Solidariedade
Uma mão ajuda a outra
Ações solidárias buscam amenizar dificuldades sociais neste final de ano
Jô Folha -
Enquanto para muitos o final deste ano vem sendo um momento para revisar o passado e planejar o futuro, para outros as dificuldades do presente é um impedimento para sair do agora. Os desafios sociais e financeiros, piorados e revelados pela pandemia da Covid-19, vem motivando e fortalecendo ações solidárias em Pelotas e, mesmo passado o Natal, uma rede de solidariedade vem se estendendo nos últimos dias de 2021 para levar o espírito natalino ao máximo de pessoas possível.
Com o aumento dos itens essenciais, como cesto básico, gás e luz, a ceia natalina ficou ainda mais distante este ano para muitos pelotenses. É o caso da trabalhadora em reciclagem, Valéria Cardoso, que com dez pessoas em casa e apenas três adultos beneficiados pelo Auxílio Brasil teve qualquer comemoração na noite do dia 24 inviabilizada. Moradora na região do canal Santa Bárbara, no Fragata, ela viu na ceia comunitária dos projetos Reis Magos e Dai-lhes Vós Mesmos de Comer a oportunidade de levar a família para celebrar a data cristã no último domingo. "Essa é a única ceia que fiz, as coisas estão muito difíceis, esse ano foi horrível. A gente depende de doação, vive delas", conta.
E mesmo tendo pouco, a solidariedade entre os vizinhos da catadora é uma máxima. Por isso, ao saber da realização da ceia, chamou a vizinha, Cila Beatriz Teles, para que ela também levasse sua família. Ocupando duas mesas, as duas, que compartilham a mesma ocupação e as dificuldades, celebraram o Natal junto às demais famílias e pessoas em situação de pobreza, de extrema pobreza e de rua, no largo da antiga estação férrea. Uma grande festa, com desconhecidos que conhecem as mesmas dores e dificuldades.
"Eu não fiz nada [no Natal], com R$ 1,1 mil, as pessoas acham que é muito, mas não é muito. Olha a careza do óleo. Um litro de leite, a minha neta toma duas caixas por mês, às vezes ela me olha e pede um leite quentinho, de vez em quando não tem. Ofereço café e ela diz 'não, não quero', e ela só tem três anos", desabafa Cila Beatriz, que, assim como Valéria, recorreu ao fogão a lenha, apontando que se comprar o gás, não terá o que comer.
Idealizadora do projeto Reis Magos e uma das organizadoras da ceia comunitária, Messina Medina, que também é professora da rede municipal, explica que, desde junho deste ano, também atua no projeto da paróquia Sagrado Coração de Jesus, a Igreja do Porto, Dai-lhes Vós Mesmos de Comer, e, com o contato, surgiu a ideia de unir as duas propostas em 2021. "Há mais de dez anos os meus alunos faziam a cartinha para o Papai Noel e eu buscava, entre os meus amigos, para que eles adotassem as cartinhas e dessem os presentes para as crianças. Então esse ano nós resolvemos juntar os projetos", afirma.
"Nós preparamos o alimento na igreja e em vez de distribuirmos as marmitas, resolvemos servir uma ceia para essas pessoas. Pessoas carentes, em situação de rua, todos aqueles que chegarem. Para nós, que fazemos parte do projeto, cada pessoa que está aqui, cada criança que recebeu presente, cada pessoa que hoje vai receber o alimento, é Jesus para nós, a face desse Cristo nascido no Natal", acrescenta Messina, sobre o evento que serviu galeto, salada de massa, farofa, pão, refrigerante, panetone, fruta, bolo, doce e balas, preparado para receber 300 pessoas.
Ações devem seguir nos próximos dias
Doações de alimentos e brinquedos para pessoas em vulnerabilidade seguirão nos próximos dias. Na próxima quinta-feira, bairros como Pestano, Getúlio Vargas e Navegantes terão ações para finalizar o 2021.
"A pandemia serviu para a gente enxergar que as pessoas estavam precisando da gente. Hoje, por exemplo, nós percebemos que tem famílias que passam fome todos os anos, que não tem sido fácil para ninguém. Nunca foi fácil e a pandemia chegou para piorar ainda mais a situação dessas famílias, por eles não poderem sair para trabalhar, entre aspas, que é sair para catar material reciclável para poder se sustentar, para poder levar para a casa o café da tarde pelo menos para servir de almoço para eles. Então é uma situação bem delicada", analisa o presidente do projeto Jovens Atletas, Carlos Oliveira.
Ele avalia também que 2022 será um ano de muitos desafios e que a onda de solidariedade precisa seguir para essas pessoas. "A fome acontece todos os dias. A gente ficou impactado com uma criança. Perguntamos o que ela queria de Natal e ela queria comida para dentro de casa, porque para ela um brinquedo não faria falta, o que faria falta é ter um prato de comida na mesa para poder matar a fome", destaca Oliveira.
Confira as ações para os próximos dias e como ajudar
Central Única das Favelas (Cufa) - Navegantes
Quinta-feira - 17h
Distribuição de cestas básicas na sede da Cufa
Para contribuir: contato com Michele pelo (53) 98445-9125
Jovens Atletas - Getúlio Vargas
Quinta-feira - 14h
Distribuição de enxovais para gestantes
Quinta-feira - 16h
Distribuição de brinquedos e alimentos no assentamento da Sanga Funda
Para contribuir: contato com Carlos pelo (53) 99192-0441
Chave Pix: (53) 99192-0441
Grupo Renovação - Pestano e Getúlio Vargas
Quinta-feira
Distribuição de brinquedos pelos bairros
Para contribuir: contato com Marta pelo (53) 99175-0710
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