A renda gerada por aposentados e pensionistas movimenta a economia de Pelotas e equivale a 17,3% do Produto Interno Bruto (PIB) médio dos últimos anos. Só em 2017, somados todos os recursos injetados pelo Regime Geral de Previdência Social, mais de R$ 1,2 bilhão ajudou a fazer girar a economia. O cálculo é de que quase 25% do que é consumido em comércio e serviços sai do bolso de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

"Para o município, a renda de aposentadorias é extremamente benéfica por representar entrada continuada de recursos", destaca o economista Erli Massaú. E acrescenta: "Do ponto de vista social, os aposentados, na verdade, estão contribuindo com o resultado de energias que anteriormente já geraram riquezas".

Um outro dado comprova o peso dos aposentados e pensionistas à economia de Pelotas. Juntos, somam mais de 68 mil pessoas - confira arte - e equivalem a 42,2% da População Economia Ativa. Se considerado o fato de que Pelotas também se beneficia de aposentadorias geradas no setor público, nos três níveis, já que tem alta concentração de instituições governamentais, a importância de quem já contribuiu com sua força de trabalho é ainda mais elevada.

Isso sem falar nos recursos injetados pelos aposentados dos municípios da Zona Sul - lembra Massaú. Como centro de consumo, Pelotas absorve 65% do mercado regional.

Entre o alívio da aposentadoria e a não contribuição
O pelotense Sérgio Adão Lima Acosta, 73, conversa com o Diário Popular cerca de cinco minutos, mas o suficiente para afirmar: "Recebo mais do que o salário mínimo. Dá pra me sentir um privilegiado". A aposentadoria veio há cerca de cinco anos, depois de uma carreira dedicada à construção civil, como pedreiro. Os primeiros anos de profissão foram como peão de estância, no 5º distrito de Canguçu, mas não contaram oficialmente como tempo de serviço.

Hoje, ao comentar sobre a importância da renda dos aposentados para economia da Zona Sul, Acosta logo exemplifica: "Acabo de comprar esse bom aparelho de som para levar pra casa", resume, sorridente.

Sem novas tentativas
O idoso Luiz Carlos Araújo, 73, não conquistou a aposentadoria. E, agora, já nem correrá para tentar viabilizá-la - admite ao DP. Ao longo dos anos, não chegou a contribuir com o INSS: "Não posso nem me queixar. Eu é que fui burro de não contribuir e lei é lei", resume. Desde 2005, entretanto, Araújo atua na área central de Pelotas com medição de pressão arterial; mais do que uma forma de complementar a renda da família. "É uma maneira de não ficar sem fazer nada."

Conheça alguns números do INSS em Pelotas

►Dezembro de 2017 
- Total de aposentadorias: 47.783
* Por idade: 19.342
* Por invalidez: 9.912
* Por tempo de contribuição: 18.529
- Pensões por morte: 20.278
- Auxílios: 3.458
- Outros benefícios: 159
- Total de benefícios previdenciários: 71.678
- Benefícios assistenciais e de legislação específica: 9.033
- Total: 80.711

►Recursos injetados por ano na economia, via INSS, em Pelotas
- Com o total de aposentadorias: R$ 787.597.423
* Por idade: R$ 249.988.910
* Por invalidez: R$ 142.103.968
* Por tempo de contribuição: R$ 395.504.545
- Pensões por morte: R$ 305.092.792
- Auxílios: R$ 52.849.279
- Outros benefícios: R$ 1.126.451
- Total de benefícios previdenciários: R$ 1.146.665.945
- Benefícios assistenciais e de legislação específica: R$ 99.642.316
- Total: R$ 1.246.308.262

►Saiba também
* A renda média mensal de aposentadorias e pensões, em Pelotas, é de R$ 1.338,00 por benefício pago; valor que se aproxima da média estadual - lembra o economista Erli Massaú.
* A quase totalidade dos recursos entra na economia municipal pelo consumo de bens e serviços - setor terciário -, principalmente em itens de alimentação e saúde.