Seca
Um marco nada positivo para a história
Barragem Santa Bárbara registra seu menor nível, com 3,55 metros abaixo do vertedouro; racionamento ainda não é cogitado
Carlos Queiroz -
Uma das consequências da maior estiagem dos últimos anos está se reflete na barragem Santa Bárbara, que alcançou o triste e histórico recorde de 3,55 metros abaixo do vertedouro. Baixando diariamente cerca de dois centímetros, as pequenas chuvas do início da semana favoreceram o abastecimento que acabou reduzindo apenas um centímetro nos últimos dois dias. Em 16 municípios da região, 3.674 famílias estão recebendo água potável para consumo, segundo a Emater. Destas, 50 são em Pelotas.
Antes da seca, a água da barragem era captada através de um ponto fixo, que hoje já não está mais submerso. Com isso, a captação ocorre através de dois pontos flutuantes e as manutenções seguem no local. Segundo o diretor-presidente do Sanep, Alexandre Garcia, a autarquia está trabalhando no aprofundamento de mais um canal para conduzir a água até o ponto de captação. “Seguimos com a mesma realidade”, frisou. A água segue com uma qualidade inferior ao normal, com a turbidez cada vez mais elevada. Para tentar amenizar esse problema mais produtos químicos estão sendo incluídos no tratamento, inclusive um novo. Por segundo, 700 litros de água são captados e, após todo ciclo de tratamento, 600 litros são distribuídos - a perda representa a parte não aproveitável. Por dia, são distribuídos 50 milhões de litros de água para os pelotenses, a partir da barragem.
Garcia reafirmou que o racionamento ainda não é uma opção. “Temos água e estamos fazendo todas as melhorias”, disse. Com a chuva da madrugada de terça, cinco milímetros foram contabilizados na região de contribuição do Santa Bárbara. Já na noite seguinte foram 18 milímetros de chuva, então foi possível manter o nível. “Com essas chuvinhas ganhamos dois dias e meio no abastecimento”, dimensionou. Além disso, o diretor reforça que o decreto municipal que proíbe a lavagem de automóveis, calçadas e molhar gramados e jardins seguem em vigência e que a população deve colaborar através das denúncias, que devem ser feitas através do (53) 98421.4886 e das redes sociais do Sanep.
Perdas na região
Segundo o extensionista rural do escritório regional da Emater, Luiz Ignácio Jacques, a região já soma 500 pedidos de coberturas do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro). A maioria das comunicações são de perda nas culturas de milho e soja. Em todo Rio Grande do Sul esse número já passa de 30 mil. Até o momento 19 municípios decretaram situação de emergência na Zona Sul, mas somente 12 estão reconhecidos e homologados pelo Estado.
Com precipitações escassas, o boletim semanal da Emater relata que não houve modificações no quadro da estiagem. Na colônia de Pelotas os pequenos reservatórios utilizados para a irrigação de hortaliças e frutas, continuam com volumes muito baixos ou secos, comprometendo a produção pelo volume e qualidade da água. No último período, ocorreu chuvas insignificantes que não impactaram no volume das aguadas, seguindo o problema de falta de água. O documento salienta melhora na rebrota das pastagens nativas e cultivadas. As culturas como soja, olericultura, bovinos de leite e milho seguem sendo as mais prejudicadas.
A perda de soja já alcança 50,4% na região, sendo que Pelotas já perdeu cerca de 60% das plantações. Os municípios mais afetados são Santana da Boa Vista, Piratini, Morro Redondo, Pinheiro Machado e Pedro Osório. No tabaco as perdas totalizam 29,6%, no feijão 60%, milho grão 69% e 56,3% no milho silagem. A produção leiteira teve diminuição média na região de 44,8% na produção diária, sendo que os municípios com as maiores quedas são Morro Redondo e Piratini.
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