Pandemia

Primeira etapa do estudo liderado pela UFPel é concluída

Resultados servirão para ajudar o Rio Grande do Sul na decisão de estender ou flexibilizar o decreto que vence neste dia 15

Jô Folha -

Quarta-feira (15) serão conhecidos os primeiros resultados da pesquisa encabeçada pelo Centro de Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Esses dados servirão de indicadores para manter ou flexibilizar o decreto do governo do Estado que vence neste dia 15. Nos últimos três dias, 4,5 mil pessoas de nove cidades do Rio Grande do Sul foram testadas através de um método rápido que mostra o resultado em cerca de 15 minutos. O estudo irá responder três perguntas: o percentual de infectados no Estado, a velocidade com que o vírus tem se espalhado e a letalidade da Covid-19.

Das nove cidades que participam - Pelotas, Santa Maria, Uruguaiana, Ijuí, Passo Fundo, Caxias do Sul, Santa Cruz do Sul, Porto Alegre e Canoas - seis delas, até a manhã desta segunda-feira (13), já tinham alcançado mais de 400 coletas e três menos de 400, sendo que Porto Alegre foi a que mais apresentou dificuldades, visto que tinha apenas 350 testagens realizadas, faltando ainda 150 para concluir a meta da primeira data de campo. Apesar disso, a projeção era que todos os testes necessários seriam realizados até o final da tarde desta segunda. As próximas etapas serão realizadas em intervalos de 15 dias, com inícios previstos para 25 de abril, 9 de maio e 23 de maio.

Segundo o coordenador-geral da pesquisa e reitor da UFPel, Pedro Hallal, o primeiro fim de semana de coletas foi positivo. "Cumpriu todas as nossas expectativas", afirmou. Além disso, Hallal complementa, antes mesmo de revelar os resultados, que é possível afirmar que a primeira fase foi realizada no momento certo, no início da pandemia no Estado. Sobre as dificuldades enfrentadas na primeira etapa, o reitor garante que foram normais e já esperadas. Como já é comum ocorrer em outros trabalhos de campo similares, os condomínios de alta renda são os que apresentam maiores obstáculos para realizar os testes. "Há um receio maior de abrir a porta para os entrevistadores, mas isso vem sendo superado", garantiu. A expectativa para o segundo inquérito populacional é ainda melhor que a do primeiro, visto que, segundo o pesquisador, é sempre mais tranquilo.

Um dos 25 pesquisadores é Ítalo De Leon, 29. Até o início da tarde desta segunda-feira, o biólogo já tinha realizado 25 coletas, faltando apenas cinco para cumprir o número estipulado. Até o momento em que a reportagem encontrou o entrevistador, nenhum resultado tinha sido positivo. Para conseguir as 25, ele relata que cerca de 40 residências foram visitadas. "Teve recusas, casas abandonadas e endereços incorretos", disse. Responsável por uma área do Areal, Jardim Europa, Bom Jesus e Dunas, De Leon conta que a maior dificuldade está em conseguir contato e ser recebido pelos moradores de condomínios. Os prós e os contras do primeiro fim de semana já eram esperados pelo biólogo, que pede cada vez mais receptividade dos entrevistados e entendimento da importância do estudo inédito.

Todos os profissionais comprometidos com o projeto, assim como De Leon, foram testados - e todas as medidas de prevenção recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) estão sendo seguidas por eles e pelos entrevistados. O profissional que está no campo carrega todos os equipamentos de proteção, além dos testes e de uma lixeira especial para descartar o material utilizado após a realização da coleta. A testagem é feita e em seguida o pesquisado responde um questionário; neste meio tempo, já é possível saber o resultado. Caso seja positivo, todos os moradores da casa são testados.

O estudo, coordenado pela UFPel, conta com o apoio do Ministério da Saúde e a parceria de outras 11 instituições de Ensino Superior públicas e privadas: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana), Universidade de Caxias do Sul (UCS); Universidade de Passo Fundo (UPF); Imed e Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo).

Relembre

Ao todo, 18 mil moradias serão visitadas no Estado, escolhidas de forma aleatória e com embasamento científico que segue critérios da OMS. As residências estarão localizadas em oito regiões definidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

As quatro rodadas de saída de campo ocorrerão em um intervalo total de 45 dias, para permitir a análise da evolução quinzenal da prevalência de infectados no Rio Grande do Sul. O Ministério da Saúde já confirmou que quer replicar o estudo para todo o país. Uma oportunidade de ter a dimensão do cenário. E o mais interessante: o levantamento também permitirá conhecer o perfil de quem tem contraído a doença no Brasil, com dados sobre sexo, idade e nível socioeconômico

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