Mobilidade urbana

Paralisação de motoristas de aplicativo tem baixa adesão em Pelotas

Em nível nacional, categoria reivindica maiores repasses e melhores condições de trabalho

Foto: Jô Folha - DP - Pelotas tem cerca de dez mil pessoas trabalhando em aplicativos de mobilidade

No dia de paralisação nacional dos trabalhadores em aplicativos (apps) de mobilidade, os efeitos não foram sentidos pelos consumidores em Pelotas. Os usuários que a reportagem entrou em contato pela manhã desta segunda-feira (15) disseram que foram atendidos normalmente. Já quem paralisou acredita que a mobilização enfraqueceu porque um dos aplicativos mantém o pagamento de R$ 2,00 por quilômetro rodado, uma das principais reivindicações da categoria.

O Município tem aproximadamente dez mil trabalhadores, isto porque os veículos utilizados podem tem até 15 anos de fabricação, fazendo que muitos que haviam deixado a função, retornassem às ruas de Pelotas. Mesmo com um número significativo de profissionais, há uma grande dificuldade em encontrar um representante que fale pela categoria. Um motorista que paralisou, aceitou conversar com a reportagem desde que não fosse identificado. Ele conta que não é a favor da cobrança mínima de R$ 10,00, mas que as empresas precisam valorizar mais o valor das corridas. "O pagamento feito pelo serviço não acompanha a inflação. Já tivemos dois aumentos do salário mínimo, e para nós segue o mesmo percentual de repasse. Isso representa prejuízo, pois precisamos abastecer o veículo, além de fazer a manutenção do mesmo", desabafou.

O motorista não soube dizer qual o percentual, no universo de dez mil, paralisou. "Foram poucos. Mas um dia. Apenas um dia para as grandes capitais, vai ser muito significativo para a categoria que cruzou os braços". A justificativa para a baixa adesão na cidade pode estar relacionada, conforme o entrevistado, ao fato de uma das empresas manter o pagamento de R$ 2,00 por quilômetro rodado em Pelotas. "Há uns dois meses, estava muito difícil trabalhar com a Uber pelo baixo custo e a empresa estava perdendo dinheiro. Por isso, mantiveram esse valor para não perder mais clientes, sendo que em outras cidades, principalmente capitais, o valor varia de R$ 1,10 a R$ 1,20", alegou.

Em contrapartida, outro motorista diz que recebe o suficiente para manter seu negócio com a empresa. Um exemplo é que em uma corrida de R$ 14,20, ele recebeu do aplicativo mais de R$ 26,00 por considerar o deslocamento até o endereço chamado. Entre os usuários, nenhuma queixa no período da manhã. A única observação de uma moradora do Fátima, que se desloca diariamente até o Centro, é que do dia 10 para cá, o mesmo percurso que antes custa R$ 7,50, R$ 7,90, passou para R$ 9,90.

No Brasil
A paralisação dos motoristas de aplicativos como Uber e 99 é para reivindicar melhores condições de trabalho e repasses mais altos nas tarifas das corridas. A iniciativa da Federação dos Motoristas Por Aplicativos do Brasil (Fembrapp) e da Associação de Motoristas de Aplicativos de São Paulo (Amasp) calculam uma adesão de 70% em todo o País.

O presidente da Amasp, Eduardo Lima de Souza, disse que a paralisação é porque o motorista de aplicativo está recebendo o mesmo desde 2016. "Até hoje, o motorista mantém o valor das corridas ganhando a mesma coisa. O setor automobilístico aumentou suas peças, o valor do veículo, o petróleo teve aumentos consecutivos, e as empresas não acompanharam esse aumento", explicou.

Outra reivindicação da categoria é com relação ao sistema de cobrança. "De 2019 para cá as empresas mudaram o sistema de cobrança. Antes, você saía da sua casa para ir para o seu trabalho, por exemplo, você sabia que esse valor informado seria o mesmo que você pagaria. Atualmente não é isso mais, e com isso a taxa cobrada dos motoristas também está sofrendo essa variação. As empresas reajustaram os valores das tarifas para os passageiros, mas não repassaram para os motoristas, fazendo com que o valor de uma corrida chegue até 60% de desconto de taxa", lamentou.

Contraponto
Em nota, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) disse à Agência Brasil que "respeita o direito de manifestação e informa que as empresas associadas mantêm abertos seus canais de comunicação com os motoristas parceiros, reafirmando a disposição para o diálogo contínuo, de forma a aprimorar a experiência de todos nas plataformas".

Já a plataforma 99 informou, também por meio de nota, que tem conversado com os motoristas do aplicativo e que tem programas de apoio à categoria. "Ouvindo e conversando com cerca de dois mil motoristas todos os meses, a 99 adotou soluções permanentes para incrementar os ganhos no app: foi a primeira plataforma a oferecer a taxa garantida, que assegura aos condutores a taxa máxima semanal de até 19,99%". A reportagem não conseguiu contato coma a Uber.

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