De novo
Teleagendamento é adiado novamente
Marcação de consultas por telefone na rede municipal vem sendo protelada desde 2015
Paulo Rossi -
Público depende ainda da ida aos postos (Foto: Paulo Rossi)
Era para o final do ano de 2015. Depois, primeiro semestre de 2018. Agora, talvez, entre em funcionamento só no final do ano. Esta é a previsão atual da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) para o funcionamento do teleagendamento de consultas na rede pública. O que significa que, pelo menos durante mais alguns meses, a saída para conseguir conversar com um médico nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) é chegar cedo e enfrentar fila por uma vaga ou ir até o posto marcar pessoalmente para o dia e a hora disponíveis. Nada da facilidade de ligar, marcar e ir até o local no dia certo.
O motivo para que o serviço continue existindo apenas no projeto apresentado em fevereiro de 2015 e reiterado em maio de 2017 é mais comum do que se gostaria: atraso com trâmites burocráticos. "Estamos com o processo (de licitação) montado para aquisição do equipamento do teleagendamento. Deveria começar em julho, mas ainda não tenho como precisar a data para a abertura do processo", explica a secretária Ana Costa.
Enquanto aguarda até que possa contar com mesa de regulação e demais itens necessários para a central telefônica com até 15 atendentes, um supervisor e um enfermeiro regulador, a SMS tenta resolver outras questões também importantes. Uma delas é qual o sistema será usado como base para o serviço. Conforme Ana Costa, todos os postos de saúde já estão informatizados e têm acesso ao e-SUS (integração das informações dos pacientes com prontuários eletrônicos), o que facilitaria o trabalho. Contudo, o cadastro dos dados ainda é deficiente. "Estamos batalhando pelos cadastros reais para não haver erro. Também avaliamos usar o sistema oficial, o SisReg III (Sistema Nacional de Regulação) e poder fazer agendamento de tudo via sistema público. Ainda não temos resposta do Ministério da Saúde."
Atualmente são realizadas em média 25 mil consultas médicas por mês na rede pública de Pelotas. A projeção é de que, com o teleagendamento, este número poderia subir em até 20%, reduzindo o tempo de espera. "Teríamos ideia da real necessidade da população, pois hoje muita gente deixa de procurar um médico para prevenção e vai somente quando já está com algum problema mais sério", aponta o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Luiz Guilherme Belletti.
Enquanto isso, espera e problemas
No meio-tempo em que o teleagendamento não sai do papel, os usuários continuam madrugando na frente das UBSs em busca de atendimento, assim como acontece com o aposentado Adair Nogueira Carvalho, 58. Morador do Fragata, tem como referência em saúde a unidade PAM Fragata, na avenida Pinheiro Machado. "Nem tento marcar por telefone porque não é garantido. Mas para pegar ficha para falar com o doutor tenho que vir de manhã bem cedo, às 6h para esperar abrir", conta.
Mesmo que quisesse, Carvalho não conseguiria ligar para os profissionais do posto. Um cartaz no guichê de entrada deixa claro: "Nosso telefone está com defeito", indica. "Há dois meses estamos assim, ninguém consegue falar. Já avisamos algumas vezes, mas ainda não foi resolvido", diz um dos funcionários. Outro, mostrando o aviso, lembra da ironia de não ter um telefone à disposição enquanto se promete uma central para marcar consultas. "Em fevereiro fizeram uma reunião com todo mundo da saúde e disseram que o teleagendamento iria começar em breve. Depois disso..."
Outros problemas ainda mais sérios se acumulam na PAM Fragata. Há cerca de um mês o local não tem clínico geral para atender a população. A médica que havia entrou em licença e o substituto destinado na semana passada não está trabalhando por conta de um atestado. Com isso, todos os pacientes que precisam de uma consulta são encaminhados, conforme a gravidade, a outras UBSs, UPA Ferreira Viana ou Ubai Navegantes.
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