Por Cíntia Piegas
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O ano que seria de abraço após flexibilização das medidas de controle à Covid-19 também foi de discórdia. As eleições presidenciais dividiram o País, tomando conta dos debates antes, durante e após o resultado das urnas. Mas nem tudo foi briga. O 2022 trouxe a retomada da educação presencial, do trabalho, do respiro da economia. No mundo, uma guerra nos horrorizou diante dos ataques da Rússia à Ucrânia.

Na arte, perdemos talentos e vozes que inspiraram milhares de pessoas. E também encerrou-se o mais longo reinado de uma monarca no Reino Unido. Quem não se calou foi a natureza que, com sua força incontrolável, castigou cidades inteiras no Brasil, na América e no mundo. Para relembrar alguns dos momentos históricos de 2022, o DP traz a retrospectiva a seguir. Um ano tão intenso tem muito a ser registrado. Mas estes são fatos que elencamos para guardar na memória e, porque não?, provocar reflexão sobre o que vem pela frente.

JANEIRO
Covid-19 ainda assusta

Com recorde de casos de Covid-19 e medidas de flexibilização pelo País, chegam as vacinas para as crianças. De negativo, a seca que castiga a Metade Sul do RS. As temperaturas elevadas fazem até o asfalto derreter em Pedras Altas. Tanto calor e falta de chuva são determinantes para derrubar lavouras de soja, milho e arroz. Em Rio Grande, começa a escalada da violência e, em Pelotas, o lutador Maicom Falcão é assassinado. O mês marca ainda as mortes de Elza Soares e da atriz Françoise Forton. Em Minas Gerais, a queda de um paredão provoca a trágica morte de dez pessoas no Lago de Furnas. Na medicina, um homem recebeu pela primeira vez em transplante o coração de um porco, nos Estados Unidos.

FEVEREIRO
Guerra de repercussão mundial

A Rússia invade a Ucrânia no dia 23 de fevereiro, provocando a evasão em massa de moradores do País. No Brasil, a chuva devasta Petrópolis e 233 pessoas morrem em deslizamentos. Entre as perdas ilustres do mês estão o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor e o ator e dublador Isaac Bardavid. Em Pelotas, o vereador Sidnei Fagundes (PT) é vítima de acidente de trânsito, é internado e não resiste. Na política local, a 34ª Zona Eleitoral decide pela cassação do mandato do vereador José Sizenando (DEM), acusado de improbidade administrativa. Foi mês também do esporte virar caso de polícia, com o torcedor Raí Duarte, do Brasil, agredido por brigadianos em Porto Alegre, sendo internado em estado grave.

MARÇO
A piada sem graça

Em meio à devastação da Ucrânia, o deputado estadual de São Paulo Arthur Val (à época no Podemos, hoje no União Brasil) ofende refugiadas e tem o mandato cassado. No Oscar, Will Smith agride Chris Rock após o humorista fazer uma piada sobre a esposa do ator. Já na política brasileira, escândalo no Ministério da Educação afasta o titular Milton Ribeiro. No Estado, Eduardo Leite (PSDB) renuncia ao governo para tentar disputar a Presidência, empreitada que não viria a ter sucesso. Em um de seus últimos atos no Piratini, assina o contrato de início das obras do Pronto-Socorro Regional, em Pelotas. No Gauchão, o Xavante conquista o título de Campeão do Interior. A tristeza é a morte do torcedor símbolo do Farroupilha, o Trem, aos 80 anos.

ABRIL
Contorno de Pelotas é oficial

Na Antártida, o mês é de recorde na redução das geleiras. Pelo Brasil, o Carnaval fora de época no Rio de de São Paulo ocorre no mesmo mês em que o governo federal decide encerrar o estado de emergência para o controle da Covid-19, bem no período que surge a variante Ômicron. Na onda de flexibilizações, Pelotas fecha o Centro Covid. Na política, o prefeito Bebeto Perdomo (PP), de Pedras Altas, morre vítima de um infarte. Neste mês, o presidente Bolsonaro visita Pelotas e entrega oficialmente o novo Contorno de Pelotas.

MAIO
Meio ambiente em xeque

A onda de calor mata pelo menos 25 pessoas na Índia e os incêndios devastam Las Vegas. Pelo País, a Amazônia tem recorde de desmatamento; em Pernambuco a chuva deixa mortos e desabrigados. Na teledramaturgia, o Brasil se despede do ator Milton Gonçalves, aos 88. Na Lagoa dos Patos, a safra de camarão frustra pescadores. Como de hábito, servidores públicos de Pelotas e governo não se entendem e, apesar da pedida de reajuste do piso em 20,09%, Prefeitura oferece menos da metade, com direito a paralisação dos trabalhadores por três dias. Na Câmara dos Vereadores, é aprovado o fim gradual dos cobradores de ônibus.

JUNHO
Crime na Amazônia

O indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips são assassinados na Amazônia. Com a gasolina beirando R$ 8,00 o litro, o governo federal reduz o imposto de combustíveis, energia elétrica, gás natural, comunicação e transportes coletivos. Na política, Eduardo Leite, após a frustrada tentativa de concorrer ao Planalto, anuncia candidatura ao Piratini. Em Pelotas, a Fenadoce volta ao modelo tradicional após dois anos, com recorde em vendas. Junho é também mês de cortes de recursos federais nas universidades e IFSul. O luto no mês é pela morte do vereador Jair Bonow (PP), além da jovem Aísha Schaun, que lutou por anos contra a leucemia e deu exemplo de perseverança. No esporte, o Pelotas falha na tentativa de sair da Divisão de Acesso do Campeonato Gaúcho.

