A última semana foi de boas notícias para o setor de inovação da Zona Sul. Através da Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep), empresa pública ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), serão destinados R$ 25 milhões para os parques tecnológicos de Pelotas e Rio Grande. O repasse ainda não foi anunciado oficialmente, mas foi confirmado pelo presidente da Finep, Celso Pansera, na quarta-feira (23).

No Pelotas Parque Tecnológico, o investimento será de R$ 14 milhões. O presidente do conselho de administração do parque, Leonardo Reichow, explica que o valor será destinado para o fomento da área de saúde e biotecnologia. "Essa é uma proposta de expansão do Pelotas Parque Tecnológico na forma de um hub de inovação em saúde e biotecnologia. Consiste na construção de um prédio novo, totalmente dedicado a projetos, startups e empresas da área de saúde e biotecnologia, preenchendo um espaço que existe entre a pesquisa básica e a produção industrial", explica. O presidente destaca que o projeto é uma iniciativa conjunta que tem o parque como executor, a Fundação Delfim Mendes Silveira, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), como entidade gestora e a UFPel, juntamente com a empresa Lifemed, como entidades intervenientes.

Reichow destaca que a nova estrutura tem o objetivo principal de gerar empregos, desenvolver novos projetos, empresas e startups dessa área que, em Pelotas e região, já possui um amplo sistema de atenção à saúde, produção industrial e pesquisa científica de excelência. "Entendemos que Pelotas pode ser uma referência nacional em pesquisa, desenvolvimento e produção industrial em saúde e biotecnologia. Com o surgimento de novas startups, atração de novas empresas, fomentando muito mais projetos e contribuindo de forma muito mais efetiva para nossa região", finaliza.

Foco na economia azul
Do valor destinado à metade sul, R$ 11 milhões serão para o Oceantec, parque tecnológico da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), que irá investir em projetos da chamada economia azul, que trabalha o desenvolvimento econômico e sustentável relacionado ao ambiente marinho. "Nosso projeto é se tornar um hub de inovação da economia azul não só em Rio Grande, mas também no Estado. Como temos um campus da Furg em Santo Antônio da Patrulha, nossa proposta contempla litoral norte e sul", explica o professor da Furg e diretor do parque, Artur Gibbon. Para tornar o espaço referência neste setor, o valor será investido na construção de dois novos prédios (um em cada campus), na aquisição de equipamentos e, também, em capacitações, cursos e trilhas de formação.

Segundo ele, o investimento no setor tem grande potencial positivo para toda a Zona Sul. "Entendemos que a economia azul não se refere exclusivamente ao Oceano Atlântico, temos toda a Lagoa também, que liga nossas cidades. Temos pescadores artesanais, toda uma riqueza de turismo, energia renovável, estaleiros. Tem uma infinidade de atividades econômicas ligadas ao mar", avalia. Gibbon destaca, ainda, que o recurso chega em boa hora. "Não tínhamos investimentos em parques tecnológicos pela Finep desde 2013, e não tem como fazer inovação sem financiamento do poder público", observa.

Origem dos recursos
Os repasses milionários foram garantidos por um edital da Finep de 2021, que destinou R$ 180 milhões para parques tecnológicos em fase de implantação ou operação em todo o País. À época, apenas os dez primeiros colocados receberam recursos. Entre mais de 300 projetos, os parques de Pelotas e Rio Grande ficaram, respectivamente, na 11ª e 13ª posição. Uma complementação de verbas, neste ano, possibilitou aos projetos aprovados - que não haviam sido contemplados - o recebimento dos recursos. Segundo os diretores dos parques, o investimento foi garantido, também, através do extenso trabalho de intermediação da prefeitura de Pelotas, da direção da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul e dos deputados federais Daniel Trzeciak (PSDB) e Alexandre Lindenmeyer (PT) junto à financiadora.