Educação
Rede estadual de ensino ainda está no ano letivo de 2019
Várias instituições de Pelotas a da região recuperam o calendário de aulas do ano passado, após 57 dias de greve de funcionários e professores
Paulo Rossi -
Por: Daniel Batista e Rafaela Rosa
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Alunos da Rede Estadual de ensino estão terminado o ano letivo de 2019. Após a greve, de 57 dias, que terminou no último dia 14 de janeiro, escolas estaduais de Pelotas readequaram o calendário e retomaram as atividades para cumprirem os 200 dias letivos obrigatórios. De acordo com a 5ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), a maioria das instituições do município irá retornar as atividades de 2020 a partir do dia 10 de março. Para as escolas que não paralisaram, as atividades voltam em 17 de fevereiro
A coordenadora do departamento de Educação da 5ª CRE, Roselaine Cardoso, explica que o prazo de retorno deve considerar o período de 30 dias de férias obrigatórias. Para os professores, o intervalo deve ser de 45 dias, com os 15 dias restantes sendo cumpridos na metade do ano. “Com isso estão seguindo a legislação”, afirma. A estimativa da Coordenadoria é que das 52 escolas estaduais do município, 30 paralisaram total ou parcialmente as atividades, ocasionando a necessidade de extensão do calendário letivo para ao menos 13 mil alunos, dos 19,7 mil estudantes de escolas de educação fundamental ou de Ensino Médio da rede estadual em Pelotas.
Na Colégio Estadual Cassiano do Nascimento, a maior parte das aulas que está sendo recuperada envolve alunos do período da manhã, que teve maior adesão da greve entre funcionários e servidores. À tarde, o número de disciplinas ministradas é relativamente menor. Na terça-feira, somente alunos do 6º ano do local assistiram aula no período. O ano letivo da escola termina em 21 de fevereiro, com retorno previsto para 15 de março. No Instituto Estadual de Educação Assis Brasil, as aulas estão sendo ministradas de segunda a sábado para as turmas do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, e irão até o próximo dia 17. Houve uma revisão e em seguida a retomada do conteúdo, informa a coordenação do Ensino Fundamental da instituição. Os professores do Fundamental I, do pré ao 5º ano, não paralisaram as atividades e, por isso, cerca de 400 dos 1,2 mil alunos já estão de férias. O retorno, no entanto, será conjunto para os três níveis, em 19 de março.
Para as amigas Camily Kurz e Jaqueline Soares, a tarde da última terça-feira foi a oportunidade que necessitavam comparecer ao Instituto antes da férias, para a entrega de uma atividade de Geografia. Já aprovadas para o 8º ano, elas temem que parte do conteúdo visto após a retomada das aulas possa fazer falta na série seguinte. “Ainda faltou muita matéria”, contou Jaqueline.
Agora é de zero a dez
A partir do início do ano letivo de 2020 todas as escolas estaduais terão suas notas padronizadas entre zero e dez. A nova regra, criada pela Secretaria de Educação (Seduc), tem como objetivo facilitar a análise dos documentos e o entendimento da comunidade escolar. A razão da normativa é pelo fato que anteriormente existiam mais de 300 formas de expressão de resultado.
De acordo com a titular da 5ª Coordenadoria Regional de Educação (5ª CRE), Alice Maria Szezepanski, era muito difícil compor um histórico escolar, pois a menção, que é o que diz se o aluno está aprovado ou reprovado no final do ano, era feita de diferentes formas. Então, na tentativa de unificar e facilitar, a Seduc propôs a padronização de zero a dez para a expressão de resultado final. “Agora, todo aluno que for transferido terá o mesmo formato de resultado, tanto da escola de origem como da que está chegando”, explicou. A coordenadora acredita que, a partir de agora, haverá mais facilidade para entender os documentos, mas garante que o novo método não invalidará o processo de avaliação, que leva em conta o acompanhamento em tempo integral do aluno.
Quando a coordenadora fala sobre processo de avaliação, ela ressalta que qualquer avaliação é recorrente de um acompanhamento de aprendizagem ao longo dos trimestres. Ela afirma que mesmo tendo que colocar em números, as avaliações seguirão sendo contínuas, sistemáticas e integrais. “Quando se fala nisso, estamos preponderando os aspectos qualitativos sobre os quantitativos”, disse. Depois disso, existem os instrumentos de avaliação, esses podem ser dos mais variados possíveis, e se apresentam através de prova, trabalhos em grupo ou seminários. “Dentro da metodologia de cada professor, junto com a coordenação pedagógica da escola, será possível criar”, completou. Outro ponto destacado por Alice, é que na expressão final o único decimal que poderá ser usado é o cinco, ou seja, a nota nunca estará entre 9,1 e 9,4, por exemplo.
Na Escola Estadual Pedro Osório, as mudanças serão grandes. Há três anos o educandário avalia seus alunos por conceito, ou seja, em vez de notas os estudantes recebem a letra A para aprovado, a P para parcial e a letra R para reprovado. De acordo com a vice-diretora do turno da tarde, Raquel de Moraes, os conceitos geram dúvidas nos pais, que cotidianamente acabam questionando o porquê de cada letra. Para ela, a normativa irá facilitar alguns pontos, mas retroceder em outros. “Voltaremos a numerar alunos”, alertou. A profissional garante que o estudante não deixará de ser avaliado por sua evolução, seu empenho e sua interpretação, apenas será mais claro para ele entender onde precisa melhorar. Quem gostou da ideia foram eles. A vice-diretora disse que já é possível ouvir as conversas positivas nos corredores da escola. “Para os alunos a mudança é visível, poderão se autoavaliar e afirmar sua nota”, comentou.
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