Saúde
Uma espera angustiante
Mais de três meses após realização de biópsia, paciente ainda aguarda o resultado; após o contato da reportagem, uma consulta foi agendada
Reprodução -
Angústia é a palavra que resume os últimos meses da Bárbara Lira. Desde abril esperando o resultado de uma biópsia do colo do útero, a telefonista não consegue contato com a Faculdade de Medicina (Famed) nem com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Após o Diário Popular fazer contato com a pasta e com o ambulatório, uma consulta ao ginecologista foi marcada para a próxima quarta-feira (24).
Tudo iniciou nos exames de rotina, realizados em dezembro de 2019, na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Simões Lopes. Em meados de janeiro, Bárbara, de 43 anos, foi chamada na UBS, pois o pré-câncer havia apresentado alteração. “Me explicaram, mostraram o laudo e disseram que pediriam outro exame”, completou. Então, uma colposcopia - coleta que indica inflamação ou presença de doenças como HPV e câncer - foi solicitada, porém a médica afirmou que seria apenas uma checagem de rotina, já que a faixa-etária de Bárbara não teria sido contemplada com a vacina do HPV.
A telefonista saiu da UBS já com o encaminhamento para o exame, mas somente em março foi chamada para efetuar a coleta. Depois de aguardar mais de quatro horas na Famed para a realização da colposcopia, o médico disse que não tinha nenhum registro dela, nem acesso à ficha da paciente. Depois de muito diálogo, insistência e apresentação de uma foto que mostrava a solicitação do exame, ele foi realizado. Porém, um detalhe: no ambulatório, o médico que estava lhe atendendo informou que aquilo se tratava de uma biópsia. “Fiquei desesperada, para leigos isso não é um bom sinal”, disse. Depois de tudo supostamente resolvido, a próxima consulta, que ela saberia o resultado da análise, ficou marcada para o dia 28 de abril. Próximo a essa data, o atendimento foi desmarcado em função da pandemia. Desde então, Bárbara não sabe o que a biópsia apontou e não conseguiu mais contato com o local. “Me preocupo com quem está numa situação mais grave, quantos estão passando por isso”, questionou.
O que diz a SMS?
A reportagem fez contato com a SMS, que acessou a ficha de Bárbara e explicou que sob responsabilidade do município estava somente o encaminhamento à primeira consulta, que ocorreu no dia 17 de março. “A regulação marca a primeira consulta, que é encaminhada via UBS, que foi a que Lira já teve”, explicou a diretora da Atenção Especializada e Hospitalar da SMS, Fernanda Lessa. Segundo ela, como o serviço ficou suspenso pelo decreto municipal, em função da pandemia do novo coronavírus, a marcação do retorno acabou não ocorrendo, e o resultado teria ficado pronto recém no início desta semana.
O Diário Popular também questionou o setor do HE responsável pelo serviço e foi informado pela chefe da divisão médica do hospital, Cristiane Neutzling, que devido ao primeiro decreto municipal todos os atendimentos eletivos foram suspensos, mantendo apenas os essenciais, como por exemplo o setor de oncologia. No dia 8 de maio, um novo decreto foi emitido, permitindo que as atividades eletivas fossem retomadas, porém o ambulatório acabou priorizando algumas especialidades. Cristiane garante que o atraso ocorreu por isso e que não há falha do HE neste caso, visto que no momento em que o setor de regulação da SMS solicitou a prioridade deste atendimento ele foi resolvido.
Caso incomum
Tanto o presidente do Conselho Municipal de Saúde, Luiz Guilherme Belletti, como o presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador Marcola, disseram ser um caso isolado, pois os resultados levam em média 15 dias. Belletti explica que antes a demora ocorria mais seguida, pois muitos exames eram analisados fora do estado, o que não acontece mais.
O presidente deixa a dica de que sempre que houver problema o paciente entre em contato com a ouvidoria do local responsável. Também frisou que o Conselho está de portas abertas à comunidade, na rua Três de Maio 1.060, sala 203. O contato também pode ser pelo (53) 3227-6555 ou (53) 99118-1941. Marcola conta que a Comissão recebe inúmeros pedidos e todos são encaminhados à SMS. “O que demora, muitas vezes, é pela fila, mas geralmente os resultados são rápidos”.
O legislador salienta que nesse momento é importante levar em consideração a pandemia, pois devido a ela muitos exames estão suspensos e isso acaba dificultando o acesso da comunidade ao serviço.
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