Com as leis de restrição de circulação e funcionamento de empresas, muitos estabelecimentos passaram a trabalhar com atendimentos virtuais em Pelotas. Neste cenário, duas amigas, as designers Chris Ramil e Renata Porto, diagnosticaram a falta de uma plataforma que concentrasse todas as informações sobre quais locais deram continuidade aos atendimentos neste novo formato. Nascia o "Satolep em Casa", site desenvolvido por elas não apenas para reunir as instituições que adotaram o novo modelo, mas também para reforçar a importância do isolamento social.

Além da questão da pandemia, a ideia de agrupar todas estas informações em um site também foi pensada pelo fato de muitas pessoas ficarem receosas de concretizar compras via internet ou apresentarem dificuldades em mexer em aplicativos. Nesta premissa, o portal foi desenvolvido como uma forma de organizar os dados de empresas e profissionais autônomos. Entre os segmentos que são apresentados, estão disponíveis cafés, lojas de artesanato, restaurantes, entre outras áreas destacadas no endereço eletrônico. Além de trazer quais locais ainda funcionam durante a quarentena, a plataforma ainda destaca elementos que podem pesar na decisão do cliente. É especificado, por exemplo, se as entregas proporcionadas por um determinado local utilizam equipamentos de proteção individual (EPIs) e garantem a chegada segura do produto. "Havia uma demanda de organização de todos estes serviços e informação de como estavam sendo prestados. A quarentena fez com que crescesse o número de entregas a domicílio e delivery. Faltava um espaço que concentrasse estes dados", explica Chris.

O modo de funcionamento do site foi pensado para equilibrar as demandas dos clientes bem como as necessidades dos estabelecimentos.Já são 208 cadastros no portal.O site não tem fins lucrativos e não exige nenhum custo das empresas e/ou dos profissionais autônomos para fazer o registro. Em um primeiro momento, as designers levantaram os dados destes locais, com o objetivo de confirmar quais ainda estavam em funcionamento. A pesquisa iniciou baseada no consumo de familiares e amigos próximos. "A gente trabalha a segurança dos dois lados, tanto do consumidor quanto do serviço, sem prejudicar ninguém. Através disso, conseguimos buscar a garantia da entrega com segurança e auxiliar os comerciantes a manter a clientela durante este tempo. O uso dos EPIS pelos estabelecimentos também é um destaque e reforça a importância da prevenção", destaca Renata.

A plataforma também foi desenvolvida com o intuito de estimular as pessoas a seguirem as determinações da prefeitura municipal e cumprir os decretos de restrição de circulação. As designers identificaram uma resistência dos pelotenses em se resguardar no cenário da pandemia. "Queremos mostrar também que é possível fazer o isolamento. Mesmo em casa, dá para fazer compras e desfrutar de serviços que usaria 'normalmente'. Planejamos o site para que as pessoas consigam usufruir dos produtos em uma zona de segurança, na sua residência. Não estamos fazendo propaganda para as empresas. Nossa intenção é informar quem seguiu trabalhando", conta Renata.

A receptividade do projeto surpreendeu as duas amigas. A ideia inicial era desenvolver o site como um protótipo, para depois aperfeiçoar. "Começamos como um 'trabalho de formiguinha'. Lançamos um protótipo, uma ideia que desenvolvemos, para testar e ver o que pode ser melhorado. Esta versão é o nosso primeiro protótipo. Mas a recepção foi tão positiva que hoje, junto com o nosso trabalho de levantamento de dados, muitas empresas nos procuraram para serem inseridas no site", conta Chris. O trabalho é genuinamente colaborativo, aberto para colaborações. É possível encontrar no site formulários para as pessoas participarem e enviarem para as empresas preencherem. Após este passo, o formulário eletrônico retorna para elas e o tempo médio de cadastro e exibição das marcas no site leva cerca de dois a três dias.