Por redação
[email protected]

Até janeiro de 2023, deve estar em funcionamento a transposição de água do arroio Pelotas para a barragem Santa Bárbara. O empreendimento do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep) está 80% pronto e custou aproximadamente R$ 500 mil. A obra é considerada um dos principais projetos de infraestrutura dos últimos anos. O objetivo é qualificar o abastecimento da cidade, principalmente em situações de escassez de chuva, para minimizar as consequências da estiagem que vem assolando o Estado.

Durante a visita à Estação de Tratamento de Água (ETA) Sinnott, a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) enfatizou a relevância da obra para o futuro do abastecimento da cidade. “É uma obra importantíssima para combater a seca que, nos últimos tempos, estamos enfrentando todos os anos, com uma repercussão negativa para a barragem. Precisamos trabalhar com planejamento e precaução para atenuar os riscos, e é isso que a construção da nova rede proporciona”, disse.

Mais de 300 litros de água bruta serão despejados, por segundo, na barragem Santa Bárbara. A diretora-presidente do Sanep, Michele Alsina, avalia que isso impactará no aumento de volume e em melhores condições de tratamento. “O arroio Pelotas já cumpre papel de destaque no sistema do Município, sendo fonte de abastecimento para as Três Vendas e o Laranjal. Agora, vamos aproveitá-lo ainda mais no desafio que é enfrentar a estiagem”, disse.

Para a transposição, novas tubulações estão sendo instaladas pela autarquia para conectar o ponto de origem, na zona rural, até o seu destino final, na área urbana. A água irá percorrer o caminho até a barragem por força da gravidade, passando por sangas, aberturas naturais e outros trechos que serão desobstruídos e aprofundados pelo Sanep. São aproximadamente cinco quilômetros de trajeto até alcançar a represa que abastece 60% da cidade.

Entenda
O Arroio Pelotas nasce do encontro dos arroios Quilombo e Caneleiras e é uma das principais fontes de água doce do município, atendendo a Estação de Tratamento Sinnott e a unidade móvel instalada no Laranjal. Apesar de ter a mesma origem, a água que será transposta está localizada em área distinta na bacia hidrográfica e distante do ponto atingido pela salinidade influenciada pela Lagoa dos Patos em certas épocas do ano. Não há risco de comprometimento da água que será conduzida à barragem.

Esse fato também levanta a questão da possibilidade de falta de abastecimento no Laranjal, problema antigo nos balneários. “A unidade móvel, que fica na avenida José Maria da Fontoura, surgiu em 2018 em função da crescente demanda na praia durante o verão, quando tivemos que captar água do canal do arroio Pelotas. Nesse ponto, ficamos à mercê da salinidade, pois com tempo seco, a água da Lagoa salga. É por isso que na temporada às vezes ocorre falta de abastecimento”, explicou Michele. A alternativa, segundo a presidente, seria voltar a captar água do reservatório do Vasco Pires, mas para isso é preciso investimento.

Por que não o canal São Gonçalo?
A opção está baseada em dois motivos principais: viabilidade técnica e econômica, já que a captação da água doce deveria ser feita, pelo menos, a mil metros da eclusa. O Sanep vai usufruir das águas do São Gonçalo com a entrada em operação da Estação São Gonçalo, um dos maiores projetos do município.

Conscientização
Michele ressalta que mesmo com esse investimento, a população de Pelotas precisa estar consciente de que, mesmo sem ter medidas de racionamento, é bom ter cautela com a utilização da água, pois o desperdício pode trazer consequências futuras. “Toda essa manobra é para não faltar água à população”.​