Focada na saúde do idoso, Pelotas engajará pela primeira vez na Semana do Sono uma ação que ocorre há 12 anos no mundo e há pelo menos quatro no Brasil. Com o slogan Dormir bem é envelhecer com saúde, as ações desta semana promoverão atividades em asilos, voltadas a profissionais da área da Saúde. E no encerramento, uma caminhada aberta à população no próximo sábado.

Criada pela Associação Brasileira do Sono, que chancelou o evento em Pelotas, aliará grupos de profissionais da saúde, como pesquisadores, clínicos e terapeutas, para debater a temática. Segundo a coordenadora do Departamento de Medicina do Sono da Associação Gaúcha de Otorrinolaringologia (Assogot), Clarissa Castagno, o foco deste ano são os idosos, por ser um dos públicos mais atingidos por distúrbios no sono. Um dos principais fatores é que esta parcela da população acaba caindo em rotinas de inatividade. Assim, pela falta de práticas diurnas, como estímulos para realizar atividades com movimentação e também exercícios físicos, acaba sendo afetada na hora do corpo descansar à noite.

As visitas aos asilos servirão para orientar a respeito da saúde do sono, destacando a necessidade de aprimorar os hábitos e elucidando também cuidadores. Além disso, materiais serão distribuídos e questionários feitos para avaliar o panorama da saúde destas pessoas. "A ideia é fazer que todo mundo entenda a importância do sono. É uma questão que atua diretamente na saúde", explica Clarissa.

A médica explica também que todas as idades podem ser afetadas. "E a tua qualidade de vida diurna é totalmente ligada à questão do sono", garante. O hábito de exercícios físicos, a exposição adequada à luz e o controle do consumo de estimulantes são fatores de influência. O tempo na cama sem ser voltado ao sono também pode afetar na hora de dormir. Segundo ela, atividades como leitura, assistir a filmes ou navegar na internet devem ser feitas em outros espaços, deixando a cama apenas para deitar.

A privação do sono também se tornou um inimigo sempre presente. Pelas rotinas intensas e excesso de tecnologias, os impulsos se distraem, causando maus hábitos do sono, deixando-o desorganizado. Clarissa defende que há um tripé da qualidade de vida que precisa ser equilibrado: sono, alimentação e exercícios físicos.

Dormir é algo que se aprende na infância e, segundo a médica, entra no ciclo das 24 horas do dia, afetando, por exemplo, a produção de hormônios. As dificuldades para dormir são frequentemente reduzidas à definição de insônia, mas ela explica que existe mais de uma centena de distúrbios ligados a este hábito. Diversas atuações podem atenuá-los, como as citadas mudanças de hábitos. Indicativos destes problemas aparecem através de atitudes como ronco, bruxismo, falar ou se machucar enquanto dorme. Por isso, procurar ajuda médica é sempre necessária para mapear quais encaminhamentos precisam ser feitos.

Outros eventos
Além das visitas aos asilos, dois minicursos, abertos aos profissionais da Saúde, serão ministrados. O primeiro é nesta quarta-feira (13), a partir das 19h30min, na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Na sexta-feira, a Associação Médica de Pelotas receberá as palestras, a partir das 19h30min. Nesta quinta, a Associação de Pais de Down de Pelotas (Apadpel) também participará de uma roda de conversas, a partir das 19h, na Secretaria Municipal de Educação e Desporto (Smed). No sábado, o encerramento se dará com uma caminhada pelo sono, a partir das 9h, no largo Edmar Fetter, no Mercado Central.

Sintomas de potenciais distúrbios do sono
- Dificuldades persistentes de iniciar ou permanecer dormindo
- Sonolência diurna
- Fadiga ou baixa energia
- Declínio da memória
- Perturbação do humor
- Problemas comportamentais como impulsividade ou agressividade
- Prejuízo no funcionamento ocupacional ou social
- Comportamentos anormais durante o sono
- Comer de maneira não controlada durante a noite
- Aumento da probabilidade de erros e acidentes
- Despertar com falta de ar, roncos ou apneias testemunhadas
- Sensações desconfortáveis nas pernas na hora de dormir
- Ranger os dentes
- Acordar com dor de cabeça, nos maxilares ou regiões auriculares

Recomendações diurnas para um bom sono
- Acordar na mesma hora todos os dias
- Expor-se à luz durante o diante
- Perder peso em caso de sobrepeso
- Manter atividades físicas regulares
- Evitar ingestão de cafeína após o período da tarde e noite
- Não se preocupar em demasia com a possibilidade de insônia
- Evitar dirigir se estiver sonolento ou privado do sono
- Evitar comer e beber três horas antes de deitar
- Evitar álcool à noite
- Evitar o fumo e substâncias com nicotina entre quatro e seis horas antes de deitar
- Em caso de cochilos, escutar o corpo e ir mais cedo para a cama, ou manter-se alerta ficando em pé e realizando atividade física, se considerar cedo demais

Recomendações noturnas para um bom sono
- Ir para a cama com sono
- Manter uma rotina regular em preparação para dormir
- Manter o quarto escuro e silencioso à noite
- Caso haja necessidade de levantar durante a noite, procure usar lâmpadas adequadas, evitando luz branca ou azul
- Manter a temperatura do quarto confortável para iniciar e manter o sono
- Evitar o uso de medicação para o sono sem prescrição médica
- Melatonina pode ter benefícios, mas o médico deve ser consultado
- Conservar animais que perturbam o sono fora do quarto de dormir
- Evitar o uso de livros, TV, smartphone e outros na cama
Fonte: Cartilha do Sono