Em frente ao trapiche do Laranjal, a praça que leva o nome do ex-vereador Sidnei Fagundes, o Cid (PT), primeira pessoa com deficiência a ocupar um cargo na Câmara de Pelotas, tem um espaço vazio. Muitos talvez nem saibam que, na base de ferro já enferrujada e tomada por areia, deveria estar um carrossel inclusivo adaptado para cadeirantes. Inaugurado em dezembro de 2022, o brinquedo foi retirado poucos dias após a instalação devido a mau uso e vandalismo. Até hoje, nunca foi devolvido ao local.

O presidente do Conselho Municipal de Direitos da Pessoa com Deficiência, Michel Ribeiro, lamenta, principalmente, a falta de respeito com esses espaços e brinquedos tão importantes para a inclusão das pessoas com deficiência. "A comunidade reclama da falta desse brinquedo. O que mais incomoda é que é uma falta de respeito da própria população. É que nem quando eu vejo carros parados em vagas exclusivas, pergunto se tem algum passageiro com necessidade, e muitas vezes não tem. Falta empatia das pessoas", compara o presidente. Além do brinquedo que deveria estar no Laranjal, também há um carrossel inclusivo do mesmo modelo no parque Dom Antônio Zattera.

Quem vive no Laranjal e frequenta a praça, como as moradoras Quélen Salazar, 41, e Noeci da Cruz, 60, também lamenta a ausência do brinquedo e a falta de educação. "As mães das crianças que não precisariam estar no brinquedo deixavam eles irem lá. É também uma questão de educação, de dizer que não pode porque esse é o único brinquedo que as crianças com necessidades têm para brincar", opina Quélen. As duas apontam, também, outras situações em que isso ocorre, indicando que no letreiro do Laranjal, por exemplo, frequentemente crianças e até adultos sobem nas letras. "A população não ajuda", complementa Noeci.

O que diz a Prefeitura

Através da assessoria de comunicação, a secretária de Serviços Urbanos, Lúcia Amaro, informou que o brinquedo está em fase final de recuperação e deve ser reinstalado em seu local de origem ainda em janeiro e que o carrossel inclusivo do parque Dom Antônio Zattera está funcionando normalmente. A reportagem chegou a questionar a Prefeitura sobre a existência de outros espaços públicos com inclusão para crianças com deficiência, para entender onde estão estes locais e quais são eles, mas não obteve resposta.

Outras reivindicações

A condição geral de toda a praça Vereador Sidnei Matias Fagundes e especialmente do deck de madeira que rodeia o espaço também foi alvo de críticas das moradoras. As duas alertaram, principalmente, para o risco às crianças que, frequentemente descalças, correm, andam de patins, brincam e jogam bola no espaço. Pregos sobressalentes no deck, ripas de madeira desencontradas e afundamentos na estrutura são alguns pontos observados. "É um perigo esses pregos levantados, agora mesmo as crianças estavam correndo de pézinho descalço. Precisava de mais cuidado", pontua Noeci.