Saúde
Testes em larga escala são fundamentais na retomada
Medida é citada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o Brasil, contra possíveis novas ondas de Covid-19
Por: Camila Boehm, da Agência Brasil
Com o objetivo de orientar a retomada das atividades nos países da América Latina após o término da etapa de confinamento, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgou no Brasil um documento que lista medidas tomadas para evitar novas ondas de Covid-19 por países que já superaram o pico de contágio. O uso de testes em grande escala é considerado ponto fundamental para o controle da pandemia e a identificação rápida de possíveis novas ondas.
A publicação Do confinamento à reabertura: considerações estratégicas para a retomada das atividades na América Latina e no Caribe no Contexto da Covid-19 demonstra que a transição com segurança para a próxima etapa exige uma série de condições. Apesar de cada país implementar diferentes estratégias na flexibilização do isolamento, existem pontos em comum entre aqueles que já avançaram na reabertura da economia, observados, por exemplo, na Ásia e na Europa.
Entre as condições observadas nos países desenvolvidos que iniciaram a reabertura, estão a redução sustentada, durante dias seguidos, de casos confirmados de Covid-19; leitos de UTI disponíveis; máscaras, higienizadores, respiradores e outros recursos em quantidade suficiente; e capacidade de testes em massa.
Além dos testes em larga escala, o BID destacou o monitoramento de contatos como medida de sucesso no combate à disseminação da doença. Em caso de contágios, considera-se importante dispor de uma base de dados que localize, avise e isole quem esteve no mesmo ambiente da pessoa doente. A Coreia do Sul, país citado na publicação, cruzou essas informações por meio de aplicativos no celular.
“O contexto é inédito, mas algumas experiências já estão postas. Enquanto as autoridades lutam para enfrentar a pandemia, é preciso que alguém esteja olhando para o que vem dando certo e o que pode ser melhorado, e temos orgulho de desempenhar esse papel”, disse Morgan Doyle, representante do BID no Brasil.
Segundo a instituição, a reabertura exige controle minucioso dos dados epidemiológicos e agilidade para voltar a restringir a circulação em determinadas áreas ou setores econômicos, se necessário. Com a reabertura de algumas atividades, a recomendação é para que haja reforço nas medidas de higiene, proteção e espaçamento entre as pessoas.
O que diz o documento
Os confinamentos estão afetando drasticamente a renda dos trabalhadores. Pesquisa do BID, realizada em 17 países da região, mostrou que muitos latino-americanos perderam emprego ou outros meios de subsistência, sendo que a situação mais grave foi observada nas famílias mais vulneráveis.
Entre aqueles que antes da crise tinham renda abaixo do salário mínimo, 59% disseram que algum integrante da família perdeu o emprego durante a pandemia e 43% daqueles que tinham um negócio relataram que tiveram de fechar.
Aqueles que recebiam renda de mais de seis salários mínimos tiveram perda de emprego em 15% das famílias e fechamento de empresas em 21%.
O BID avalia que esticar a quarentena tem custos econômicos de impacto, mas que reabrir sem meios para enfrentar a doença pode custar vidas.
Apesar de ter menos idosos - um dos grupos de risco da doença -, a região latino-americana tem maior prevalência de doenças crônicas, como diabetes, que também são agravantes para quadros de covid-19. No Brasil mais de 10% da população têm diabetes, número próximo à média da América Latina e Caribe, contra 6%, em média. da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) _ grupo de países desenvolvidos.
A região tem menos testes diagnósticos do que os países desenvolvidos e há mais gente morando em cada casa, ou seja, uma pessoa que sai para trabalhar pode contaminar mais gente no seu retorno. Segundo apontou o BID, são 3,4 pessoas por domicílio no Brasil, abaixo da média de 4,1 na América Latina, mas acima dos 2,5 observados na OCDE.
O levantamento alerta para o fato de que os países latino-americanos têm menor capacidade hospitalar - incluindo leitos de terapia intensiva (UTI) e respiradores -, o que aumenta o risco de colapso do sistema de saúde caso haja aumento na proporção de doentes graves. Em média, na América Latina e no Caribe há somente dois leitos para cada mil habitantes, inferior à média dos países da OCDE, que têm cerca de cinco leitos por mil habitantes.
Para relaxar o confinamento, a solução passa por expandir a capacidade hospitalar e de UTIs e controlar o número de casos.
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