JULHO
Imunização para os pequenos

Morre o ex-premiê do Japão, Shinzo Abe, 67, em um atentado. No Reino Unido, o primeiro-ministro Boris Johnson renuncia. Na corrida eleitoral, Bolsonaro intensifica ataques ao sistema eleitoral brasileiro, enquanto Lula se mantém à frente nas pesquisas. No Congresso, é aprovada a PEC dos benefícios sociais. No RS, Onyx Lorenzoni (PL) oficializa a candidatura, assim como Edegar Pretto (PT), Vieira da Cunha (PDT) e Luiz Carlos Heinze (PP). A crise econômica mundial começa a se refletir no Brasil e, somada à redução da arrecadação de ICMS, prefeituras de Rio Grande e Pelotas anunciam cortes de gastos. Na saúde, o País se preocupa com a Monkeypox, que faz sua primeira vítima. O destaque local ficou para o início da vacinação de crianças com quatro anos.

AGOSTO
Entre sorrisos e lágrimas

Grandes perdas para o humor e para a televisão brasileira em agosto. Jô Soares e Claudia Jimenez se despedem, deixando o País de luto. Frente a ameaças autoritárias de Bolsonaro, entidades, personalidades e a população em geral se mobilizam em nova Carta pela Democracia. No RS, Roberto Argenta (PSC), Ricardo Jobim (Novo) e Vicente Bogo (PSB) se somam à corrida eleitoral. No futebol, a péssima temporada do Brasil culmina com o rebaixamento à Série D do Brasileirão. Na Terceirona gaúcha, um escândalo de manipulação de resultados com suspeitas sobre o Farroupilha vira investigação. A boa notícia é que Rai Duarte deixa o hospital e volta pra casa. O mês marca também o começo do Censo 2022 do IBGE.

SETEMBRO
O adeus à rainha

O mundo para em frente à televisão para ver o adeus à rainha Elizabeth II, que morre aos 96 anos, sendo 70 de reinado. Bolsonaro aproveita o encontro da ONU e as comemorações do Bicentenário da Independência como palanque eleitoral, mas Lula se mantém à frente nas pesquisas. Liz Truss tem passagem relâmpago como primeira-ministra britânica e a vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, sofre atentado. Pela Zona Sul, o mês é de campanha eleitoral de candidatos ao governo do Estado, além de Simone Tebet, que vem a Pelotas falar das propostas ao Palácio do Planalto. Na cidade, enquanto a fila para mamografia reduz em 70%, 3,4 mil pacientes esperavam consulta com urologista. Neste mês ainda, Pelotas e Rio Grande registram os primeiros casos de Monkeypox. O cinema fica em luto pelas mortes dos cineastas Cássio Pereira dos Santos e do franco-suíço Jean-Luc Godard.

OUTUBRO
Vitória da democracia

No mês em que milhões de brasileiros vão Lula é eleito presidente pela terceira vez e, no Estado, o pelotense Eduardo Leite torna-se o primeiro governador reeleito após a redemocratização. Para a política pelotense, a nota negativa é a cidade não conseguir eleger deputado estadual, mas garante a manutenção de Daniel Trzeciak (PSDB) na Câmara dos Deputados. Rio Grande também elege deputado federal, Alexandre Lindenmeyer (PT). A perda política fica por conta do ex-prefeito de Canguçu Odilon Almeida Meskó, aos 85 anos. Entre as celebridades, o Brasil se despede do pugilista Éder Jofre.

NOVEMBRO
Na trilha sonora da vida, Gal e Erasmo nos deixam

Gal Costa, Erasmo Carlos, Rolando Boldrin, Bebeto Alves, Roberto Guilherme (Sargento Pincel, dos Trapalhões), Isabel do vôlei são algumas das perdas de novembro. Assim como a ex-vereadora pelotense Diosma Nunes, aos 97 anos. Brasil afora, manifestantes com intuitos golpistas, inconformados com o resultado das eleições, passam a ocupar rodovias e acampar em frente aos quartéis das Forças Armadas. Na Zona Sul, os pedágios sofrem mais um reajuste, enquanto em Pelotas a Prefeitura anuncia redução da passagem do transporte coletivo. A liberação da vacina contra a Covid-19 para bebês é uma conquista do mês. Mas, a exemplo dos demais imunizantes, a procura é baixa. Na Câmara, Sizenando retoma o mandato. Na Lagoa dos Patos, registra-se pela primeira vez a presença de piranha-amarela, espécie intrusa na região.

DEZEMBRO
Para sempre, Pelé

A Seleção Brasileira cai diante da Croácia na Copa do Catar e a Argentina de Messi levanta a taça. Não bastasse a perda do hexa, o Brasil chora a se morte do eterno craque Pelé. Com 11 meses de guerra, Zelenski vai a Washington, onde o frio de -50ºC castiga os americanos. No outro extremo, um raio provoca um incêndio de 11 mil hectares na Reserva Ecológica do Taim. Na política, a segurança para a posse de Lula e Alckmin é colocada em xeque e a o policiamento mais que redobra em Brasília. Na política local, o vereador César Brizolara (PSB) é eleito o novo presidente da Câmara de Vereadores. Em Rio Grande, quando o número de mortes violentas quase atinge a casa das cem (99 até sexta), o Município ganha uma Delegacia de Homicídios e de Proteção à Pessoa.​