Ensino público
Cpers dispara críticas à demora em obras e ao novo Ensino Médio
A forma de cálculo do governo para conceder 32% de reajuste aos professores também gera descontentamento e Sindicato já prepara ação judicial
Carlos Queiroz -
Três temas centrais compõem a caravana do Cpers-Sindicato pelo Estado: problemas estruturais das escolas, críticas ao novo modelo de Ensino Médio e preparativos para a assembleia geral da categoria, agendada para o dia 1º de abril, na capital. O departamento jurídico da entidade, inclusive, já prepara uma ação para tentar derrubar a forma de cálculo instituída pelo governo - e aprovada pela Assembleia Legislativa - para conceder os 32% de reajuste para os professores. Cidades como Pelotas, Arroio Grande e São Lourenço do Sul receberam a presidente estadual do Cpers, Helenir Schürer, na última sexta-feira.
Instituições como o Félix da Cunha, na região do Porto, e Obelisco, no bairro Areal, que aguardam obras há anos, foram algumas das paradas obrigatórias. "Não tem como a gente admitir que as escolas continuem com os mesmos casos graves na estrutura que poderiam, muito bem, ter sido resolvidos durante os dois anos que elas estiveram fechadas", dispara Helenir, ao referir-se ao período de pandemia em que a rede não recebeu os estudantes.
O reajuste de 32% também está no alvo das críticas. Ao conversar com o Diário Popular, Helenir repetiu termos mais duros utilizados em material preparado pelo Cpers. "É uma mentira. Uma farsa. Uma falácia", sustenta. Apenas 14% dos educadores - em geral contratados e professores nomeados a partir de 2013 - teriam recebido, efetivamente, mais de 30% de aumento. Os demais teriam pago o próprio reajuste, através dos adicionais por tempo de serviço conquistados na carreira.
"Quando o governo concede o reajuste, no final de 2021, ele revoga o artigo 6% da lei do subsídio e mexe na nossa parcela de irredutibilidade", explica a presidente. "Por isso, estamos preparando ação para questionar o uso dos nossos triênios, que eram direito adquirido". No caso de cerca de 45 mil aposentados, por exemplo, o aumento teria sido, na prática, de apenas 5,53%. Os outros 26,47% foram calculados através dos adicionais.
Novo Ensino Médio deve gerar mobilização
Professores, pais e alunos devem começar a ser chamados para um grande debate com relação ao novo Ensino Médio. O fato de o novo currículo ter retirado diversos clássicos gera preocupação. Aulas de Sociologia, Filosofia, História e Geografia foram reduzidas. Educação Física só tem um período no 1º Ano e depois desaparece - pontua a presidente.
"Aquele conhecimento mais amplo que o ensino público deveria ofertar, porque é uma exigência de vestibular, do Enem, os nossos alunos não terão e ficarão com alta defasagem", afirma. O novo formato, inclusive, faria crescer o abismo entre as condições dos estudantes da escola pública e da rede particular na hora de disputar vaga nas universidades.
O Cpers também faz questão de lembrar que chegou a tentar sugerir alterações na proposta defendida pelo governo, mas não obteve sucesso. "É uma proposta empresarial, de gabinete, feita sem discutir com os professores, que agora estão tendo que trabalhar conteúdos para os quais não têm formação", afirma Helenir.
A presidente destaca a importância de reforçar e aumentar os conhecimentos em Português e Matemática, como está no novo modelo, mas defende a manutenção de conhecimentos das Humanas, suprimidos. Ao percorrer diferentes escolas da região, o Cpers garante que em um dos casos em que o percurso formativo escolhido foram as Mídias Sociais, a instituição sequer possui laboratório de Informática. "O que tá sendo proposto é um grande faz de conta".
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