Transtorno

Barulho, urina e muito transtorno nas noites da Bento

Moradores do entorno da avenida Bento Gonçalves reclamam da situação caótica após noites de festa ao ar livre na região

Foto: Divulgação - DP - Pessoas urinam contra as paredes de prédios da região


Desesperador. Essa é a palavra usada por uma moradora para descrever as noites de quem habita o entorno da avenida Bento Gonçalves. Além da música alta até perto do amanhecer, um outro transtorno, inusitado, estressa quem vive por ali. Pessoas, sem qualquer pudor, mesmo diante de câmeras de segurança, urinam ali, na calçada. O fato é registrado semanalmente, em especial nas noites de sexta-feira, sábado e vésperas de feriados.

Em um grupo de moradores no WhatsApp, às 2h02min do último domingo, o tom do diálogo era de lamentações. "Cada noite do final de semana o inferno é pior", diz um homem. Quatro minutos depois, uma vizinha responde "desisti de dormir agora", seguida de uma figurinha de desapontamento. O cenário é recorrente. Em conversa com a reportagem, o síndico do prédio, Luís Anchieta, revela que está no local desde 2021, tendo morado lá décadas antes, mas que nunca imaginou tamanho transtorno.

O desrespeito chega ao ponto de pessoas aproveitarem o recuo de um dos portões da garagem do prédio para urinar no local, em um canto onde não são vistas da rua. No entanto, mesmo diante de câmeras de segurança, homens e mulheres urinam contra a parede, sem se importar com a exposição à gravação. A rotina tornou-se tão comum que parte do portão foi corroída pela urina. Na entrada ao lado _ esse com vista da rua, feito do mesmo material e instalado à mesma época _, a parte de baixo segue intacta. Pela manhã, o cenário é de poças de urina exalando odor horroroso, relata o síndico.

Anchieta diz já ter feito denúncias, procurado autoridades, mas nada resolveu. Chegou ao ponto em que uma das janelas de casa trincou, tamanha a vibração causada pelo som. Ele diz que não quer nenhum tipo de censura a esse público, apenas que o barulho tão alto não vá até a madrugada.

Isolamento acústico

Perto dali, o morador de outro prédio diz que irá investir em estrutura similar às de casas de festas para ter isolamento acústico. Sem se identificar por temer represálias, diz que cria três adolescentes e acaba se constrangendo de ouvir em volume alto músicas com letras que considera obscenas, cenas de pessoas alcoolizadas e até consumo de drogas ao ar livre.

Segundo o morador, quando órgãos de segurança pública passam pelo local é comum que a intensidade do som seja reduzida, mas em alguns minutos a situação volta, ainda mais alta. "Eles sabem que a polícia não vai voltar", lamenta. Já outra moradora reclama que de pouca fiscalização e que muitas vezes o número da Guarda Municipal não atenderia durante a madrugada.

Município diz manter operações

Via assessoria de comunicação, o secretário de Segurança Pública do Município, José Apodi Dourado, afirma que a Secretaria segue trabalhando da mesma maneira com relação às ocorrências de perturbação do sossego, apurando denúncias recebidas e através de operações conjuntas nos finais de semana em locais de maior concentração de queixas, com fiscalização especial sobre os carros com som alto.

Ainda conforme o secretário, neste último final de semana foi realizada ação de fiscalização na avenida Bento Gonçalves, entre as ruas Andrade Neves e General Osório. Na ocasião, três viaturas com sete agentes de trânsito, uma viatura com três guardas municipais e outra com três policiais militares participaram da Operação Integrada - Balada Segura. Todos os condutores abordados foram convidados a passar pelo teste do etilômetros (bafômetro). Um condutor foi encaminhado à Polícia Civil após ser constatado o índice de 0.41mg/L. Foram abordados 41 veículos, sete deles notificados, além de dez autos de infração de trânsito, um recolhido para depósito e dois condutores notificados por recusarem-se ao teste do bafômetro.

Dourado afirma que o número 153 (Guarda Municipal) está funcionando normalmente e acrescenta que o terminal é equipado com secretária eletrônica e as ligações são gravadas.

Sobre a reclamação de pessoas urinando na rua e nas propriedades, o secretário diz não haver medida possível a ser tomada. "O pessoal reclama das aglomerações, se colocarmos banheiros químicos vai promover mais aglomeração ainda e as pessoas irão se sentir à vontade para ir a estes locais porque terá mais estrutura, o que irá colaborar para o aumento da perturbação", argumenta.

O secretário de Governo, Fábio Machado, esclarece que a lei que trata da perturbação do sossego tramita atualmente na Câmara de Vereadores, onde aguarda análise das 24 emendas apresentadas na Comissão de Constituição e Justiça.

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