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Três meses na espera por uma cirurgia
Falta de leitos, de anestesia e de equipamento atrasam tratamento de paciente com câncer
Paulo Rossi -
Geraldo Dagoberto Berneira, de 54 anos, foi diagnosticado com câncer no esôfago há 4 meses. Desde então, sempre com apoio de sua irmã Maria Molina, batalha por um tratamento. Em julho, após uma série de exames, ele foi declarado apto para realizar cirurgia, que simbolizaria progresso no tratamento de sua enfermidade. Foi quando os entraves burocráticos começaram.
Com a cirurgia aprovada, é necessária uma solicitação padrão juntamente ao bloco cirúrgico do Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), onde ele realiza seu tratamento. Segundo a família, a falta de equipamento, a troca e a falta de médicos e a falta de anestesia foram as justificativas apresentadas para a demora no agendamento da cirurgia, já aguardada por três meses.
Ainda sem data marcada sequer para os exames pré-operatórios, Geraldo vê sua situação se agravar a cada dia. Além das dores físicas, naturais decorrentes da doença, Maria conta que a demora está afetando também o bem-estar psicológico do irmão. “A culpa não é das pessoas. A gente vê todo mundo cooperando com a causa, as pessoas e os médicos. O problema é o sistema mesmo, a falta de leitos, de equipamentos, de verba”, comenta.
A família cogitou buscar o direito pela cirurgia na Justiça, mas se deparou com mais uma lista de entraves burocráticos. Isso porque para entrar com a solicitação do procedimento junto à Defensoria Pública, Maria e Geraldo precisariam de documentos e assinaturas dos mesmos que, no momento, tratam a situação com falta de agilidade. “A gente sabe que o nosso irmão não é o único, que existem outras pessoas em situação semelhante ou até pior, em casos de mais emergência. A gente entende, mas precisa resolver essa situação.”
Enquanto aguarda pela cirurgia, Geraldo fica em casa e utiliza medicação apenas para amenizar a dor. Com dificuldades para se comunicar, ele manifesta a indignação por estar ciente da doença há quatro meses e não ter resolução alguma.
O HE-UFPel se manifestou através de sua assessoria. Segundo a instituição, o paciente Geraldo Dagoberto Berneira entrou na lista de espera por uma cirurgia no dia 30 de setembro deste ano. O hospital afirma que agendamento de cirurgias oncológicas é uma unidade de grande demanda, com uma espera média de dois meses. O hospital ressalta ainda que a unidade está tomando as medidas necessárias para aumentar o quantitativo de profissionais no setor, por meio de convocação em concurso público vigente, e reduzir o tempo de espera pelo agendamento.
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