento Farroupilha. Enquanto isso, ficou acertado que ela se estabelecerá na casa de pessoas próximas.

No entanto, Andressa afirma que não tem onde morar durante esse período e que a estadia provisória na casa de Michele é a única opção que ela tem no momento.

Estrada do Engenho

Entregue recentemente, o loteamento Estrada do Engenho foi construído com o propósito de retirar os moradores da área de risco e proporcionar melhores condições de vida por meio da moradia digna. Desde que as 57 famílias se acomodaram no residencial, as antigas casas têm sido demolidas para a construção de Parque Municipal no espaço de preservação ambiental.

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