Inclusão
Socialização através das palavras
Universidade Federal de Pelotas (UFPel) oferece curso de português para estrangeiros no campus Anglo
Carlos Queiroz -
Acessível. As aulas são gratuitas e abertas a qualquer estrangeiro que queira participar (Foto: Carlos Queiroz - DP)
Quando chega a um país diferente, por oportunidade de estudo ou de trabalho, necessidade ou urgência, o estrangeiro encontra uma série de dificuldades. Adaptação à cultura, isolamento, preconceito. Todos estes obstáculos passam por um ponto em comum: o desconhecimento da língua nativa. Para contribuir com a estadia destas pessoas na cidade, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) oferece o curso de Português para Estrangeiros.
As turmas são formadas dede o ano passado e são divididas em aqueles que sabem o mínimo do idioma do Brasil e pessoas que intimidade alguma têm com ele. As inscrições, quando abertas, são voltadas à comunidade em geral, sem necessidade de vínculo com a universidade, e o principal público têm sido intercambistas, imigrantes e refugiados. As aulas ocorrem uma vez por semana com duas horas de duração no campus Anglo.
De acordo com a professora Vanessa Doumid Damasceno, coordenadora do projeto, o curso tem o papel de contribuir para que estrangeiros consigam agir e interagir na sociedade com mais facilidade. “Nosso objetivo é oportunizar que o idioma seja uma barreira a menos para eles.”
Além dela, três estudantes trabalham lecionando português aos alunos cujas nacionalidades vão da Argentina até o Paquistão passando por Haiti, Senegal e México. São elas Letícia Oliveira e Isabella Saracchini, do curso de Letras Português/Francês, e Thaís Rosa, acadêmica de Português/Inglês. São elas que pensam nas melhoras didáticas para ensinar um dos idiomas contemporâneos mais complexos - e as nuances dele. Sobre as dificuldades, as bolsistas destacam a ausência de um material específico para trabalhar o português voltado aos estrangeiros. “Tudo a gente acaba criando, através de pesquisa. E vamos aos poucos aprendendo com elas as melhoras formas de ensinar”, comenta Letícia.
Isabella, cuja turma que coordena começou em junho com cinco e hoje tem 24 alunos, destaca também os desafios de adaptar as aulas para desde pessoas com o espanhol como língua nativa, até aqueles que tem no urdu o idioma natural. “Mas eles são muito dispostos, sempre querem aprender”, salienta, destacando também a delícia que é, ensinando, aprender sobre culturas do mundo todo.
Na oralidade, o desafio
O professor Maguintontz Cedney Jean Baptiste é haitiano e realiza na UFPel mestrado em Fitossanidade. Ele, assim como a maior parte dos alunos, vê na língua falada a maior dificuldade dentro do português. Mas aprendê-la, ele diz, é necessário para vencer obstáculo ainda maior: os estereótipos que se criam em torno de quem vem do seu país.
Aprendizagem. O colombiano Norvey destaca a rara oportunidade (Foto: Carlos Queiroz - DP)
O colombiano Norvey Angulo, que trabalha em um restaurante de Pelotas, apresenta ainda outro ponto em relação ao curso: é uma rara oportunidade de aprender português na América do Sul. “Em meu país se ensina apenas o espanhol e o inglês. E isso é errado, pois somos irmãos, estamos mais próximos que os Estados Unidos e o Brasil é um país muito grande.”
Faça parte
As aulas de sexta-feira estão abertas para qualquer estrangeiro que queira participar. Elas ocorrem sempre às 18h no campus Anglo. Não é preciso inscrição.
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