Transporte de passageiros

Regulamentação do Uber em Pelotas deve entrar em pauta

Com aprovação na Câmara dos Deputados, prefeituras devem regular e fiscalizar o serviço dos apps

Gabriel Huth -

Está aprovado o texto final do projeto de lei que estabelece regras para os serviços de transporte por aplicativos, como Uber e Cabify. A versão, que agora será encaminhada à sanção presidencial, retira exigências como a placa vermelha e a necessidade de autorização específica do poder municipal para cada motorista. Ficou nas mãos das prefeituras, entretanto, o papel de regulamentar e fiscalizar a atividade. Foi a única das três emendas, propostas pelo Senado, derrubada pela Câmara dos Deputados.

Em Pelotas, a Procuradoria Geral do Município deverá aguardar a sanção para analisar ponto a ponto da nova legislação. Sem atropelos, a Secretaria de Transporte e Trânsito deverá começar a ouvir os motoristas de Uber e, em paralelo, também irá dialogar com os taxistas, na perspectiva de colocar as duas categorias em condições de igualdade para atuar - projeta o secretário Flávio Al-Alam.

"Ser contra o transporte por aplicativos é ser contra o que o consumidor quer e nós não vamos ir contra a população", sustenta. Aspectos, como a cobrança de impostos e as vistorias anuais tendem a compor a pauta de discussões daqui para frente.

Al-Alam lembrou, todavia, que as interferências que o município deverá fazer a partir da regulamentação precisam ter limites. Do contrário, o serviço realizado através dos aplicativos, considerado privado - pela lei federal de Mobilidade Urbana - poderia se aproximar demais do transporte individual de passageiros público, prestado pelos táxis. "E os táxis, por exemplo, precisam ser licitados".

O número limitado de licenças, a identificação dos veículos, a existência de ponto definido e a possibilidade de ser abordado por passageiros ao longo do caminho são, por sua vez, características do serviço prestado pelos taxistas.

A palavra dos motoristas por apps
Representantes de diferentes aplicativos de transporte manifestaram-se por nota desde a noite de quarta-feira (28), em comemoração ao resultado da votação da Câmara. Em Pelotas, não foi diferente. Na tarde desta quinta, motoristas da plataforma Uber conversaram com o DP.

"Estamos muito satisfeitos. Queremos cada vez mais que as pessoas entendam que a nossa atividade não é ilegal", defende Rodrigo Silveira. E, ainda que projetem um acirramento da disputa por mercado entre taxistas e motoristas de apps em Pelotas, os profissionais se preparam para a fase de tratativas com a prefeitura.

"Temos a preocupação, por exemplo, de não ser multados ao carregar passageiros com criança sem cadeirinha. Os nossos carros não são identificados", afirma Francis Farias, ao fazer referência à liberação de os táxis circularem sem cadeirinhas, bancos de elevação e bebê-conforto. A orientação, entretanto, é de que rodem rigorosamente dentro da lei fixada aos condutores em geral - destaca o secretário de Transporte e Trânsito. Carregar os equipamentos preventivamente, no porta-malas, seria uma das saídas para evitarem as penalidades.

A posição do Sinditaxi
O presidente do Sindicato dos Taxistas de Pelotas, Inildo Rediess, voltou a centrar o alvo nos passageiros, ao defender a qualidade dos serviços prestados. E foi além: mais do que se preocupar em manter a isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQn) e dos valores das vistorias anuais, a categoria quer fiscalização forte também sobre o transporte por aplicativos.

"A gente até não se opõe a pagar o Imposto. O que queremos mesmo é o combate aos clandestinos, que trabalham por fora", reforça.

Confira alguns pontos do projeto aprovado 
- Veículo e placa vermelha: A emenda aprovada pelos deputados retirou a obrigatoriedade de placa vermelha, assim como de o motorista vinculado ao aplicativo ser o proprietário, fiduciante ou arrendatário do veículo.

- Autorização: A emenda mais polêmica proposta pelo Senado - aprovada pela Câmara por 227 votos a 166 e 11 abstenções - excluiu do texto a necessidade de autorização específica emitida pelo poder público municipal ou distrital para a prestação do serviço nas cidades que optarem por regulamentar o serviço.

- Seguros e tributos: Os municípios terão de seguir três diretrizes na regulamentação
* Efetiva cobrança de tributos municipais pela prestação dos serviços.
* Exigência de seguro de acidentes pessoais de passageiros (APP) e de seguro obrigatório de veículos (DPVAT).
* Exigência de o motorista inscrever-se como contribuinte individual do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

- Requisitos
* Veículo deverá atender às características exigidas pela autoridade de trânsito e pelo poder público, com idade máxima estipulada pelo município.
* Carteira do motorista na categoria B ou superior, com informação de que exerce atividade remunerada.
* Os motoristas devem apresentar certidão negativa de antecedentes criminais.

Relembre
Na última terça-feira, motoristas da Uber e taxistas foram às ruas de Pelotas em carreatas distintas para pressionar pela votação que ocorreria na Câmara dos Deputados. O projeto de lei já havia sido aprovado no ano passado, mas retornou para análise dos deputados já que o Senado, ao votar o texto, modificou alguns trechos, com a apresentação de emendas. O texto final, que agora será encaminhado ao presidente da República, agradou em cheio os motoristas de aplicativos.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Acórdão do TCU pode paralisar obras da BR-116 Anterior

Acórdão do TCU pode paralisar obras da BR-116

Paciente do HUSFP cria informe publicitário e solidário Próximo

Paciente do HUSFP cria informe publicitário e solidário

Deixe seu comentário