Estímulo

Projeto Mãos Que Movem leva o mercado financeiro à periferia

Iniciativa busca formar jovens de comunidades vulneráveis para o ingresso na carreira bancária

Foto: Carlos Queiroz - DP - Atividades ocorrem duas vezes por semana no CEU Dunas

Uma oportunidade. É apenas isso que o recém-criado projeto Mãos Que Movem busca conseguir. Idealizado por uma gerente bancária, a iniciativa quer garantir para jovens de comunidades pelotenses a certificação necessária para ingressar na carreira bancária. Na sede do Comitê de Desenvolvimento do Dunas (CDD), a primeira turma, formada por dez jovens do bairro, já está fazendo a formação e sonhando em alçar voos mais altos.

A ideia nasceu com a gerente Mariana Garcia, natural de São Paulo, que veio a Pelotas à trabalho e se deparou com uma falta de diversidade no mercado de trabalho. “Tive que contratar pessoas daqui e tive dificuldade de encontrar pessoas com o perfil que queria, de ter uma agência diversa”, observa. A partir daí, passou a buscar uma forma de inserir pessoas de bairros mais vulneráveis da cidade nesse universo. “Será que essas pessoas, passando na rua e vendo todos esses bancos, sabem que podem estar lá dentro trabalhando como gerentes, assistentes, estagiários?”, indaga.

Com a ajuda do CDD na seleção dos jovens interessados, se formou a primeira turma do projeto. “Inicialmente, para entrar no banco, precisa ter uma certificação chamada CPA10, que é o básico do mercado financeiro”, explica Mariana. Com dois encontros semanais, que incluem aulas e simulados, a ideia é preparar os jovens para fazer a prova ainda este ano. Para a gerente, o objetivo principal é mostrar aos jovens que esse espaço pode, sim, ser ocupado por eles. “Não tenho vagas de trabalho para oferecer, estamos aqui para dar uma oportunidade. Eles não vão ter nada mais do que qualquer outro candidato, a não ser o lugar de onde vieram e a vontade de mudar de vida. Cada um quer ser o que quiser, mas essa certificação abre portas para várias coisas”, observa.

Chance única
Com idades entre 16 e 22 anos, nenhum dos jovens havia pensado antes na carreira bancária. Agora, reconhecem na certificação uma porta para o futuro, não necessariamente em uma instituição financeira, mas em uma realidade melhor. “Se eu não trabalhar com isso, vai ser aprendizado e servir para o meu futuro”, diz a estudante Emily Hellen, 18, uma das participantes do projeto, que está finalizando o ensino médio e trabalhando com alongamento de unhas.

Assim como a colega Alice Lauane, 18, a jovem agarrou a oportunidade assim que a viu. “Essa oportunidade, aqui, a gente não tem. Nunca teve ninguém próximo de nós com essa chance de trabalhar em banco”, observa. O estudante Endriw Marques, 17, também viu no curso um caminho para o tão sonhado emprego. “Quero conseguir um emprego, acho que não dá pra deixar passar uma oportunidade assim”, afirma.


Faça parte também
O projeto tem custo estimado em R$ 10 mil para cada turma de dez alunos. Enquanto o curso preparatório para a CPA10 custa R$ 440 por aluno, a prova em si, realizada apenas em Porto Alegre, custa R$ 250. Se somam a esses valores os custos com passagens e alimentação dos jovens. A ideia saiu do papel graças à vontade de mudança, que contagiou a equipe de Mariana e outros parceiros. O professor Lucas Silva, que dá a preparação online para o curso, garantiu as dez bolsas de estudo. O material de estudo foi doado pela papelaria Clip Pelotas e o Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região entrou como parceiro para auxiliar na inserção dos jovens no mercado.

“Não vamos soltar a mão deles enquanto eles não conseguirem. Essa é a primeira turma e eu não penso em fazer só essa turma aqui no Dunas. Quero atingir todas as comunidades que conseguir aqui em Pelotas”, observa Mariana. Para auxiliar o projeto, é possível fazer doações para a chave pix [email protected]. Outras formas de auxílio e parceria também podem ser feitas, basta entrar em contato através da conta do projeto no Instagram (@maos.que.movem).

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