Impasse

Prédio histórico é alvo de vandalismo

Antiga sede da extinta Fundação Simon Bolívar enfrenta processo judicial há quase quatro anos

Carlos Queiroz -

Porta e vidros quebrados, paredes pichadas e detalhes nas janelas que já não existem mais. Esta é a atual situação do antigo prédio da extinta Fundação Simon Bolívar (FSB). A edificação, que por um tempo recebeu cursos de graduação da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), hoje está inutilizada e enfrentando um processo judicial. Como consequência, uma parte da história da cidade aos poucos se perde para o vandalismo.
Arion Franconi, 48, trabalhou na restauração da edificação em 2007 e lembra de algumas de suas características históricas, como as paredes de escaiola, uma técnica de acabamento que imita o mármore. Ele ressalta a presença de itens valiosos no interior do prédio, como luminárias, objetos em bronze e a fiação elétrica - materiais que, segundo o restaurador de edificações, podem despertar o interesse de ladrões.

Ao se deparar com uma parte da porta do edifício quebrada, Franconi ficou preocupado com a segurança do local. Para a reportagem do Diário Popular, ele mostrou ainda que as telas de proteção das gateiras dos porões (abertura de ventilação) acabaram apodrecendo, ficando estes protegidos somente por grades. O espaço que dá acesso ao interior do prédio está sendo utilizado como lixeira e o medo do restaurador é que os materiais possam pegar fogo, até mesmo devido a uma bagana de cigarro que possa ser jogada.
“Se deixar assim, logo vai estar precisando de uma restauração completa. Para um governo isso é um desincentivo, colocar R$ 15, R$ 20 milhões em uma coisa para depois ficar fechada e apodrecer de novo”, finaliza.

Impasse judicial

Pertencente à extinta FSB, o prédio que era utilizado pela UFPel enfrenta um processo judicial. Desde 2018, a edificação é administrada judicialmente por Luis Henrique Guarda, que foi incumbido de liquidar o patrimônio e pagar as dívidas da Fundação. O que sobrar do valor, será repassado à universidade.

Segundo o advogado, desde 2020 ele aguarda a resposta da instituição sobre sua proposta de lhe entregar a propriedade do prédio, mas, até agora, nada. A estrutura é avaliada em pouco mais de R$ 1,7 milhão. Com as dívidas praticamente quitadas pela universidade, caso a UFPel aceitasse a proposta, poderia fazer uso do local.

Após pedir um prazo para avaliar o valor de apreciação do imóvel, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Justiça determinou que a UFPel responda até o dia 19 de abril se aceita ou não a avaliação de preço.

Em relação à conservação da estrutura, Guarda informou que a responsabilidade é da universidade. “Eu não tenho muito o que fazer, pois o prédio não está em minha posse. Dependendo da solução, terá um custo e preciso de uma autorização judicial para fazer”, explica.

Contraponto

Ao contrário do que disse o advogado, a assessoria da reitora Isabela Andrade informou que a posse e a responsabilidade do prédio são de Luis Henrique Guarda e que, no momento, não há qualquer oferta para a entrega da propriedade da estrutura. “Em 2019 foi pensado algo neste sentido pela gestão passada e pelo liquidante. Contudo, o quadro que se desenhava naquele momento não permitiu avanços, pois não havia uma definição precisa dos valores devidos pela FSB”, apontou a assessoria.
Preocupada com a conservação do local, a universidade está encaminhando para a Procuradoria Federal - que a representa - um pedido para juntar na ação uma proposta em que a UFPel assuma a posse do prédio até o final do processo. Sobre o episódio de vandalismo, a assessoria informou que a instituição não tinha conhecimento do caso e que, apesar de não ser de sua responsabilidade, a superintendência de infraestrutura da instituição já foi orientada a averiguar o que está acontecendo.
A instituição, que tem interesse no prédio revelou que, caso consiga a posse do local, pretende realizar atividades que privilegiem o Centro Histórico da cidade. No entanto, primeiramente é necessário recuperar as condições do prédio.

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