Patrimônio

Projeto busca tornar o estuário da Lagoa dos Patos em geoparque

Os esforços buscam a promoção das belezas singulares da paisagem natural para o geoturismo e o reconhecimento pela Unesco; engajamento da população também é essencial

Foto: Adriano Simon - Especial - DP - Arroio São Gonçalo (ao lado) e o Pontal da Barra (abaixo) fazem parte do estuário da região

Com o propósito de valorizar o patrimônio natural e cultural do estuário da Lagoa dos Patos, um projeto de extensão multidisciplinar da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) busca tornar a área um geoparque reconhecido pela Unesco. Batizado como Paisagem das Águas, a iniciativa nasceu com o propósito de difundir a importância da preservação dessa paisagem, assim como incentivar o turismo sustentável e o desenvolvimento regional. Recentemente, dois geoparques foram reconhecidos pelas Nações Unidas no Estado, sendo localizados em Santa Maria e Caçapava do Sul.

As singularidades naturais da região do estuário da Lagoa dos Patos, abrangendo, além de Pelotas, municípios como Rio Grande, São José do Norte e São Lourenço do Sul, são características que atendem aos requisitos da Unesco para a candidatura ao reconhecimento pela entidade de geoparque. Conforme o professor da faculdade de Geografia da UFPel e coordenador do projeto, Adriano Simon, o estuário da região sul é um dos maiores do mundo. Ele explica que a paisagem da Lagoa é formada por águas doces que vêm de arroios e rios, que se conectam constantemente com o oceano Atlântico por meio dos molhes da barra. “Isso por si só demarca a relevância desse ambiente para que ele seja conservado e melhor interpretado pela população regional”, destaca.

Neste sentido, a implementação de um geoparque conduz à intensificação de ações de turismo, promovendo maior visibilidade e desenvolvimento econômico na região. De acordo com Simon, a valorização de patrimônios naturais agregada a práticas humanas sustentáveis também é justamente objetivo da agenda da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP-30), que será sediada no Brasil. Além disso, a busca pela validação da Unesco é devido ao reconhecimento internacional de conservação que o estuário da Lagoa dos Patos receberá. “A gente espera tornar a região mais atrativa tanto para conhecer esses elementos naturais, mas também para o aproveitamento de estruturas que já existem nessa região, desde turismo, passando pela culinária, pelo patrimônio cultural, que também é associado ao patrimônio natural”, explica Simon.

Para alcançar a chancela da Unesco, o professor diz que a proposta do geoparque está sendo trabalhada junto com a pró-reitoria de extensão em cultura da UFPel e com os demais Municípios, que têm territórios no estuário. Outra ação importante para viabilizar esse objetivo é o engajamento da população da região, assim como do interesse do poder público. “Estamos muito embalados pelas conquistas que o geoparque Caçapava do Sul e o Quarta Colônia tiveram na semana passada”, diz o coordenador.

Geoturismo
Já a participante do projeto e mestre em geografia, Victoria Paganotto, ressalta que a implementação do Geoparque Paisagem da Águas torna o território voltado ao turismo científico. “Envolve tudo do turismo: as viagens, trilhas, passeios, esportes, restaurantes, hotéis. Porém tudo isso é centrado na natureza não viva, na geodiversidade. Basta a determinação das pessoas e das entidades para promover o desenvolvimento sustentável pautado na perspectiva do geoturismo”.

Simon ressalta que para constituir o geoparque, são necessários esforços de médio a longo prazo, que demanda a existência de uma identidade da população local com os ambientes naturais, como o estuário. Desse modo, o projeto vem buscando mobilizar a sociedade por meio de ações como “geoparque na rua!”, que integra o projeto da Prefeitura de Pelotas, Ruas de Lazer. “Para que a sociedade entenda que vive em uma paisagem singular e excepcional e que tanto a preservação quanto o uso sustentável pode trazer novas possibilidades de renda”.

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