Potencial

Região produz mais de metade da energia eólica do Estado

Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e Chuí concentram alguns dos principais complexos do tipo no RS

Foto: Gustavo Gargioni - Palacio Piratini - DP - Caminhos por onde cidadãos que vivem na vila Governaço circulam precisam de manutenção

O Rio Grande do Sul é o quinto estado em produção de energia eólica no Brasil. Atualmente, os 81 parques espalhados pelo Estado produzem 1,8 gigawatt (GW) de energia limpa produzida pelo vento. Destaque nesse setor, a região sul do Estado é responsável por mais da metade dessa produção, com 1 GW gerado em 47 empreendimentos distribuídos entre as cidades de Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e Chuí.

Geração de energia que poderia ser ainda mais significativa, já que, além dos parques em operação, existem outros 14 projetos aguardando para saírem do papel. Segundo painel disponibilizado pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) com dados a partir de 2019, três deles já receberam licença de instalação - em Pedras Altas, Pinheiro Machado e Santa Vitória do Palmar - e outros 11 têm apenas a licença prévia.

Dentre os empreendimentos projetados na região, há 73 parques em fase de autorização e instalação, com potencial de geração de 2,3 GW, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), do governo federal. A última edição do Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, publicada em 2014, aponta que o Estado possui potencial eólico de 103 GW a cem metros de altura. Já o potencial eólico sobre água, em lagoas ou no mar, o chamado offshore, é de 114 GW.

Apesar da expectativa pela consolidação dos projetos da região que seguem no papel, a Fepam argumentação haver lentidão na análise das licenças. Conforme o órgão ambiental, por serem projetos de grande porte, há uma demora natural na concretização. A Fundação afirma que o tempo médio de análise de cada licença é de 130 dias e que cada uma destas liberações envolve estudos complexos, em especial com relação ao impacto ambiental.

Desafios do setor
Luiz Gustavo Sant'Anna é vice-presidente da Renobrax, empresa que já executou projetos eólicos na região e, atualmente, tem outros dois sendo desenvolvidos. Entre eles, o da Serra dos Antunes, em Piratini, que é o ponto com vento mais fortes do Rio Grande do Sul e tem potencial de geração de 200 MW. Ele explica que os projetos são naturalmente demorados, pois envolvem etapas que vão desde a análise da potencialidade, a regularização das propriedades onde os aerogeradores serão instalados, até a elaboração de estudos e licenciamento até o financiamento das iniciativas.

"É um trabalho de formiguinha, que exige expertise técnica, e demora no mínimo quatro anos para o projeto estar maduro e ser viabilizado", explica. Ele diz ainda que, com os projetos elaborados, as empresas também buscam investidores interessados em aportar recursos nos empreendimentos. Para Sant'Anna, ainda há fatores que dificultam a celeridade para projetos eólicos saírem do papel, como a demanda de mercado no momento atual, em que há uma superoferta de energia no Brasil com os reservatórios das hidrelétricas em bons níveis. Outro grande empecilho para o avanço do setor na região nos últimos anos foi a falta de infraestrutura de transmissão para absorver a produção das usinas eólicas.

"O Rio Grande do Sul tinha chegado a um esgotamento das linhas de transmissão, não tinha como viabilizar novos parques eólicos e conectar na rede", analisa, pontuando que esse cenário deve se tornar mais favorável com a construção de novas linhas de transmissão nos próximos anos.

Impacto ambiental
O ambientalista Antônio Carlos Soler diz que é importante buscar fontes de energia alternativas diante das mudanças climáticas, mas ressalta ser necessário avaliar o impacto ambiental de novas iniciativas. Ele cita como exemplo a possibilidade de as estruturas eólicas causarem prejuízos à flora e à fauna da região e afetar o fluxo de aves migratórias. "Tem vários impactos, tanto durante o processo de construção, como posteriormente. Por isso é importante que esses estudos ambientais que são previstos na lei sejam feitos de forma que tenham uma profundidade técnica e científica adequada", defende.

Cenário
Professora do Centro de Engenharias da UFPel, Larissa Costa explica que, entre 2010 e 2020, a energia eólica passou a representar de 2% a 20% da produção de energia do País. Ela avalia que a região sul teve uma aceleração na construção de parques de aerogeradores a partir de 2014 e que agora o momento é favorável para a fronteira oeste do Estado. "É uma região que tem também um padrão de ventos bem consistente e onde estão a maior parte dos investimentos", diz.

Para o futuro, a professora projeta que a exploração de energia eólica offshore ditará os rumos do mercado de energia. "A gente precisa de uma energia limpa para a geração do hidrogênio, porque ele requer muita energia. É uma expectativa econômica grande para a região sul, mas os primeiros empreendimentos devem vir pelo ano de 2030", avalia.

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