Balneabilidade

Pontos impróprios para banho no Laranjal não impedem que veranistas entrem na água

Boletins do Projeto Balneabilidade são divulgados semanalmente, informando os pontos apropriados para banho nas praias do Estado

Foto: Carlos Queiroz - DP - Mesmo com a placa que sinaliza o local como inadequado, diversos veranistas seguem entrando na água

Por Victoria Meggiato
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Durante o verão, muito se fala em balneabilidade. Mas, afinal, o que é? As dúvidas da população ainda são muitas com relação ao assunto. Coordenado pela Fepam desde 1979, o Projeto Balneabilidade do Estado, que ocorre no verão, divulga boletins semanalmente para informar a situação das praias. O último destacou que a praia do Laranjal, em Pelotas, possui um ponto impróprio para banho, no Trapiche. Entretanto, mesmo com a placa que sinaliza o local como inadequado, diversos veranistas seguem entrando na água, a maioria crianças.

O termo balneabilidade se refere à capacidade de um corpo hídrico de propiciar, em suas águas, o banho recreativo e a prática de atividades esportivas, como natação e mergulho, ou seja, é a qualidade das águas destinadas ao contato primário. No Laranjal, desde que as análises começaram a ser feitas, os pontos impróprios diminuíram. No primeiro boletim, eram quatro pontos impróprios e, agora, apenas um.

Em um dia de semana, a reportagem foi até o Laranjal e flagrou crianças tomando banho nas proximidades do trapiche. Uma mulher, que não quis ser identificada, relatou que leva os filhos para tomar banho no Laranjal para que se divirtam um pouco e entrem em contato com a natureza. Além disso, ela afirma ser a única alternativa de uma programação diferente no verão.

Projeto Balneabilidade do Estado

Desenvolvido pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), o Projeto Balneabilidade do Rio Grande do Sul verifica a qualidade das águas nas praias do Estado, informando se elas estão próprias ou impróprias para banho. Para a classificação das águas como própria ou imprópria, são utilizados parâmetros de Escherichia coli (E.coli) definidos pelas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) 274/2000 e 357/2005. Nos balneários de Pelotas, de Tapes e na Lagoa do Peixoto, em Osório, também são consideradas as cianobactérias.

"Atualmente, são 91 pontos de coleta no Estado, contemplando águas internas e oceânicas de norte a sul do Rio Grande do Sul. Os pontos monitorados são indicados pelas prefeituras e selecionados pela Fepam, considerando o volume de banhistas e características ambientais", explica a coordenadora do projeto e analista geóloga Cátia Vaghetti, da Divisão de Planejamento Ambiental da Fepam.

O projeto segue até março e os dados dos boletins continuarão sendo divulgados todas as sextas-feiras, no site e nas mídias sociais da Fepam. Durante o verão, os avisos de local próprio ou impróprio para banho ficam em destaque em placas informativas fixadas nos pontos de coleta de água. Os veranistas também podem consultar os resultados das análises no web aplicativo Balneabilidade.

Proximidade dos pontos próprios e impróprios

Em Pelotas, a equipe do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) realiza a coleta da água e as análises, enviando os resultados para que a Fepam possa traçar os parâmetros e fazer a divulgação dos pontos próprios e impróprios aos banhistas. São oito pontos observados semanalmente, desde o trapiche até a Colônia-Z3.

O que muitas pessoas se questionam é como existir um ponto próprio e, logo ao lado, um impróprio. "Os pontos do Laranjal não são tão próximos assim. Os dois mais próximos estão a cerca de 300 metros de distância um do outro. Depois, temos distâncias de 500 metros, um quilômetro e um quilômetros entre eles", destaca Cátia.

Segundo ela, o que explica a diferença de resultados em qualquer cidade é que, em cada ponto, podem existir condições ambientais diferentes. "Em um trecho rodeado por mata e com baixa densidade populacional, provavelmente haverá menos esgoto chegando à água e, este tende a ser um ponto mais balneável. O inverso também ocorre. Entre um ponto e outro, a água contaminada se dissipa, ficando menos concentrada à medida que se afasta da área central de contaminação por esgoto", afirma.

O que leva um local a ficar impróprio?

Os motivos para que as águas fiquem impróprias podem ser vários. O professor da Engenharia Hídrica da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e diretor da Agência da Lagoa Mirim, Gilberto Collares, diz que a maioria da carga de efluentes produzida por Pelotas flui pelo canal São Gonçalo até a Laguna dos Patos. "Com isso, influenciado pelo regime de chuvas e, especialmente de ventos, a mistura do efluente com as águas da Laguna não se dá de forma homogênea em todo o corpo hídrico. Por isso, ao coletar em um ponto e analisar se observa condição imprópria e noutro próximo a condição própria", explica.

De acordo com Collares, as Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) auxiliam na qualificação do corpo hídrico. "A ETE Novo Mundo, ampliação e operação de ETEs no Laranjal, hoje um bairro bastante populoso, deve ter atenção dos gestores para que a Laguna - sua balneabilidade - induza ao turismo assim como outras atividades", salienta.

Para ele, além da condição da lagoa não ser favorável para banho, os esportes náuticos também são afetados diretamente pela qualidade da água. "Enquanto não tratarmos os efluentes produzidos nas áreas urbanas e também as cargas adicionadas aos lençóis freáticos, teremos problemas com a qualidade das nossas águas, a exemplo das águas do Arroio Pelotas", finaliza.

Recomendações aos banhistas

- Evitar tomar banho, nas primeiras 24 horas após chuvas intensas, em saídas de córregos ou rios que afluem nas praias, já que as águas podem estar contaminadas por esgotos domésticos

- Entrar na água apenas em locais com condição própria para banho

- Não entrar na água em locais com concentração de algas. Esses pontos podem conter toxinas prejudiciais à saúde.

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