Por Júlia Müller - [email protected]
(Estagiária sob supervisão de Débora Borba)

Pelotas possui o maior número de residências na Região Sul com painéis solares. São 226 casas que usufruem daquele que “está para todos”: o sol. Do início de 2018 em diante, o número de pessoas que decidiram aderir aos meios de energia renovável aumentou consideravelmente. A Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) estima que nos últimos seis meses cerca de 140 casas por mês realizaram a solicitação para a instalação.

A concessionária possui cobertura em 72 municípios da Região Sul do Estado. Destes, cerca de 800 lares possuem o painel solar, que capta a energia durante os dias ensolarados e armazena para a utilização. “Nos últimos anos nós conseguimos observar uma aceleração significativa no mercado”, ressalta Gustavo Schneider, eletrotécnico da Companhia. Segundo ele, o principal objetivo dos usuários é baratear o custo das faturas mensais de energia. Independentemente da quantidade de quilowatts consumidos ao mês, a cobrança é única: apenas a taxa que representa o custo de disponibilidade. O valor aproxima-se de R$ 90,00.

Morador do bairro Areal, o médico Robinson de Oliveira instalou o sistema há cerca de um ano. A economia nas contas mensais ocorreu logo no primeiro mês. O que custava cerca de R$ 500,00 baixou para o custo mínimo. “Se eu tivesse outra casa, colocaria também”, conta. Em dias mais longos a produção é maior, o verão é a época do ano em que a energia acumula mais saldo. Todos os quilowatts produzidos são enviados à rede de distribuição da concessionária e aqueles não utilizados aparecem na fatura como uma espécie de crédito, que pode ser usado com validade de cinco anos.

A decisão de aderir aos painéis solares também foi influenciada pela possibilidade de utilizar uma energia mais limpa, assim como foi com Joseph Murray. Professor na Universidade Federal de Pelotas, ele aderiu ao sistema há dois anos. “É um privilégio para quem tem como fazer esse investimento”, avalia. Hoje, na casa em que mora com a esposa e os filhos, a produção de energia chega a ser maior que o consumo. No mês de outubro, por exemplo, a injeção de energia na rede foi de 396 quilowatt-hora, enquanto o consumo foi de 323. Ao todo, na fatura estão 2,1 mil kWh de saldo acumulado. No inverno, o uso é maior que nas demais épocas do ano. Desta forma, a produção de uma estação acaba por compensar as demais.

Custos
O valor para a instalação em residências que consomem entre 200 kWh e 600 kWh é de R$ 15 mil a R$ 25 mil, conforme projetou Ricardo Martins, proprietário de uma empresa que oferece o serviço. De acordo com uma estimativa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a compensação desse valor ao consumidor ocorre em cerca de quatro anos. A empresa ainda estuda a possibilidade de mudança nas regras de cobrança para esses casos, fator que poderá aumentar a compensação em alguns anos.

O mercado é crescente. Há dois anos Ricardo trabalha com o ramo e avalia o crescimento em 100% nos pedidos de instalação. “Também vejo um aumento de empresas do ramo. São mais empregos sendo gerados, é uma movimentação no mercado”.

Como solicitar
O cálculo para avaliar a quantidade de potência de produção dos quilowatts de energia é feito com base no histórico de consumo de 12 meses. Um projeto deve ser encaminhado para a CEEE, que avalia a compatibilidade de carga com a necessidade de energia do local. Depois disso, um responsável técnico realiza uma avaliação pessoalmente. Quando recebido o aval, a instalação pode ser solicitada à empresa privada de escolha do usuário. Por fim, a companhia retorna para fazer uma vistoria.