Problemas
Repasses do Estado trazem poucas mudanças à saúde
Seis cidades da região receberam nos últimos dias, R$ 3,5 milhões em verbas do governo gaúcho
Paulo Rossi -
O governo do Estado, por meio da Secretaria Estadual da Saúde, anunciou o depósito de R$ 3,5 milhões de repasses para seis municípios da região. São R$ 2,4 milhões para hospitais e mais R$ 1,1 milhão para custear serviços de saúde das prefeituras em seus fundos municipais. No entanto, os valores não atenuam a crise vivida em alguns hospitais, nem representa grandes mudanças no panorama das cidades.
Os valores são referentes ao mês de março, para equilibrar diferenças de repasses previstos. Há alguns casos em que municípios ou hospitais afirmam ainda não terem recebido os depósitos. Confira, abaixo, o que cada um falou sobre os valores.
Canguçu
Hospital de Caridade: R$ 63 mil
Fundo municipal de saúde: R$ 147,3 mil
O caso mais grave talvez seja de Canguçu. O repasse no valor de R$ 63 mil ao Hospital de Caridade do município já foi recebido, mas o gestor da instituição, Mário Fonseca, referiu-se a ele como "um pinguinho, um respingo no mar de dívidas enfrentado". Isso porque as contas do hospital chegam aos R$ 25 milhões.
Sem expectativas de melhorias, as negociações com o Poder Público continuam, mas ele estima um aumento exponencial de R$ 280 mil/mês no passivo. Apesar de o valor ter ido para os gastos com pessoal, o hospital deve 35% da folha do mês de abril, toda a folha de maio, valores integrais do 13° salário de 2017 e quatro das seis parcelas do 13° salário de 2016.
O montante destinado ao fundo municipal de saúde, com valores de R$ 147,3 mil, também já foi depositado, segundo a secretária de Saúde do município, Miriam Neutzling. Apesar da indefinição de onde será aplicado, ela acredita que a grande maioria irá para a compra de serviços hospitalares.
Rio Grande
Santa Casa: R$ 766,8 mil
Fundo municipal de saúde: R$ 569,9 mil
O secretário de Saúde, Maicon Lemos, diz que o valor recebido pelo município vem em boa hora e será aplicado em três setores: saúde da família, Samu e atenção farmacêutica.
Ao comentar o caso da Santa Casa, disse que os repasses não resolveram grandes coisas, embora "todo valor seja bem-vindo". Há uma solicitação de aporte de R$ 3 milhões, ainda sem respostas. Os R$ 766,8 mil do fundo teriam sido usados para pagar os gastos com pessoal, pois os meses de abril e maio ainda estão em atraso. No entanto, os valores são considerados baixos, já que a folha mensal da instituição gira em torno dos R$ 2 milhões. Há expectativa da liberação de uma verba federal no valor de R$ 950 mil para a próxima semana, segundo o secretário. A equipe do Diário Popular não conseguiu contato com a administração da Santa Casa até o fechamento da edição.
São Lourenço do Sul
Santa Casa: R$ 249,1 mil
Fundo municipal de saúde: R$ 273,7 mil
A secretária de Saúde, Arita Bergmann, afirmou que o depósito do fundo municipal de saúde ainda não foi feito, exceto R$ 17 mil destinados ao programa Primeira Infância Menor. Atualmente, o Estado possui uma dívida acima do R$ 2 milhões com São Lourenço do Sul, segundo ela. Questionada sobre a expectativa de quando receberá o repasse, ela diz não saber, mas considera o valor necessário, embora ainda não haja uma área específica para ele ser destinado. Já a Santa Casa apenas limitou-se a confirmar o recebimento total dos valores. Arita afirma que o Estado deve R$ 1,16 milhão para a instituição, referente aos meses de abril e maio.
Pedro Osório
Santa Casa: R$ 16 mil
Fundo municipal de saúde: R$ 27,2 mil
O prefeito Moacir Alves (MDB) confirmou o recebimento dos valores, a serem repassados para custeio de serviços hospitalares no município. Já o provedor da Santa Casa, André Bandeira, disse que os R$ 16 mil foram usados como parte do valor destinado à elaboração de um Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) para a instituição. "Ou fazíamos isso, ou fechava o hospital", pontuou, destacando a necessidade da liberação dos bombeiros para manter contratos com o governo. Segundo ele, o hospital, mesmo com dificuldades, ainda está se mantendo sem dívidas.
Jaguarão
Santa Casa: R$ 108,8 mil
Fundo municipal de saúde: R$ 90 mil
Assim como em São Lourenço do Sul, o fundo municipal de saúde ainda não recebeu os repasses, segundo o prefeito Favio Telis (MDB). Ele diz não saber quando o valor será depositado, mas quando ocorrer, pretende investir nos postos de saúde e em equipamentos.
Já na Santa Casa, a administradora da instituição Luisiane Costa Pinto disse que os R$ 108,8 mil chegaram e foram usados para pagar 40% da folha de maio. Segundo ela, as dívidas da instituição chegam aos R$ 15 milhões e a saída está sendo reduzir custos.
Herval
Hospital Nossa Senhora da Glória: R$ 8,9 mil
Fundo municipal de saúde: R$ 36,1 mil
A administradora do hospital, Marina Araújo, disse que os repasses ainda não chegaram. Quando receber os valores, ela pretende usar para pagar fornecedores. "Eles ficam de pagar um X de valor, mas pagam às vezes 30%, às vezes 50%, aí a gente vai jogando com esses valores", conta. Segundo ela, a única dívida significativa do hospital é com a Receita Federal, mas o montante não foi revelado.
Já o secretário de Saúde, Carlos Dioner Azambuja, disse que os valores de custeio já vieram destinados à política de atenção básica. No seu ponto de vista, o último repasse que fez diferença significativa ao município foi em fevereiro, quando R$ 390 mil foram depositados.
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