Dificuldade
Pelotas tem mil à espera de cirurgia traumatológica
Mesmo com a inclusão no programa Saúde Ativa em 2020, município não consegue zerar a fila da especialidade
Jô Folha -
O dia 7 de janeiro de 2020 foi um divisor de águas na vida do motorista de caminhão Jocelito Boeira, 43. Ao sair do trabalho em sua motocicleta, foi atingido por um motoboy, na rua Tiradentes, no Centro de Pelotas. A partir de então, sua rotina se tornou uma peregrinação a médicos particulares, enquanto ainda teve condições, e depois à rede pública. Todos os médicos indicaram o mesmo tratamento: cirurgia. Desde que recebeu a indicação e entrou com o pedido já são mais de sete meses de espera sem condições de trabalhar e com dificuldades em lidar com a dor. E não é um caso único. De acordo com o cadastro da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), são pelo menos mil pacientes na lista aguardando.
Segundo a prefeitura, estão em articulação formas que possam agilizar os procedimentos traumatológicos pelo SUS. A expectativa é que a realização dos procedimentos retorne à normalidade em março. Para isso, uma das medidas adotadas pela SMS foi incluir as cirurgias de traumatologia no programa Saúde Ativa, onde o município aporta recursos financeiros próprios como incentivo de produção aos hospitais para viabilizar o aumento da oferta de procedimentos.
"A prefeitura está estudando formas de oportunizar essas intervenções o mais rápido possível, a fim de melhorar a qualidade de vida dessas pessoas", diz a secretária Roberta Paganini. Atualmente, o município dispõe de 13 cirurgias de traumato de alta complexidade por mês e outros 25 procedimentos de média complexidade através do programa Saúde Ativa, no qual, além dos valores repassados pelo SUS, há complemento da prefeitura. "No ano passado a produção da Santa Casa ficou em torno de cem cirurgias por mês na área de traumatologia", contabiliza a titular da SMS. De acordo com a secretária, a retomada do ritmo de atendimentos é projetada para março devido aos período de dezembro e janeiro ser o de maior frequência de férias dos profissionais. "Também tivemos informações que a variante Ômicron já tem afastado servidores da saúde", argumenta.
Tempo de espera indefinido
O tempo médio de espera pode variar de acordo com a necessidade de cada paciente e da capacidade da Santa Casa de Pelotas, única instituição que atende casos de traumatologia. Boeira conta que teria entrado em contato com o hospital e sido informado de que as operações costumam ser realizadas por membros, com períodos de foco em intervenção em punhos, outros em cotovelos, por exemplo. Como precisa operar os dois meniscos e corrigir ruptura no ligamento cruzado anterior do joelho, diz não ter previsão de quando será chamado, já que seria o número 916 da lista.
A SMS explica que o controle da fila é feito pela pasta e hospitais, que inserem as informações dos pacientes no sistema de regulação, onde são feitos os acompanhamentos de cirurgias, daquelas que aguardam e novas solicitações. A secretaria informa que, caso o paciente queira saber sua posição na lista de espera, pode solicitar diretamente à SMS através de requerimento.
O Saúde Ativa
Lançado em fevereiro de 2020, o programa Saúde Ativa foi anunciado pela prefeitura como uma gratificação de desempenho aos prestadores de serviços de saúde da região com a intenção de realizar os procedimentos com demanda reprimida. À época, a secretária Roberta Paganini afirmou que a expectativa era de acabar com as filas em até um ano, sem criação de novas listas de espera. Com a pandemia, os planos foram adiados e a titular da SMS diz que a fila de ressonâncias foi zerada. "Tomografia falta pouco e agora a concentração é para exames de ultrassom, endoscopia e colonoscopia", aponta.
O que diz a Santa Casa
O Conselho Municipal de Saúde também foi em busca de informações oficiais no dia 24 de janeiro sobre a demanda reprimida em traumatologia para o hospital, mas até o momento diz não ter recebido resposta. Conforme o conselheiro Jaime Fonseca, seguem os 32 leitos disponíveis para esse tipo de atendimento, mas não soube informa o número de profissionais atuando. Em novembro de 2019, reportagem do Diário Popular informava que eram sete médicos de traumatologia e sete residentes. Na última semana, ao ser questionada pelo Jornal sobre a estrutura atual do setor de traumatologia, a Santa Casa respondeu apenas que está cumprindo normalmente o contrato com a Secretaria Municipal de Saúde.
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