Aposta
Um sonho familiar fazendo sucesso
Família Drawanz, do interior de Pelotas, investe em queijaria própria para superar a crise leiteira
Jô Folha -
O sonho de uma vida inteira neste ano tornou-se realidade. Por muito tempo, Denise Drawanz, moradora do Cerrito Alegre, viveu da produção leiteira e da venda de hortaliças ao lado do marido, Gilnei. Porém, no início de 2018 ela colocou em prática o projeto de inaugurar sua própria agroindústria, voltada à produção de derivados de leite, a Casa Amarela.
A realidade da família Drawanz coincide com a de muitas famílias do interior de Pelotas e da região. Casados há 25 anos, criavam vacas leiteiras e vendiam sua produção à Cosulati. Segundo o supervisor regional da Emater, Luiz Ignácio Jacques, são cerca de três mil famílias na região dependentes da produção leiteira. O momento de crise fez a família precisar diversificar e apostar em um antigo projeto de Denise. "Foi o momento em que resolvemos dar o passo", afirma.
Há cerca de 15 anos ela começou a produzir queijos e outros produtos derivados do leite em casa. Percebeu seu talento e passou a vendê-los para familiares e vizinhos. Recentemente, decidiu avançar mais e fazer cursos para aprimorar sua técnica na produção. Foi quando entrou em contato com a Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e decidiu iniciar a sua indústria.
A família buscou orientações e aprimorou a parte de cuidados com a higiene e preparo, através de cursos, além do conhecimento de legislações. Em breve receberão o selo para vender a estabelecimentos comerciais. Atualmente, a família atende sob encomendas, com Gilmar fazendo a entrega, ou diretamente no local. A agroindústria conta inclusive com um espaço já destinado à venda ao consumidor.
A Casa Amarela foi a primeira agroindústria de queijo regularizada pela SDR, segundo a técnica agrícola do órgão, Rejane Jorge. Agora, cerca de cinco outras já aguardam a legalização. Ela defende a importância de estar dentro da lei para vender com tranquilidade e evitar problemas legais. Gilmar conta que já estimula os vizinhos produtores de mercadorias coloniais a investirem na regularização de seus negócios. "Com tudo certo, dá tranquilidade e garantia para nós e para o consumidor", comenta.
Experiências
Denise garante que seu queijo artesanal, do tipo colonial, não leva qualquer adição de produtos químicos. Além disso, ela faz experiências com temperos e cria novos sabores, como queijo com pimenta, páprica e azeite, orégano. E não apenas de queijo vive a sua agroindústria. Rapaduras, ambrosias e doces de leite também são feitos. "Eu sou curiosa, estou sempre inventando coisas novas", conta a sorridente empresária.
Ela define a abertura da empresa como o melhor momento de sua vida. "Foi a minha maior alegria. Pensa numa pessoa realizada. Essa sou eu", comemora. O projeto, com o sucesso inicial do empreendimento, é expandir cada vez mais e explorar o mercado colonial e artesanal.
A pequena propriedade da família conta com apenas oito vacas. A ideia é ter mais, em breve. Quatro novilhas já estão sendo preparadas para suprir a demanda, cada vez maior. "Com o tempo, vai crescer cada vez mais", projeta Gilmar. Devido ao sucesso do empreendimento familiar, no momento eles deixaram de lado o resto das produções e focaram apenas no trabalho para alavancar a queijaria.
Os amigos e vizinhos também auxiliam na realização do sonho dos Drawanz. O time de futebol da região, o Esporte Clube Guarani, que atualmente disputa os campeonatos da Associação Colonial Pelotense (ACP), passará a contar com o patrocínio da Casa Amarela em suas camisas já nos próximos jogos. Os uniformes foram um presente de um empresário, também torcedor do Guarani e fã dos queijos produzidos por Denise. "É uma alegria muito grande tudo o que está acontecendo", define Gilmar.
Situação na região
Luiz Ignácio Jacques, da Emater, diz que o órgão está visitando produtores da região para estimular a produção. Mesmo com a crise, algumas famílias persistem na produção leiteira. Uns buscam alternativas, outros falam em desistir, mas muitos migram para outras alternativas.
Segundo Jacques, muitos produtores de leite estão passando a investir em gado bovino de corte, por exigir menor mão de obra. Assim, aproveitam as pastagens que tinham. "É uma boa alternativa", defende.
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