Ensino público
Quase 20 professores ainda precisarão ser contratados para rede estadual na região
Aumento de quase seis mil alunos entre os 18 municípios da área de cobertura da 5ª CRE ajudaria a explicar parte dos problemas com pessoal
Pelo menos 19 professores ainda precisarão ser contratados para dar conta da demanda das 125 escolas da rede estadual instaladas em 18 municípios da Zona Sul. Só em 2022, 34 profissionais já foram chamados para tentar montar o quebra-cabeça, que ainda apresenta buracos como o Diário Popular mostrou na edição de ontem, com várias disciplinas desfalcadas. Uma das principais explicações para a necessidade de reforços nas equipes é o aumento do número de alunos; garante a titular da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (5ª CRE), Alice Szezepanski. O acréscimo chegou a 17%, com cerca de seis mil estudantes a mais neste ano.
A crise financeira deixada pela pandemia seria um dos panos de fundo para tentar entender a procura concentrada pela rede pública de ensino. Só no Instituto de Educação Assis Brasil (IEAB) em Pelotas, por exemplo, o inchaço foi de 500 alunos. Daí a necessidade de reorganização. Uma outra variável também ajuda a justificar os ajustes e a criação de novas turmas: é o fato de os estudantes não terem sido reprovados.
"Acabou não tendo este gargalo. Em uma escola que tinha duas turmas de 9º Ano, por exemplo, o normal era ter apenas uma turma maior de 1º Ano do Médio. Agora, não foi suficiente", ressalta a coordenadora. "Tínhamos uma previsão do que ocorreria, mas não tínhamos precisão. O fluxo foi muito maior do que imaginávamos", reitera Alice.
No caso específico do IEAB, a maior instituição estadual da rede em Pelotas, a expectativa é de que as reacomodações no quadro realizadas no final da última semana - com apoio da 5ª CRE - somadas a mais um ou outro pedido já encaminhado à Secretaria de Educação do Estado (Seduc), em Porto Alegre, coloquem fim às manhãs com aulas pela metade; ora com entradas mais tarde, ora com saídas mais cedo por falta de professores.
Vagas temporárias não podem ser substituídas
Ao todo, 51 docentes estão afastados das atividades em decorrência de problemas de saúde na região. Detalhe: nas situações que envolvem atestados médicos, o governo não pode realizar contratações já que se tratam de vagas temporárias. Muitos dos casos, entretanto, se estendem, já que parte dos profissionais se reapresenta, mas volta ao afastamento, não raro, por períodos que ultrapassam os 30 dias. "Laudos médicos não são questionados, mas vamos ficando com estas lacunas", explica a titular da 5ª CRE.
Cargo de monitor não existe
Não são poucas as reivindicações por monitores. Como o DP mostrou na edição de ontem, na Escola Obelisco, no bairro Areal, não há nenhum profissional à disposição. Na Joaquim Duval, apesar de mais de 750 alunos nos três turnos, o quadro conta apenas com um monitor para dar conta de toda a movimentação. A tendência, entretanto, é de que nenhuma dessas demandas seja atendida. "Não temos este cargo no quadro, para esses casos de controle de fluxo dos estudantes pela escola. Só temos a figura do monitor para acompanhar alunos com laudo", afirma Alice.
Quando questionada quem, então, deve suprir a tarefa, a coordenadora foi taxativa: diretores, vice-diretores e orientadores educacionais. "Em situações como o recreio, em que estão mais à vontade, torna-se uma bela oportunidade para acompanhar as relações socioafetivas dos nossos alunos".
Levantamento definiu quais as obras urgentes
- Félix da Cunha: A obra, aguardada há mais de quatro anos pela comunidade escolar, deve finalmente sair do papel. O recurso de R$ 326.860,81 está assegurado e o próximo passo será a assinatura do contrato. Um segundo processo licitatório precisou ser realizado no ano passado, após problemas na licitação de 2020. A estimativa, portanto, é de que a recuperação do prédio comece ainda neste semestre - estima a 5ª CRE.
É o que também espera a instituição. Com parte dos ambientes interditados, espaços também de ensino e extraclasse ficam comprometidos. Sala de letramento acompanhada de banheiro adaptado, brinquedoteca, projeto de xadrez e sala da banda. Tudo deixou de existir, por falta de espaço para as readequações.
- Obelisco: A construção do muro, tão aguardada pela escola do bairro Areal, também desponta entre as intervenções emergenciais. A solicitação já foi efetuada à Seduc - garante Alice Szezepanski - e agora aguarda-se o contrato. "Essa definição levou em conta as situações que representam mais risco e tem impacto, inclusive, pedagógico", explica. E é, exatamente, o que ocorre ali. Enquanto a obra segue emperrada, os alunos ficam sem recreio e sem espaço ampliada para as atividades de Educação Física.
- Ciep, Dom João Braga e Carlos Alberto Ribas: As três instituições também integram a lista de obras urgentes. Na Osmar da Rocha Grafulha, o Ciep, o contrato para eliminar fissuras na construção deve ser assinado em breve. O mesmo deve ocorrer com o Dom João Braga, que receberá esperada atenção ao muro. Já na cidade de Jaguarão, o prédio histórico da Escola Carlos Alberto Ribas também está na mira. Com aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), as obras - que provocaram interdição parcial - também prometem começar em breve.
- Na Luís Carlos Corrêa da Silva, verba já está à disposição: Uma verba extra de R$ 60.741,47 disponibilizada no mês de janeiro, informa a 5ª CRE, já deveria ter sido aplicada para os reparos fundamentais no telhado para evitar transtornos ocasionados a cada chuva mais forte. "Reformas e manutenções desse tipo, assim como o buraco no muro são itens que já deveriam ter sido feitos com este recurso", argumenta a coordenadora.
Na última quarta-feira, quando o Diário Popular esteve na Luís Carlos Corrêa da Silva, na Cohab Guabiroba, a equipe da escola destacou que ainda não havia data definida para o início das melhorias.
Confira outros temas que estão no radar
- Segurança: Uma reunião na próxima semana deve colocar lado a lado a titular da 5ª CRE e o comandante do 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM), major Paulo Renato Scherdien. Na pauta, maneiras de qualificar a ronda escolar, que não tem dado conta dos chamados da rede estadual. Na Escola Joaquim Duval, por exemplo, o tema segurança é apontado como a grande prioridade no momento. Desde o começo do ano letivo, em 21 de fevereiro, pelo menos três episódios de violência foram registrados no turno da tarde, entre alunos do Ensino Fundamental. E ainda que as brigas tenham ocorrido do lado de fora da instituição, a situação provoca alerta.
- Cursos para gestão e bolsas de formação: O governo do Estado deve realizar cursos direcionados às novas direções das escolas, com foco em "consciência de gestão". Bolsas de formação também serão oferecidas, com valores que variam de R$ 200,00 a R$ 300,00, por ciclo realizado, conforme o adiantamento de ensino; dos Anos Iniciais do Fundamental ao Médio. Para os supervisores, o valor é de R$ 500,00.
Veja alguns números da região
* Profissionais já contratados: 60
- Professores: 34 - 20 para atuar em Pelotas
- Funcionários: 26
* Profissionais que ainda precisam ser contratados: 37
- Professores: 19
- Funcionários: 18
* Profissionais afastados: 85
- Professores: 51 - 32 vinculados a escolas de Pelotas
- Funcionários: 34
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