Educação

UFPel estuda possibilidade de começar ensino à distância em junho

Proposta de calendário alternativo inclui módulos de disciplinas em 12 semanas; modalidade não substitui as aulas presenciais

Carlos Queiroz -

Enquanto a principal recomendação frente à pandemia da Covid-19 é o isolamento social, a Universidade Federal de Pelotas, por meio das unidades acadêmicas, coordenadores e alunos, estuda a viabilidade de implementar o ensino a distância. De acordo com a Pró-reitoria de Ensino, a proposta de um calendário alternativo não é uma substituição ao ensino regular e presencial e, se aprovado no Conselho Coordenador do Ensino, da Pesquisa e da Extensão (Cocepe), será iniciado em junho. Na última segunda-feira (27), após reunião com o Diretório Central dos Estudantes (DCE), a gestão da UFPel realizou transmissão ao vivo pelo Facebook para explicar as propostas e responder dúvidas dos alunos.

Os debates sobre o tema, no entanto, começaram ainda em março, conforme o aumento da curva de infectados no país, números que tendem a subir ainda mais. Sem respostas quanto ao retorno presencial das aulas, alternativas precisaram entrar em pauta. “Tínhamos que propor algo. O calendário alternativo é uma antecipação do que há de vir, não sabemos quando e de que forma vamos retornar à sala de aula”, frisou Maria de Fátima Cóssio, pró-reitora de Ensino (PRE) da UFPel. Ainda em discussão, a proposta não substitui os semestres letivos. Cada semestre regular possui 18 semanas de aulas, no calendário alternativo o número cai para 12. Serão dois módulos de seis semanas cada, com a possibilidade de ofertar no máximo duas disciplinas. Ao todo, quatro disciplinas serão cursadas durante as semanas.

A oferta de disciplinas será decidida conforme a realidade de cada um dos cursos, o que engloba os currículos, contextos e possibilidades de acesso dos professores e alunos. As matrículas não serão obrigatórias e os alunos que não a realizarem não terão perda no vínculo com a Universidade. “Não temos uma estrutura capaz de dar conta de todas as disciplinas para todos os 20 mil alunos de cursos de graduação e pós-graduação”, explicou Maria de Fátima. Desde março, cursos de capacitação ao corpo docente estão sendo realizados, em vista do atual cenário e da necessidade de contato com as plataformas e meios para o ensino online.

A instituição possui uma plataforma própria de atividades on-line, já utilizada pelos estudantes e professores: a UFPel Virtual. Conhecida entre os cursos com Moodle ou AVA, o espaço de aprendizado institucional é um suporte técnico e operacional para ações e atividades não presenciais. “Não temos como garantir e impor aos professores [o ensino a distância]. Nossa Universidade é presencial e não vai deixar de ser”, ressaltou a pró-reitora. Ainda segundo ela partindo do espaço virtual, os professores têm a liberdade de realizar vídeo conferências ou outras modalidades de ensino com os discentes matriculados nas disciplinas.

Como alcançar alunos com dificuldades no acesso à internet?

A pergunta é uma das principais questões levantadas quanto ao assunto. Devido ao atual contexto, os meios de acesso aos alunos são on-line o que, conforme aponta o Diretório Central dos Estudantes (DCE), já é uma forma de exclusão. A PRE sinalizou que a Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) informou os dados de alunos em situação de vulnerabilidade social. Fora isso, um questionário foi enviado aos alunos, pelo Cobalto, quanto a capacidade de acesso à internet - o mesmo foi feito quanto aos professores e técnicos. Outras perguntas como possíveis espaços silenciosos para estudo, tempo disponível e exclusividade de uso de aparelhos como notebooks e smartphones também estão sendo avaliados por formulários via Diretórios e Centros Acadêmicos dos cursos, visto o número de mães matriculadas e alunos que retornaram à casa de familiares em, ambos os grupos, permanecem em isolamento social.

Os alunos impossibilitados de acessar as plataformas não serão prejudicados, garantiu a pró-reitora. Uma parceria com empresas telefônicas para aumentar o pacote de dados de alunos e professores está em negociação.

DCE da UFPel critica falta de participação nas decisões

Na segunda-feira, o Diretório Central dos Estudantes debateu parte das propostas do calendário alternativo com a gestão da UFPel. O coordenador geral do órgão máximo de representação dos estudantes da UFPel, Hullifas Nogueira, critica a abordagem da gestão. “Nós, alunos, não fizemos parte da montagem das propostas, elas tomaram corpo em reunião com os coordenadores dos centros acadêmicos e dos cursos”, explica. A preocupação do grupo é com o processo de aprendizado e de que forma o EAD não acarretará na precarização do ensino. Nesta quarta, uma reunião com os sindicatos Asufpel e Adufpel deve ocorrer. Na quinta-feira, outra videoconferência será marcada com os estudantes dos Diretórios e Centros Acadêmicos. Ele explica que alunos dos cursos da área da educação são essenciais nesse momento - a parcela representa uma totalidade de 27% dos cursos de graduação. “Nós acreditamos na construção coletiva. Por enquanto, estamos organizando as ideias em debate para montar a nossa contraproposta”, conclui.

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