Na contramão do cenário estadual e nacional, Pelotas apresenta pelo quarto mês seguido queda na geração de empregos com carteira assinada. Conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em agosto, o Município teve saldo negativo de 116 postos. Em contraste, no mesmo período, Rio Grande teve pelo segundo mês consecutivos resultados positivos, com o setor do comércio liderando na criação de novas vagas.

No País, o estoque de emprego formal atingiu mais de 43,8 milhões, apresentando uma variação positiva de 0,51% em relação ao mês anterior. E, após registrar resultados negativos nos meses de maio, junho e julho de 2023, o Rio Grande do Sul fechou agosto com um saldo positivo de 2,5 mil novos empregos formais. Sendo o principal destaque o setor de serviços, seguido pelo comércio e construção. Já em Pelotas, as duas áreas tiveram resultados negativos.

Assim como em julho, no Município, a construção foi líder em desligamentos. Quadro que, conforme o professor da faculdade de Economia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Marcelo Passos, se dá em razão da sazonalidade do Índice Nacional da Construção Civil (INCC). A relação que mede a variação de preços dos materiais de construção, tem apresentado desde 2018, aumento na taxa de preços dos materiais em junho e julho, neste ano, a variação foi de 1,19%, o que impacta negativamente novos empreendimentos e admissões. "Outro fator, são os juros altos que impactam no crédito imobiliário", complementa.

Os outros dois setores que mais demitiram no município, serviços (-40) e comércio (-14), que ainda são impactados pela forte queda do Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário em 2022, aponta Passos. "A área ainda se recupera dos dois últimos anos de estiagem, que afetaram algumas culturas aqui na região". O economista explica ainda que o comércio e a construção são as principais áreas que movimentam a economia da Metade Sul. Ambas sendo afetadas intensamente pelas movimentações no campo.

A realidade dos dados
Desligada de uma loja do Shopping Pelotas, Lara Garcia, 25 anos, procura emprego há mais de um mês. Com experiência no setor de comércio e serviços, ela conta que já enviou mais de 50 currículos, mesmo assim ainda está sem perspectiva de alguma admissão. "Todos lugares que eu vejo que estão contratando eu mando currículo e de todos eu fui chamada para apenas três entrevistas".

Investimento em formação
Recentemente, Pelotas foi um dos 185 municípios selecionados pelo Governo do Estado para o programa RS Qualificação. A iniciativa contempla recursos para que as cidades elaborem projetos de qualificação e capacitação profissional, no regime de coinvestimento, com o objetivo de melhorarem os indicadores socioeconômicos e de empregabilidade. Para Pelotas está previsto o recurso de R$ 200 mil. Conforme o secretário da Assistência Social, Thiago Bündchen, a pasta começará a trabalhar no plano, com avaliações dos cursos oferecidos, metas e situação financeira. A SAS planeja destinar as vagas do RS Capacitação aos formandos do Capacitar Pelotas, como um curso complementar ao desenvolvido no Município, que também envolve qualificação profissional e empreendedorismo.

Rio Grande
Diferente de Pelotas, Rio Grande tem obtido resultados positivos na geração de empregos em julho e agosto, com comércio liderando o saldo de contratações. Para o economista, entre os motivos que impulsionam a economia local está o perfil de industrialização com investimentos como o da Petrobrás. "Tem o setor naval, o salário dos engenheiros são os mais elevados e isso impacta no consumo dentro da cidade e no comércio".