A partir de 2030, o câncer se tornará a principal causa de mortes no Brasil, ultrapassando as doenças cardiovasculares, atuais líderes deste dolorido ranking. A informação pode ser interpretada de duas formas: com o copo meio cheio - a população brasileira está vencendo batalhas contra outras enfermidades, e por consequência vivendo mais - e com ele meio vazio - o câncer está avançando muito rápido e ainda não sabemos muito bem como detê-lo. Em Porto Alegre, o Hospital do Câncer Mãe de Deus aposta na plataforma Watson for Oncology para o futuro.

O programa de computação cognitiva, primeiro do Brasil e segundo da América Latina, é uma nuvem desenvolvida pela estadunidense International Business Machines (IBM) e tem atuação centrada em fornecer para médicos opções de tratamento baseadas em evidências científicas mundiais através de minucioso questionário. O resultado é um relatório de 50 páginas indicando alternativas, explicando-as e argumentando as escolhas. Apesar de possivelmente revolucionária no futuro, a plataforma não é ainda exatamente democrática: no Mãe de Deus, não é coberta por planos ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Encontro
A apresentação do Watson, feita pelo oncologista Matheus Ferla, foi uma das atividades da programação do 6º Encontro de Jornalistas do Hospital Mãe de Deus, realizado no último dia 10, no Hotel Blue Tree Tower, em Porto Alegre. Com a presença de profissionais de imprensa de todo o Brasil, o Diário Popular entre eles, o curso teve como objetivo atualizar repórteres sobre as principais novidades acerca do câncer no mundo da medicina.

A primeira atividade foi palestra com o médico Stephen Stefani, oncologista e pesquisador do Mãe de Deus. Na pauta, os avanços na área, com ênfase para a imunoterapia, tratamento que, de acordo com a Sociedade Americana de Oncologia Clínica, é a mais promissora no momento no combate aos tumores malignos. O médico também emitiu alertas: hoje, 8,8 milhões de pessoas morrem de câncer no mundo e o número aumentará até 2030, quando superará as doenças cardiovasculares como principal causa de morte no Brasil. O custo mensal do tratamento também não anima: atualmente, passa dos 10 mil dólares.

Na sequência, os jornalistas foram provocados pelo médico Carlos Barrios, diretor do Mãe de Deus. Ele questionou a ênfase da imprensa em noticiar mortes ocorridas em crimes e acidentes de trânsito, ante aquelas em virtude de um câncer não tratado por ausência de tratamento. Além disso, destacou a importância das pesquisas no desenvolvimento de tratamentos.

Os convidados também ouviram o oncologista Fabiano Souza falar sobre a prevenção ao câncer. Ele a dividiu entre hábitos saudáveis - alimentação e atividades físicas, principalmente - e a realização de exames aliada à detecção precoce do tumor maligno.