Saúde

Pelotas deixa o ranking dos 100 municípios com maior índice de Aids

Já Rio Grande sobe uma posição e é o terceiro com mais casos, conforme o Boletim Epidemiológico Aids/HIV 2022

Foto: Carlos Queiroz - DP - Testagem pode ser feita gratuitamente

Por Cíntia Piegas
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No Dia Mundial de Combate ao HIV, Pelotas teve o que celebrar. Segundo o Boletim Epidemiológico Aids/HIV 2022, divulgado nesta quinta-feira (1º), o Município deixou o ranking das cem cidades com maior índice de Aids por cem mil habitantes. Dados como a manutenção na média de infectados - em 2021 foram 270 pessoas e em 2022, até o momento, 255 -, além da redução na mortalidade, que passou de 11,7 para 5,85 por cem mil habitantes (dados de nove meses) colaboraram para a estatística que tirou Pelotas da 67ª posição, ocupada no ano passado.

Dentre as razões para para os resultados positivos estão ações desenvolvidas pela Prefeitura com apoio de ONGs e universidades. Uma delas é a testagem em massa, como a que ocorreu nesta quinta no Largo Edmar Fetter marcando o dia de combate ao HIV, com direito a conscientização da comunidade sobre a doença e os métodos de prevenção.

A procura foi intensa pelo serviço. Só na primeira hora de ação no Mercado Público, 23 pessoas fizeram o teste. Às 15h, 120 tinham ido até o local. A estudante Adriana de Oliveira, 35, conta que há tempos faz o teste anualmente. "A Aids é uma doença que não dá sintomas. E eu sempre faço como forma de prevenção." E não é só do HIV, Adriana procura sempre saber de outras ações voltadas à saúde realizadas pelo Município. "Quando tem do dia do diabete, eu faço, assim como para pressão arterial."

Coordenadora da Rede de Doenças Crônicas Transmissíveis Prioritárias (RDCTP) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Greice Matos afirma que ações como essas ocorrem de forma descentralizada, indo também aos bairros. "A gente atribui essa melhora do índice ao Serviço Especializado em HIV/Aids (SAI) que não parou durante toda a pandemia. Fomos em busca de pacientes em abandono, pedimos ajuda das equipes da Atenção Primária para localizar essas pessoas e assim reduzir a mortalidade, além de ampliarmos o número de testes, ultrapassando dos oito mil previstos para 11 mil realizados", explica. A Rede ainda conta com parcerias como a ONG Vale a Vida, que estava no Mercado Público com uma equipe e outra no Restaurante Popular, conversando e distribuindo preservativos a moradores de rua.

O apoio vem ainda dos projetos de extensão das universidades que possibilitaram a testagem em massa. "Quanto mais rápido o diagnóstico, mais cedo se inicia o tratamento precoce e a pessoa pode conviver com a doença", ressalta Greice. Uma dessas pessoas é Mari, 48. Ele tem Aids e integra há sete anos o Vale a Vida e, embora tenha sofrido muito preconceito, nunca desistiu de ajudar outras pessoas. "Levo uma vida normal", diz.

Mais ações
No local da ação também foram aplicados testes rápidos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (HIV, Sífilis e Hepatites B e C), orientações sobre a doença, distribuições de folders, preservativos e lubrificantes além de autotestes de HIV e Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) itinerante que, segundo Greice, é um tratamento com terapia antirretroviral (Tarv) que evita a sobrevivência e a multiplicação do vírus HIV no organismo de uma pessoa. Ela é indicada às pessoas que podem ter tido contato com o vírus em alguma situação. "A eficácia é de 94%", garante a coordenadora.

Rio Grande
Um dado alarmante recai sobre Rio Grande. O Município passou do quarto para o terceiro lugar no ranking dos municípios com mais casos de Aids, segundo índice composto, conforme dados coletados de 2017 a 2021. Isso inclui o índice de casos, que é 6,656 por cem mil habitantes.

A titular da Secretaria Municipal de Saúde, Zelionara Branco, diz que recebeu a notícia, mas ainda não teve tempo de analisar os dados para saber quais os índices tiveram aumento. Mesmo assim, para ela está claro que o governo precisa rever as ações que já ocorrem, mas que precisam ser mais enfáticas.

"Rio Grande tem a questão de ser uma cidade com característica portuária. Então nosso trabalho será aumentar a testagem, conseguir maior adesão para o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. Trabalhamos com a prevenção, através da informação, principalmente com o cuidado em usar o preservativo", avalia. Em situação ainda pior está Porto Alegre, que no ranking das capitais do Brasil está em segundo lugar. Condições que colocam o Rio Grande do Sul em décimo entre os Estados com mais casos de Aids.

Dados do Boletim
*De 2007 a junho de 2022 o Brasil registrou 434.803 casos de infecção, sendo 42% no Sudeste, 20,7% no Nordeste, 19,4% no Sul, 9,9% no Norte e 7,7% no Centro-Oeste.

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