Rural
População mais velha e menos área no campo
Resultado preliminar do Censo Agropecuário revela também redução no número de estabelecimentos e ainda mais homens no comando do segmento
Moizés Vasconcellos -
O Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) teve seus resultados iniciais divulgados nesta quinta-feira (26). Ainda em fase de análise, os dados brutos apontam em Pelotas, entre outras coisas, o envelhecimento da população rural e a diminuição do número de estabelecimentos computados, além de desequilíbrio entre número de homens e mulheres no comandando das propriedades. O levantamento foi realizado entre 1º de outubro do ano passado e 28 de fevereiro deste ano.
Em nível estadual, o coordenador técnico do censo agropecuário no Rio Grande do Sul, Cláudio Sant'Anna, mostra que é possível perceber um envelhecimento da população rural. Em 2006, ano do último censo, 17,3% da população rural possuía 65 anos de idade ou mais, agora este número chega a 23,1%. Já os jovens representavam 1,9% desta população em 2006, caindo para 1,2% agora. Para ele, os números são preocupantes, por termos uma população cada vez mais idosa. Em Pelotas, 3,6% da população possui menos de 30 anos de idade, enquanto 33,2% tem acima de 60.
A diferença na comparação por gênero também chama atenção. Se no último censo 2.684 das pessoas que dirigiam os estabelecimentos em Pelotas eram homens (87,6%) e apenas 379 mulheres (12,4%), houve um aumento ainda maior nessa diferença. Nos novos dados preliminares, são 2.377 homens e 317 mulheres, representando 88,2% dos proprietários do sexo masculino contra apenas 11,8% do sexo feminino. A discrepância racial também se destaca. Os índices preliminares apontam que em Pelotas, 2.606 produtores são brancos, enquanto apenas 46 são pretos, 38 pardos, três amarelos e um indígena.
Áreas diminuem
No censo de 2006 Pelotas tinha 105.960 hectares de terra. Atualmente, os dados divulgados apontam uma queda para 102.167 hectares. Para Sant'Anna, os dados ainda precisam passar por análises detalhadas de especialistas. No entanto, Pelotas vai na contramão do país, que apresentou um crescimento de 5% nas áreas totais. Ele crê que o uso do mapa digital ajudou a ampliar os horizontes e realizar melhor a verificação, explorando as estradas com auxílio da tecnologia. Na área total do município, 63,45% são de zonas rurais.
Outro dado que chama atenção é a grande diminuição do número de estabelecimentos agropecuários. Porém, isso tem uma motivação prática. Se em 2006 eram 3.596 em Pelotas, hoje são 2.697. Sant'Anna explica que, entre outros fatores, a mudança metodológica trouxe essa diferença. Anteriormente se uma pessoa possuía diversos estabelecimentos em uma mesma área, todos eram considerados. Agora, isso mudou, contando como apenas um. Além disso, se um funcionário tinha produção própria dentro do estabelecimento do patrão, era contado como uma outra área.
Diferença histórica
Sant'Anna aponta que pela primeira vez na história dos censos o Rio Grande do Sul possui menos de um milhão de habitantes em zonas rurais. Quanto às áreas, mostra que 84% dos estabelecimentos, abaixo de 50 hectares, ocupam apenas 20% do território, enquanto 16% são maiores que essa área, ocupando 80% do solo gaúcho. Na média geral, cada estabelecimento teria 59 hectares.
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