Reclamação
Uma espera por atendimento que só dá prejuízo
Clientes da CEEE Equatorial relatam demoras na ligação de energia que chegam a passar de um mês
Carlos Queiroz -
O sentimento é de indignação entre clientes da CEEE Equatorial que buscam solução para que possam ter abastecimento de energia. O motivo é a demora da companhia em atender aos pedidos de ligação ou religação. Em alguns casos, os relatos são de esperas de semanas ou até mais de um mês. Além de prejuízos, os consumidores alegam que a situação tem causado desgaste emocional.
É o caso do Andrez Acosta, 31, que espera a ligação de luz em sua academia desde o dia 22 de fevereiro. A intenção era abrir o estabelecimento no começo de março, mas os planos tiveram que ser alterados devido à falta de atendimento da CEEE Equatorial à demanda. Com a placa na frente do prédio, o educador físico conta que neste período vários clientes entraram em contato em busca de informações sobre matrículas. Indefinição que, segundo Acosta, já provocou até crise de ansiedade.
“A pior parte para mim é o nome, Estou me queimando, pois as pessoas ligam e parece que estou dando uma desculpa furada. São futuros alunos que estou perdendo, fora que esse pessoal vai procurar outro lugar, não vai me esperar o resto da vida”, diz.
Ele conta que desde que fez o pedido à empresa já foram realizadas quatro vistorias. Na última, semana passada, teria sido avisado que, finalmente, tudo estaria de acordo para que a ligação ocorresse em até três dias. Se cumprido o prazo, a expectativa é que consiga iniciar os trabalhos em abril, buscando reverter a expectativa frustrada de colher os frutos da nova academia já em março, recuperando o investimento de R$ 5 mil.
Mais prejuízos
A loja da Fabiana Aguiar, 45, ficou 18 dias fechada. No início do mês, ao chegar no local, teve o medidor de consumo de energia furtado. Ao entrar em contato com a CEEE Equatorial, foi informada que seria necessário um boletim de ocorrência policial para a religação do serviço. Com o documento pronto, entrou novamente em contato para protocolar o pedido. A partir daí, ao invés de solução, lidou com a espera e os prejuízos.
A porta do estabelecimento é eletrônica e, sem luz, não era possível acessar o interior do imóvel onde estavam itens como o computador pessoal e os cartões bancário e de crédito, além do faturamento da semana. Por conta disso, diz ter enfrentado problemas financeiros e precisado contar com ajuda financeira da família para se manter. “A gente já vem de uma crise, estávamos apostando tudo em março e fiquei 18 dias com a loja fechada”, conta.
Fabiana buscou o Procon duas vezes em busca de respostas ao problema. Ela acredita que a atuação do órgão possa te contribuído, pois na quarta-feira passada esteve no serviço de proteção ao consumidor e, um dia depois, o abastecimento de energia foi normalizado. Ainda sem conseguir calcular prejuízos, a empresária disse que pretende entrar com uma ação judicial contra a distribuidora de energia.
Direitos do consumidor
Coordenador executivo do Procon Pelotas, Enéias Clarindo conta que o órgão tem recebido reclamações sobre a companhia e que sempre acabam resolvidas. Ele destaca que o órgão atua na esfera administrativa e, caso não seja resolvido o impasse, os clientes podem buscar apoio judicial. “A CEEE está com problemas operacionais que cabem à agência de energia reguladora apontar as metas a serem cumpridas”, comenta.
Segundo Lucas Conceição, professor da disciplina de Direito do Consumidor da UCPel e coordenador do projeto de extensão Balcão do Consumidor, além de bancos, problemas relacionados à energia elétrica estão entre os casos de maior reclamação. Aproximadamente 30% dos atendimentos mensais no serviço da universidade são relacionados ao assunto. Ele diz que, conforme o Código de Defesa do Consumidor, serviços públicos considerados essenciais como energia elétrica não podem sofrer interrupção, salvo por falta de pagamento.
A exemplo do Procon, o professor orienta que, em casos de demora, os clientes podem acionar judicialmente a companhia pedindo a ligação. Neste caso, para pessoas que não podem pagar um advogado, o caminho é o Procon, a Defensoria Pública ou os serviços de assistência jurídica das universidades. Conceição ressalta que, em algumas situações, pode haver pedidos de indenização.
Contraponto
Em nota, a CEEE Equatorial nega que haja demora nas ligações de energia e argumenta que segue aspectos regulatórios em conformidade com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Sobre os casos citados na reportagem, a companhia diz não ter conhecimento.
Ainda segundo a empresa, caso seja identificada inconformidade ou necessidade de construção de rede, os prazos são de 30 dias para elaborar os estudos, orçamentos e projetos para obras e de 60 a 120 dias para concluir as intervenções em locais de baixa tensão, a depender do caso e de sua complexidade. “Os pedidos de ligação de energia que não tenham necessidade de obras de melhorias na rede de distribuição devem ser vistoriados, conforme regulamentação, no prazo de três dias úteis para zonas urbanas e cinco dias úteis para zonas rurais para clientes do grupo B (residências e pequenos comércios). Conclui-se, então, que seguindo as normas da Aneel, o prazo total entre o ingresso do pedido e a ligação definitiva variam de 5 até 120 dias úteis, dependendo de cada caso”, diz a distribuidora.
Onde buscar apoio em caso de problemas
Balcão do consumidor UCPel
WhatsApp: (53) 98147-1619
* São atendidas pessoas de famílias que possuem renda de até dois salários mínimos
Procon
Telefone: (53) 3305-3505
WhatsApp: (53) 99113-9182
E-mail: [email protected]
* Atendimento presencial somente perante agendamento: De segunda a sexta-feira das 8h às 14h
CEEE Equatorial
Telefone: 0800-721-2333
Agência virtual: servicos.ceee.com.br/agenciaweb
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