Saúde

Vinte anos de atendimento aos soropositivos

Serviço da UFPel é referência na região para os portadores de HIV/Aids

Paulo Rossi -

O Serviço de Atendimento Especializado aos portadores de HIV/Aids (SAE), prestado pelo Hospital-Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE-UFPel), está completando 20 anos. Há pelo menos um década, é referência na área e recebe pacientes de toda a Zona Sul. Dentre as peculiaridades do atendimento, destacam-se o tratamento adequado, a agilidade e o acolhimento.

O trabalho é feito em rede. Assim que o paciente descobre ser portador do vírus, é encaminhado ao SAE para iniciar o tratamento. O teste rápido para HIV está disponível em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e no Centro de Especialidades. O serviço é prestado na Faculdade de Medicina da UFPel, localizada na avenida Duque de Caxias, 250. É lá que o paciente tem acesso a medicamentos, como o antirretroviral.

Os portadores de HIV/Aids têm baixa imunidade e, por isso, estão mais suscetíveis a infecções oportunistas. Para tratar essas patologias, amenizar efeitos colaterais da medicação e investigar doenças associadas, existe o Hospital Dia. O serviço funciona no HE-UFPel (rua Professor Araújo, 538) e conta com uma equipe multidisciplinar. O objetivo é diagnosticar e atenuar o problema antes que ele se agrave.

Neste modelo de atendimento, o paciente não precisa ficar internado. "Eles vêm até o hospital, recebem a medicação, fazem exames e podem voltar para casa", explica a médica Adrienne Sassi. No período em que está sendo atendido, o paciente recebe alguma refeição ou lanche. Também conta com apoio da equipe formada por três médicos, um enfermeiro e dois auxiliares de enfermagem.

As conversas e o incentivo para seguir o tratamento são essenciais para os pacientes. Quem garante é Elaine da Silva, 56, atendida pelo SAE desde o início das atividades. Ela descobriu ser portadora do vírus há duas décadas e diz ter sido infectada através de uma transfusão de sangue. "O início é muito difícil. A gente tem vergonha até de mostrar o resultado para o médico", fala.

Desde o diagnóstico, Elaine faz tratamento psiquiátrico para depressão. "Tem horas que a gente entra em parafuso... Só a doutora consegue me acalmar", revela, referindo-se às médicas do HE. Ciente da importância do apoio, ela busca conversar com outras pessoas que passam pela mesma situação. "A gente tem que se ajudar. Eu me sinto bem sabendo que ajudei outra pessoa a seguir o tratamento."

Além do vírus
Uma das coisas que mais incomodam Elaine é o preconceito. "As pessoas acham que isso nunca vai acontecer com elas", aponta. A falta de informação sobre as formas de contágio também contribui para aumentar a discriminação. Para a médica Adrienne Sassi, a rede de saúde ainda está muito despreparada para atender a esta parcela da população. "O preconceito por parte dos colegas da saúde é algo que a gente lamenta muito", diz.

O acolhimento e a ausência de barreiras fazem do SAE um local tão querido pelos pacientes. "O atendimento aqui é maravilhoso", resume Elaine. Ela acredita que se não fosse o apoio prestado pela equipe do hospital, já teria abandonado as medicações. Os profissionais explicam a importância de manter o tratamento regular e de comparecer às consultas. "Tudo o que eles mandam, eu faço", brinca.

A possibilidade de receber atendimento sem precisar alterar sua rotina também contribui para o bem-estar dos pacientes. Elaine recorda que, mesmo quando trabalhava, conseguia manter a regularidade no tratamento. "Esta é a vantagem do Hospital Dia", comenta Adrienne. Além de ser mais adequado para os pacientes, é bom para o sistema. "Hoje, é cada vez mais difícil ter leitos para internação no SUS", afirma.

Como funciona o serviço
- O primeiro passo é realizar o teste rápido.
- Se o resultado for positivo, o paciente é encaminhado ao SAE e passa a ser atendido na Faculdade de Medicina.
- Caso haja intercorrências, o paciente é atendido no Hospital Dia. É necessário encaminhamento médico para este serviço.

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