Religião

Sem procissão, mas com muita fé

Em razão da pandemia do novo coronavírus, tradicional carreata a São Cristóvão foi cancelada; apenas uma missa será celebrada no sábado

Jô Folha -

Tradicionalmente, o 25 de julho conta com as celebrações daqueles que levam comida à mesa dos brasileiros: é o dia do Colono e do Motorista. A 35ª edição da carreata de benção do São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, foi suspensa por conta da pandemia da Covid-19. Neste ano, a homenagem será diferente: haverá apenas uma missa festiva, marcada para as 18h deste sábado (25), na Paróquia São Cristóvão, na rua Lindolfo Color, 80, com lotação máxima de 30 pessoas.

Todos os anos, a igreja realiza a benção aos motoristas e a procissão motorizada que parte da Marcílio Dias, nas Três Vendas, e enche as ruas da cidade com centenas de caminhoneiros, taxistas e viajantes em geral. Quem participa anualmente da comemoração, que conta também com almoço e reunião dos viajantes e familiares, fica com o pesar por conta da data. Armando Jaekel, coordenador de eventos da paróquia, lamenta a suspensão. “Os motoristas estão acostumados há 34 anos ter essa celebração”, conta.

A tradição nasceu em 1985, época em que os acidentes nas localidades eram tantos que o cruzamento próximo dali ganhou o apelido de Curva da Morte. A falta da festividade também implica no valor arrecadado pela paróquia, para ajudar nas despesas.

Motoristas vão pedir a benção em casa

São Cristóvão é o padroeiro que cuida das estradas, sempre atento aos viajantes. Desde 1974, Nelson Vergara é motorista de caminhão. Hoje ele possui a própria empresa no ramo das viagens de carga. “É uma tradição. Participo da procissão desde o início. Nos últimos anos estava ajudando também na organização”, comenta. Apesar da Covid-19, os caminhoneiros não cessaram o trabalho. “O Brasil só continuou funcionando porque os caminhoneiros seguem trabalhando. Se nós pararmos, o país inteiro para”, frisa ele, sobre a importância da categoria.

Agora, com os dias ainda mais complicados devido à pandemia, a reza antes de partir para uma viagem é pela estrada e a saúde, revela o motorista.

Quem também vai sentir falta da carreata é o José Schiavon, atualmente dono de uma oficina de manutenção de caminhões, ele trabalhou durante 25 anos na estrada. Apesar de atuar na área urbana, o santo ainda é uma presença constante em sua vida. “Eu cresci na religião católica e participo das celebrações de São Cristóvão desde a oitava edição. A minha vida não teria sentido se não fosse Deus e São Cristóvão”, ressalta.

História

São Cristóvão é o padroeiro dos motoristas e viajantes, aquele na qual os fiéis depositam suas convicções e rezam por proteção quando estão prestes a realizar percursos em cidades com trânsito intenso. Cristóvão significa “condutor de Cristo”; não é o nome de batismo da figura católica. A tradição iniciou há anos, quando Réprobo (nome de origem do santo) passou a auxiliar os passantes na travessia de um rio. Instalado próximo às margens, certo dia ele carregou um menino que, depois do difícil trajeto, descobriu ser Jesus Cristo. Com tamanha fé e devoção em ajudar o próximo, se tornou santo.

Parabéns aos Colonos

Atualmente, os colonos respondem por cerca de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) do RS. São esses pequenos agricultores que contribuem com mais da metade da riqueza do meio rural. Em Pelotas, cerca de 3,6 mil colonos, distribuídos em 74 comunidades, compõem o ramo da produção rural. Conforme ressalta o secretário de Desenvolvimento Rural, Jair Seidel, são diversas as etnias dos pequenos agricultores, desde pomeranos, italianos até franceses. Aproximadamente 70% dos alimentos consumidos diariamente são fruto do trabalho dessas pessoas. “Se estamos na cidade, nos alimentando tranquilamente, é graças ao pessoal que está trabalhando no campo”, diz. 

O 25 de julho virou o Dia do Colono em 1924, momento em que comemorava-se o centenário da vinda dos primeiros imigrantes ao Rio Grande do Sul. A data simboliza a chegada da primeira leva de habitantes na Feitoria Real do Linho Cânhamo, local que hoje fica a cidade de São Leopoldo.

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