Editorial

Compromisso social

Há exatamente uma semana, este Editorial narrava a indignação que havia se instalado entre os pelotenses, e dentro do Jornal, a partir da triste notícia da morte da menina Larah Silveira de Oliveira, de apenas 98 dias, cuja luta da família pelo tratamento foi mostrada em primeira mão pelo DP e causou repercussão estadual na sequência. Graças a uma burocracia burra, gerenciada por quem parece enxergar apenas planilhas e protocolos, Larah ficou sem o tratamento necessário e não resistiu. Não teve respeitados dois direitos essenciais: o acesso à saúde e, principalmente, a oportunidade de viver. Um caso, aliás, que não pode ser esquecido. Afinal de contas, de quem é a responsabilidade pelo descumprimento dos vários despachos judiciais em favor da menina? Quem são os gestores de saúde locais, da capital ou do governo do Estado que poderiam ter feito diferente e não o fizeram? São perguntas que ainda precisam ser respondidas.

Hoje, no entanto, a notícia agora é diferente. Mais uma vez, a equipe de reportagem tornou público, na quarta-feira, caso de cidadã pelotense que, diante de um sério problema de saúde, fica presa a trâmites incompreensíveis, temperados por boa dose de insensibilidade. Com dores lancinantes por conta de endometriose e outras complicações, Mariana Borba, de 28 anos, está há meses aguardando por uma consulta e cirurgia para livrar-se do sofrimento que a mantém permanentemente medicada e em repouso, sem poder dar sequência à sua vida.

Pois diante da inoperância do sistema público, que chegou a desmarcar o atendimento de Mariana às vésperas da consulta médica e não dava nova data - e, aliás, só entrou em contato com a paciente ontem para agendamento, após o caso vir à tona no Jornal -, foi a solidariedade e comprometimento com a saúde que fizeram com que médicos e equipe do hospital Clinicanp entrassem em contato com o DP para informar ao Jornal e a Mariana que ela terá todo o suporte. Consultas, exames, cirurgia. O que for preciso para que volte a viver, e não apenas sobreviver.

Se há uma semana lamentávamos o final trágico de uma história que contamos na esperança de, em breve, trazer boas novas, desde ontem celebramos o resultado positivo da reportagem que conectou Mariana a uma equipe que compreende o tamanho do seu sofrimento. Um exemplo de compromisso social.

Com Larah, infelizmente, não tivemos como mostrar aos pelotenses os próximos passos de seu tratamento e um final justo _ mas seguiremos atentos para que a sociedade saiba o que acontecerá com quem lhe negou a chance de viver. Porém, vamos nos inspirar na equipe do hospital e ganhar ainda mais fôlego para o nosso compromisso social, acompanhando os próximos passos de Mariana e de todos que lutam por uma saúde resolutiva, mais inteligente e empática, menos burocrática e fria.

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