Atualizada às 19h06min para acréscimo de informações

A prefeitura de Canguçu assumiu, na manhã de ontem, a direção do Hospital de Caridade local. A instituição, que estava sob administração provisória desde o encerramento do prazo para a eleição da diretoria, passa por grave crise financeira e chegou a suspender internações de todos os tipos entre os dias 5 e 20 deste mês. A administração pelo Poder Executivo se estenderá por seis meses e foi comemorada pelos funcionários.

A prefeitura já trabalhava concomitantemente com a direção provisória desde junho. Agora, após reunir recursos, tomou posse exclusiva do hospital, em decisão que será válida pelos próximos seis meses. Com cerca de R$ 1,4 milhão oriundos da prefeitura, da Câmara de Vereadores e de uma ação do Hospital de Caridade contra a União, foram quitados salários de funcionários que não eram pagos desde setembro - resta o pagamento do 13º e o total referente a dezembro, que vence em janeiro.

Ao Diário Popular, o prefeito de Canguçu, Vinícius Pegoraro (MDB), disse que também será feita uma auditoria financeira para que ao final do semestre se apresente uma solução para a grave crise financeira pela qual a instituição passa. Com déficit mensal de R$ 500 mil, o Hospital de Caridade de Canguçu soma uma dívida superior a R$ 25 milhões, causada, de acordo com a direção provisória e a prefeitura, pela falta de repasses do governo do Estado. No ano que vem, a prefeitura adicionará R$ 1,8 milhão aos repasses já feitos para a casa de saúde, além dos R$ 221.300,00 mensais hoje investidos.

No primeiro ato como interventor, Pegoraro nomeou como gerente do hospital o ex-coordenador regional de Saúde, Gabriel Andina. Também em contato com a reportagem, este afirmou que os próximos passos serão dados no sentido de reorganizar os processos de trabalho através da redução de despesas e do incremento de receitas. "Em paralelo, segue um planejamento para o futuro da instituição, que será apresentado tão logo seja concluído."

Entenda a crise
Já se vão pelo menos três anos desde que o Hospital de Caridade de Canguçu, antes uma referência na região, passou a se enfraquecer. De acordo com a atual coordenadora regional de Saúde, Rôdi Hartwig, por conta de má gestão. A prefeitura da cidade e a direção da casa, entretanto, culpam atrasos nos repasses estaduais - desde setembro, o montante mensal de R$ 300 mil, oriundo do governo gaúcho, tem sido pago de forma parcelada, e os R$ 150 mil de incentivo não estão sendo pagos. Neste período, serviços como a Maternidade e as internações chegaram ser suspensos.

Houve também diversas greves, tendo a última sido deflagrada em 22 de novembro. A partir de voto de confiança, os funcionários optaram por trégua na mobilização até o dia 2 de janeiro, quando uma nova assembleia deve ocorrer.