Exército
Um século em Pelotas e olhando para o futuro
Para celebrar o centenário da instalação do 9° BIMtz em Pelotas, cápsula do tempo para ser aberta em 25 anos será montada
Jô Folha -
O 9º Batalhão de Infantaria Motorizado (9º BIMtz), o Regimento Tuiuti, completa cem anos em Pelotas em 25 de dezembro deste ano. Com 175 anos de história, após início itinerante, foi fixado aqui em 1918, durante um momento conturbado da vida no Ocidente. E para celebrar a marca, uma cápsula do tempo será montada nesta terça-feira (30), durante formatura no Batalhão, para ser aberta apenas daqui a 25 anos.
O evento ocorre a partir das 20h e contará com a presença de autoridades ligadas ao município e ao Exército. Serão depositadas sete cartas, lacradas, cujo teor só será revelado em 2043, com textos de personalidades como a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) e o general Miotto, responsável pelo Comando Militar do Sul. Além disso, um exemplar da edição impressa do Diário Popular fará companhia às cartas. Ele será depositado pelo editor-chefe do Jornal, Jarbas Tomaschewski. A caixa será então lacrada em acrílico e contará com uma placa trazendo exposto o nome de quem escreveu os textos lá inseridos.
Durante a solenidade, ocorrerá também a formatura anual, com cerca de 600 homens. Para o atual comandante do Batalhão, coronel Eduardo Holcsik, a unidade precisa agradecer à comunidade pelotense por sua existência. "A alma desse Batalhão vem da população", ressalta. Segundo seus cálculos, considerando uma média de 400 novos soldados por ano, já foram quase 40 mil homens e mulheres do município e da região a servir ao Regimento. Atualmente, 378 soldados prestam o serviço militar obrigatório na unidade.
Para o coronel, a principal atuação social do Batalhão atualmente são as ações cívico-sociais, através de engajamento em campanhas de saúde, como vacinação e exames médicos. O Batalhão também recepciona crianças, em ações como o Soldado Por Um Dia, e eventos escolares. A Banda de Música do Exército também participa de eventos pela cidade. A assistência à calamidades é outro braço forte do Exército em Pelotas. "O Batalhão está sempre pronto e sempre apoiou a comunidade", garante, relembrando de atuações em momentos como enchentes, vendavais e até mesmo durante a falta de gasolina causada pela greve dos caminhoneiros neste ano.
Esta é a última das solenidades de aniversário em 2018. Em fevereiro, houve a celebração dos 175 anos, com a entrega do Diploma Amigo do Exército. Também foram promovidos um passeio ciclístico, uma caminhada e a apresentação da Esquadrilha da Fumaça na praia do Laranjal, em abril.
Personalidades
Duas figuras do Exército Brasileiro foram importantes na história do Regimento. O brigadeiro Antônio Sampaio, patrono da Arma de Infantaria do Exército Brasileiro, comandou o Batalhão. Ele morreu na Batalha de Tuiuti, durante a Guerra do Paraguai. Já o ex-presidente Arthur Costa e Silva comandou o Regimento entre 1946 e 1948, enquanto tenente-coronel. Posteriormente, foi o segundo presidente da ditadura militar, comandando o país entre 1967 e 1969.
História
Seu nascimento data de 1837, como Batalhão Provisório de Pernambuco, atuando como uma espécie de Guarda Nacional, tendo sido útil para a pacificação do Maranhão na Revolução da Balaiada. Sua vinda ao Rio Grande do Sul ocorreu em 1840, para Porto Alegre, reforçando as tropas imperiais durante a Revolução Farroupilha.
Em 1943, o Decreto Imperial 262, de 10 de janeiro, fez com que ele efetivamente passasse a pertencer aos quadros do Exército Imperial Brasileiro, sendo chamado de 4º Batalhão de Fuzileiros, tendo sido quando Sampaio fora transferido para o Batalhão, como comandante da 8ª Companhia destacada. A sede, naquele momento, era na Vila de Canguçu.
O Batalhão atuou até o final da Revolução Farroupilha e também participou da guerra contra Oribe e Rosas, sendo comandado por Sampaio (em 1851/52), da intervenção no Uruguai (1853/54) e da guerra contra Aguirre (1864/65). A partir de 1866, entra para a Guerra do Paraguai, tendo atuação memorável na Batalha de Tuiuti, ficando conhecido como "O Vanguardeiro".
Entre 1893 e 1895, lutou contra a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul, e em 1897 na Guerra de Canudos.
Em 1908, foi criado o 9° Regimento de Infantaria, com os remanescentes do 4° Batalhão de Infantaria. Ele teve sedes nas cidades gaúchas de Santiago do Boqueirão, Rio Pardo e Rio Grande.
Em 1918, o 9° Regimento de Infantaria passou a ter sede em Pelotas. O coronel Holcsik explica que isso deu-se devido ao momento conturbado com a Revolução Russa e a gripe espanhola, tendo havido algumas revoltas no município.
Entre as décadas de 1910 e 1930, participou da campanha do Contestado, em 1914, da Revolução Paulista, em 1924, da Campanha contra a Coluna Prestes, em 1925, da Revolução de 1930 e da Revolução Constitucionalista, em 1932.
Durante a Segunda Guerra Mundial, contribuiu com pracinhas para a Força Expedicionária Brasileira.
Em 1962, passou a chamar-se Regimento Tuiuti, em homenagem à atuação de seus componentes na Batalha de Tuiuti, em 1866.
Em 1972, recebeu a atual designação, passando a chamar-se 9° Batalhão de Infantaria Motorizado (9° BIMtz)
Nos anos de 2004, 2011 e 2015, contribuiu com tropas para a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) para a estabilização do Haiti.
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